Dia estrondoso das águas essenciais.
Mais bravo que todos os mares,
grunhe, rosna, uiva o vento,
muda a voz para mais grave,
arranca portões e não freia.
Nas laterais da antiga aldeia,
ancoram-se as coisas.
Vivos e mortos desertam,
mortos e vivos despertam,
bonecos num museu de cera,
impressionam, nada falam.
No céu do vitral da cripta,
nem completamente luz
nem completamente escuridão.
A minha visão concentra-se
sobre o vaso e sobre o pão ázimo,
onde o tempo e o espaço
de certa forma estão contraídos.
No centro,
o drama do Gólgota
é representado ao vivo.
No centro,
deixo-me ficar,
à espera de ganhar vida,
contraindo os lábios para não chorar.
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