VERSOS SINGELOS
Um pouco de inspiração
E caneta na mão
É um estado de oração
No ritmo do coração.
A porta é esta.
Você sabe e atesta
Veja, há luz na fresta!
Se abrir será tudo festa.
Escrever eu vou
E preciso de silêncio
Para ouvir a voz que já chorou
E não tinha lenço.
Escrevo meio a esmo.
Quem lerá não importa.
Ser leitor de si mesmo
Abre qualquer porta.
Para um romântico
Qualquer cântico
Evoca a bela
Que dança como a luz da vela.
Parabéns para você.
Nunca vou te esquecer.
Estou à sua mercê.
Este é meu parecer.
Fazer-te feliz
É minha maior felicidade.
Plástica na tua cicatriz.
Cirurgião sem universidade.
A vida para mim olhou
E uma letra mudou.
Era preterido,
Agora sou preferido.
É a mesma coisa ler
E falar.
Basta cuidado para não calar
Quem quer ver.
A flor prefere o jardineiro.
A chave prefere o chaveiro.
A porta prefere o porteiro.
Gente prefere dinheiro.
Um banco de praça vazio
Inspira o poeta
Assim como o assovio
Daquela bicicleta.
Fico contente
Ao escrever.
Não existe corrente
Que me impeça de ser.
A montanha é alta
E o poeta faz do verso corda
E então se exalta
Para ver e acorda.
Tudo que escrevo
É como o relevo.
Torna menos monótono
Ver o mapa inteiro.
Vou escrever
Para conquista-la.
Não quero saber
De ante-sala.
Escrevo versos
Não pelos inversos,
Muito pelo contrário,
Conheço bem o itinerário
Jóia rara na pedra encrustado
Fui por ela encontrado
E meu brilho libertado.
Lapidado coração dela ilustrado.
Não sei o que fazer
Para dar certo.
Mas uma coisa pode ser,
Vou escrever até no teto.
Não rimo à toa
E a proa
Mira o Norte.
Há de ter muita sorte.
Às vezes a rima escapa
Como do anzol a carpa.
Fugiu,
Nadando no imenso rio.
Viver a flor de outrora
Só se for outra hora.
Agora vivo a flor do futuro
Incerto mas maduro.
Seguir os sinais,
Há de ter paciência,
Mas contêm mais ciência
Que quaisquer anais.
Fitas de amor,
Não faça fita,
Vá com ardor
Para essa conquista.
O telefone toca
E tudo evoca
E a gente se toca que ama
Porque pula da cama.
A campainha toca
E a gente se toca
Que está na toca
Livre como foca.
O carneiro dá a lã
Para alegria da gata Lã.
Cena mais sã
Só lá em Amsterdã.
Estão a procurar
A partícula elementar.
Mas e se elementar
For um par?
A música soa
E a gente se toca
Que nos toca
Porque nada é à toa.
Leite com nata,
Sereno na mata,
Som de cascata.
Música para serenata.
O médico medica
E se dedica
E o diagnóstico é claro:
- Tu és poeta meu caro.
Dizem que o pensamento
É mais veloz que a luz.
Este é o encantamento
De um pensar que reluz.
A luz acende
E o pensamento dispara.
Veja se entende
E não diz para.
Matéria ou energia
Já era
Agora a sinergia
É vibrar com a galera.
O Princípio da Incerteza
É atual com certeza.
Se estou com você
Não importa a quantas andamos
E se ando com você
Não importa onde estamos.
A mente emite ondas
Num mar eletromagnético.
Experimentemos rondas
Nesse campo energético.
Máquinas para a Cibernética
São como se fossem gente.
Que bela estética
Ter uma como parente.
Quântica
Rima com tântrica.
Com tanta trica
Minha mente ficou rica.
Tudo é Uno.
Tudo é dual.
Basta um encontro noturno
E UAU !
Realidade virtual
É pura curtição.
Faz parecer real
O que é imagem em ação.
Novo paradigma!
Que enigma!
Depende de você
Para se estabelecer.
Nossa, como é linda!
Lá vai na berlinda,
Não é hora ainda.
Vamos ver como finda.
Já sofritanto
Que até me espanto,
No entanto,
Onde está o pranto?
