Um conceito tão amplo, tão grandioso, que confunde vidas inteiras, e quão presunçoso eu seria em achar que sei o que é essa tal de felicidade?
Lembro dos passeios no parque ao entardecer, do cinema vazio, das madrugadas pela rua, dos amassos no carro, da festa na piscina, da viagem a praia, dos doces pós-sexo e da pizza requentada do dia seguinte. Tenho em minhas memórias tantas felicidades, que seria incapaz de lista-las. Ainda busco com o mesmo brilho no olhar da primeira vez que saímos encontrar o meu caminho diante dessa vida que insiste em passar cada vez mais rápida. Não sei se são essas pilhas novas ou o mundo que está acelerado demais, e espero que sejam apenas as pilhas.
Hoje entendo que faltou um abraço mais apertado naquele dia frio onde seu chefe descontou todos os problemas do escritório, entendo que era para ser um final de domingo debaixo da coberta, ouvindo a chuva, assistindo um filme de drama e comendo pipoca com guaraná. Diante das minhas falhas, pedi perdão, mesmo que não a veja desde aquele ultimo e fatídico encontro onde discutimos. Pedi perdão aos ventos, esperando que eles o levem até seu destinatário. Falhei em ouvir mais, trabalhar menos. Falhei em rir mais, me preocupar menos. Não vi seus vestidos comprados para ocasiões únicas, não pedi um cafuné nas horas de maior estresse.
Os mesmos ventos que levarão meu perdão, são os que me empurram a novas empreitadas. Enquanto o relógio está correndo, icei minhas velas e zarpei rumo a minha tão zelosa liberdade de sentimentos. Essa liberdade na qual sempre foi uma incógnita, que sempre foi meu refúgio. Eu parti, no início sob nuvens escuras, mas hoje caminho com paz, a mesma paz que me leva a crer que a tão felicidade tem muitas faces. Ela se mostrou nos toques, nos beijos, no afeto, se mostrou como uma companheira, como um amigo, como uma viagem solo. O mundo é grande demais, desejo conhecer muitos caminhos, e espero nunca estragar o jardim de ninguém. Se o fiz, que me perdoe, pisei na grama sem saber, mas deixo aqui minhas memórias, meus aprendizados, as ferramentas que servirão para que esse jardim floresça na próxima primavera. A felicidade, por mais clichê que pareça, está na satisfação das nossas escolhas, está na leveza de nossas culpas, na sinceridade de nossas desculpas, no amor com que saem de nossos olhos.
Não sou um velho e sábio monge, nem um escritor romântico, mas se o mundo me permitir, essa é minha definição de felicidade, esse será o norte que me guiará daqui até outras vidas.
Pedro Alexandre
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