Poeta num mundo caótico
Cada linha que eu escrevo é um código
Decifre quem quiser
Ou decrife quem puder
De cifra à quem cantar
De cifrão à amar
Pois quem ama não ama o dinheiro
Mas o ódio tá num letreiro
E ele brilha mais que todos os cartazes que clamam pelo bem
Sigo na trilha onde minhas frases chamam algo mas nada vem
Chamo amigos mas ninguém vem
E a culpa é toda minha
Tentei entender o espelho
E acho que consegui
Me afastei de tudo e a solidão eu concebi
E agora eu to aqui
Escrevendo sobre coisas que eu nem sei explicar
Pedir pra mim mesmo não basta, então ao vazio eu tento suplicar
E como já era de se esperar
Ele não me responde, pois eu já sei a resposta
Ignorar meus desejos é tudo o que resta
Mas a esperança é sempre contraria à tudo
Talvez ela varia no luto
Mas eu ainda tô vivo
À indiferença do universo eu ainda sirvo
Um eterno servo
Até que a morte à mim chegue
Ou até que algo me cegue
Mas aí eu pelo menos vou sorrir, ignorando o realis
Vou ser fútil me doando aos males
Males tão bons enquanto duram
Mas eles só são anestesia, nunca curam
A ferida é eterna
E pro relógio do corpo parar
A pilha da vida tem que acabar
Se um dia eu querer acordar
Não vai ser com um despertador
E sim depois de um sonho que da à vida sua cor
O motivo da caça se da ao predador
A necessidade de manter a existência
É maior do que a múltipla falência
Falecem, perecem, sinônimos que rimam
Um tempo verbal liga palavras que agora signos viram
Mas se até a linguagem é confusa
Como explicar o ego que nos usa
Da falta de lógica o mundo abusa
A herança prodiga que se reusa
E a maldita paixão, que pra algum lugar me induza
Mesmo que seja traiçoeira como o olhar de Medusa
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