Girassol
Com Sol
Não é rima
É obra-prima.
Multimídia
Um dia
Era utopia
Como a telegrafia.
No apuro
Para aliviar
Vamos respirar
Ar puro
Vendo o que vejo
E sentindo o que sinto,
Vale mais meu instinto
Que sorte de realejo.
Na Era da Ciência e do Poder
O melhor a fazer
Para bem poder viver
É com simplicidade tudo resolver.
A dor do mundo
É sentimento profundo.
Vem lá do fundo,
Dói, mas é fecundo.
Falo a ti em verso
E para saber meu repertório,
Meu Universo,
Estou num observatório.
Já não ando apressado
Você me deu um presente.
Quando olho o passado
Vejo o sentido do presente.
O passado tem muito de implicante.
O presente nem sempre é refrescante.
Mas o futuro será brilhante!
Acredite, é importante!
Às vezes é difícil ser lúcido
Quando se é humano.
Fica tudo translucido
E tudo pode ter seu engano.
“Quem te viu,
Quem te vê”.
Antes era pólvora sem pavio
Agora explodi para viver.
O céu é azul por causa do nitrogênio.
Coisa de gênio.
Mas não seja ingênuo,
Estão acabando é com o oxigênio.
A gata a se lamber
Crê que toma banho.
Um dia ela vai ver
Como tudo é estranho.
Superar o insuperável
É muito pouco provável
Por ser muito variável
Esta vida de papel reciclável.
Lá fora um trovão.
Aqui o telefone na mão.
Não faça confusão.
Quero te dar meu coração.
Minha descrição pessoal
É música atonal
E isso não é casual,
Por minha vida passou um vendaval.
Tudo tem uma razão de ser.
Para alegria do meu viver
Estou aqui a escrever.
Quem irá ler?
Feiura ou beleza?
Miséria ou riqueza?
Nossa, bendito sabor de clareza
Tudo isto misturado na mesa.
Caminho sereno
Meu passo terreno.
Só sei ao extremo
Que o amor é o bem supremo.
A felicidade
Não tem idade,
Mesmo na cidade,
Só basta simplicidade.
Uma bela amizade
Não é banalidade.
É pura sinceridade
Por toda eternidade.
Um pássaro branco
Mergulha no mar.
Daqui do banco
Dá o que falar.
No recôndito
De minha alma
Tem um dito:
Vá com calma.
Trote de cavalo
No asfalto
Que vai no embalo
No timbre do contralto.
Alquimia.
Pedra filosofal.
A gata mia.
Que tal?
Dizem que tudo é ilusão,
Mas não faça confusão
Você é são.
O átomo é que entrou em fusão.
Teoria da Estrutura
Para que não haja rachadura
Na arquitetura
Que perdura.
Já vi muita lua cheia
Mas nunca uma sereia.
A realidade entenda,
Pode ser uma lenda.
O rio no mar deságua
Superabundância de água.
O doce e o sal.
A natureza é sensacional.
Nessa Era da Eletrônica
Eu fico tontinho.
Vida sincrônica
Que está em todo cantinho.
Todo domingo
Tem Fantástico
E todo mendigo
Continua catando plástico.
O homem na lua
Não é falcatrua.
Tinha quatro anos
E mudou meus planos.
Versos Singelos
E corrente de elos
Têm um paralelo:
Ligar o que é belo.
Todo mundo está a querer,
Isso faz uma teia crescer
Que é de enlouquecer.
O que quero é não-querer.
Explicação racional
É coisa mecanicista.
Muito funcional,
Mas procuro outro ponto de vista.
O espaço interior
É todo seu.
Não tenha pavor!
Coragem, meu!
Todos os seus defeitos
Para todos os efeitos
São perfeitos
Já que por ti foram feitos.
Um bichinho da Natureza
Um dia terá alma.
Vá com calma,
Mas com presteza.
O Sol entra na casa
Deste solitário que não casa.
Não por medo de perder a asa,
Mas porque meu relógio atrasa.
Um dia estarei
Bem velhinho.
Viverei como um bom rei,
Não estarei sozinho.
Quando ergo o braço
Não incomodo a lua.
Liberdade sem laço
Como ela nua.
