Acordei naquele sábado ensolarado de outono com as cortinas do quarto abertas, mostrando um céu azul e quase sem nuvens, mas ainda assim a luz parecia uma pouco mais fria do que demonstrava. Quando o cheiro do perfume dela tomou conta do quarto e eu não percebi? Isso não importava, pois sempre gostei do “cheiro dela”.
Um longo banho juntos para começar bem o dia e um plano sem rumo para coroar o que haveria de ser mais um dia na melhor companhia do mundo. Já tive paixões mais arrebatadoras, mas nenhuma me fazia tão feliz quanto ela, e por isso era a melhor companhia que poderia querer naquele plano sem rumo.
A caranga com tanque cheio, alguns snacks na mala, um pouco de cerveja e dois maços. Estávamos abastecidos para conquistar o mundo, o nosso pequeno mundo de alegrias cotidianas que fazem a diferença nessa vida.
O barulho do motor sozinho na estrada era o chamariz para novas aventuras, e que sorte tínhamos em ter o céu azul e o sol como aliados naquele dia onde o plano era não ter um plano.
Ouvindo Cash, ela reclinava o banco e colocava seus pés sob o painel, acendia um cigarro, me dava uma das mãos e assim seguíamos rumo ao nada, rumo ao nosso tudo, rumo a nossa historia.
Algumas horas depois, em uma parada imprevista no meio do nada, deitados sob o capô, ela com um Bukowski nas mãos, eu com uma cerveja e ouvidos perdidos naquele pedaço do Éden esquecido sob a terra. E ali refiz meus votos com a vida, de que as coisas mais simples podem ser as mais significativas, as mais importantes memórias que levamos rumo ao futuro incerto, tão incerto quanto aquela road trip.
E assim escrevemos um trecho da nossa historia, com uma estrada vazia, velhas guitarras tocando, um mundo de possibilidades, e a escolha de estarmos ali.
Pedro Alexndre
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