Quero um projeto contigo
Que não é ambíguo.
A vida e sua gravidade
Sendo feliz de verdade.
Música tribal
Me deixa animal.
Tudo muito normal
Além do bem e do mal.
A luz do lampião
Do carrinho do pipoqueiro
Atrai a multidão
Menos o casal naquele canteiro.
O arqueiro do arco-íris
Atira flechas de luz
E sete cores produz.
Que impeça tu de ires!
Acredite na tua intuição.
Isto não é jargão.
Vem bem de dentro
Basta bom entendimento.
Um velhinho
E sua bengala.
Tão bonitinho
E cheio de fala.
Barco pesqueiro
Seja ligeiro
O cardume inteiro
Está indo para o estrangeiro.
Nesta Era de Modelos
Para todos os apelos,
Mudemos os roteiros.
Somos seres verdadeiros.
A lógica
Pode ser incoerente.
Coisa ilógica!?
Teste sua mente!
Para nossa sobrevivência
Existe uma exigência.
A quarta dimensão, o coletivo
É o melhor adjetivo.
Gira o carrossel
E as crianças
Como que estão no céu.
São o futuro, são esperanças.
Brinquedos existem muitos
Para a brincadeira dos adultos.
Nem todos participam juntos
E são grandes os tumultos.
Toda semente de rosa
Rebenta em rosa.
Mas do jardineiro a mão formosa
Faz de uma a mais cheirosa.
Qual o papel do aleatório
No nosso destino?
O som do sino
Denuncia seu envoltório.
Quando penso
Que um dia estarei morto
Fico suspenso.
Viver agora é o meu conforto.
Duvido muito
Que um anjo vespertino
Possa dizer que segui meu destino
Ao menos por um minuto.
Amo tanto
Que até me espanto.
É tamanho o encanto
Que por ela eu canto.
Precisamos eliminar
Distâncias teóricas.
O que faz o sábio lapidar
Com suas retóricas?
Que belos lírios!
Inspiram delírios.
Quero deles a semente
Para tê-los eternamente.
Meu único desejo
É dela um beijo.
Soaria como um arpejo.
Alegria de rato com queijo.
Que você fica encucado
Com as coisas da vida
Ninguém duvida.
Por acaso, qual é teu recado?
Quase todos os casais
Me parecem tão normais.
Entre nós seriam fatais
Por dia mil ais.
Meu relógio não é suíço
E perdi meu compromisso.
Pensaram que fui omisso.
Peixe fisgado pelo caniço.
Que baita aflição
Esperartua ligação.
Trem parado na estação
Com completa lotação.
A paixão
É loucura divina.
Tudo desbaratina.
Meu Deus, perdão!
O destino
É muito generoso.
O caso é meu tino
Que é vergonhoso.
Não sei como explicar
Como gosto tanto de te amar
Sendo náufrago no mar
Sem ter como te tocar.
Um dia falou Descartes
Ser tudo o sonho de uma borboleta.
Esta possibilidade não descartes,
É mais uma na roleta.
Tresloucada geração,
Esta é minha linha:
Amarelinha
Riscada no chão.
Os códigos atuais
Para mim já não são sinais.
Fantasias ao vento nos varais.
Vento que me leva ao cais.
Para que medir altura?
Existe um mundo sem estatura.
Vamos refazer nossa postura
E fazer surgir uma nova estrutura.
Caminho sozinho
Em meio a muitas cobranças
Que dizem respeito a finanças.
Vôo e vôo... Onde tem um ninho?
Do jardim saltaram as flores
Para o seu vestido
Que ficou de cores sortido
E exala mil odores.
Arte e tecnologia.
Briga de longa cronologia,
Mas hoje em dia
É uma simbiose sadia.
Uma semente se enterra
E uma cor se revela.
Viram lá da cosmovela
Que azul é a Terra.
Nessa era de divisão
Colocaram em ti uma maldade:
Procurar a cara-metade.
Busque tua cara-inteira,
Basta de cisão!
Você tem muitos livros nas estantes
Com assuntos importantes.
Põe este lá também.
Ficarei contente como ninguém.
Uma gota cai por terra
E um ciclo encerra.
Se foi lá na serra,
Chora o homem que serra.
Prestativo carteiro
Vá bem ligeiro
E para o endereço, certeiro.
Estou nesta carta por inteiro.
Acredito na boa vontade
De toda gente.
Acontece que sempre surge um agente
Que não vive da verdade.
Às vezes de mim me ausento
E o momento fica cinzento.
Vazio busco-me com alento
E encontro-me indo em passo lento.
Sonhava um sonho gostoso
Onde vendiam bolos na praça.
Era tudo para lá de vistoso.
Acordei, não provei, que graça!
Querem que a gente
Se adapte ao sistema.
Faz-se urgente
Mudar este tema!
As estrelas altas
No céu formam pautas
Que somente o astronauta
Traduz com sua flauta.
Quando a pena
O papel não corre
Paisagem nenhuma percorre
O que é uma grande pena.
O planeta
Está muito denso
E quando nisto penso
Verso leve com a caneta.
A todo momento
A paisagem exterior
Mistura-se à paisagem interior.
O pôr do sol é um sentimento.
Ah, como sinto saudade
Daquela idade
Quando era muita a felicidade.
Agora é uma bruta realidade.
Em claro a noite,
Na mente um açoite.
Aflito olhar no horizonte
Pelo sol que o escuro desmonte.
Aconteceram mudanças
Como no ritmo das danças.
Nem notei, só a lembrança
Revela o que o destino trança.
A Teoria da Relatividade
Tem muita complexidade.
Viver com simplicidade
É tê-la em paridade.
De alguém eu
preciso
Que de mim extraia,
Como da boca o siso,
Ela que em mim se espraia.
Está de tudo acima,
Como pepita na mina
E verso com rima,
Vê-la sorriso de menina.
Moleques brincam bolas de gude
Com muita presteza.
Talvez pela falta de certeza
Da hora do próximo grude.
Ele está por toda parte.
Ninguém sabe seu intento.
Levanta a saia da moça com arte.
Com ele somente cata-vento.
Difusas luzes prateadas
Anunciam a lua atrás do prédio.
Vem em calmas pegadas,
Acaba com qualquer tédio.
No inverso de mim, zap!
Bastava uma dama veio ás.
Mirei os olhos da Papi,
Inverteu o inverso, deu paz!
De três em três dia barbeado.
Todo dia apaixonado.
Muito nos damos mesmo sem trocado.
Coisa boa ser dela namorado.
Meu maior inimigo
Dentro mesmo de mim está.
Fiz de mim meu melhor amigo.
Caminhar comigo você vai gostar.
Ancestral história de cataclismo,
Simples sorriso, uma beldade.
Mas o desafio maior da humanidade
Será superar o capitalismo.
Quando pinta um quiproquó
A correria levanta o pó.
Macaco se manda de cipó,
No galinheiro é só cocorocó.
Essa aflição no peito
Que parece não ter jeito,
Talvez no derradeiro leito
Encontre o esperado alento.
Estou pleno de amor.
Estou pleno de mim,
Como um passarim
Que se soube condor.
Ser louca a vida eu sei
Já de bastante vivida.
Pois agora serei
Mais louco que a vida.
Queria ser
Por um dia,
Outro ser.
Saudades de mim eu teria.
Longe de ser monge budista
Preferi ser paraquedista.
Que nirvana se conquista
Com adrenalina na vista?
A moça passa
E seu perfume fica.
O ar me abraça
E tudo modifica.
Faça dessa vida uma viagem.
Do grave, uma bobagem.
Do real uma miragem.
Vamos! Tire a moto da garagem.
Quando ela vem
É linda como ninguém.
Quando ela passa e se vai
Uma proposta de felicidade se esvai.
Tende o meu pensamento
A ser circular
Como no cosmo a viajar
Já que curvo é o firmamento.
É múltipla a possibilidade
Enquanto rolam os dados.
Que nunca sejam contados
Para dar tempo à humanidade.
Do Micro ao Macro
Onde está a fronteira?
É um caminho sacro
Para uma vida inteira.
Com o controle na mão
Aperto um botão
E mudo o canal da televisão.
Saio de um terremoto para uma explosão.
Para finalizar
Quero avisar
Que está no ar
Mais um a poetar.
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