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Texto selecionado
Carta ao irmão distante |
Adroaldo Barbosa Jr. |
Resumo: Este Livro é, antes de qualquer definição, uma declaração de amor. Uma declaração de amor ao ser humano, à raça humana, ao direito de viver.
Desde a aurora dos tempos, a história humana é banhada com sangue. Alguns chamam isso de fatalidade, outros de progresso.
Que certos acontecimentos são inevitáveis, não há como discordar. Porém, certas páginas de nossa história trazem à tona eventos que poderiam ter sido evitados, mas, devido às nossas falhas culminaram em grandes perdas para a Humanidade.
Assim como o ser humano traz dentro de si uma capacidade para fazer o bem, também traz para fazer o mal e machucar o seu semelhante. O mundo que vemos hoje é o maior reflexo de nossas ações.
A CARTA é uma celebração à uma espécie de amizade desconhecida entre seres humanos de diferentes etnias, diferentes culturas, diferentes níveis sociais, diferentes línguas e diferentes mundos.
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Meu irmão,
Meu querido irmão,
Bom dia!
Que o raiar do dia
Brilhe em seu rosto
E brilhe em sua vida!
Que os seus dias
Sejam ricos
De alegria.
Meu amado
E querido
Irmão,
Estamos vivos!
Tenho de lhe dizer:
Estamos vivos!
Você
Não está
Sozinho!
Você está
No meu coração
E na minha alma.
Você está
Dentro de mim
E no reflexo da água.
Você é parte de mim
E eu sou parte
De você!
Nós somos um
Dentre
Todos os outros.
Nós não
Estamos
Sozinhos.
Que o dia
Testemunhe
Nosso nascimento!
Que a aurora
Perceba
A nossa existência!
Que os campos
Recebam
Os nossos passos!
Que o mundo
Aceite
A nossa presença!
Meu irmão,
Meu querido
E amado Irmão,
Há tempos
Tento lhe falar
Uma coisa:
Eu estou aqui!
Me escute:
Eu estou aqui!
Você
Não está
Sozinho!
Eu preciso
Desesperadamente
De você.
Eu preciso
Desesperadamente
Saber de você.
Eu preciso
Desesperadamente
Estar com você!
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
A minha tenda
Está aberta
A você
Caso queira
Se esconder
Dessa noite fria.
A minha tenda
Está aberta
A você
Caso queira
Enganar
A fúria dos lobos.
Meu coração
Está ligado
Ao seu.
Meu sangue
É vermelho
Assim como o seu.
Não há tempo
Que apague
Isso.
Nem a própria vida
Pode apagar
Isso.
Meu irmão,
Quem será você
Nessa multidão?
Abraçará a verdade
Ou fará parte
Da ilusão?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Percebe
A escuridão
Que se aproxima?
Percebe
O mal
Que agora cresce?
Escuta o som
Do trovão
Ao longe!
Escuta o som
Das trombetas
Ao longe!
Escuta
O bater de asas
Dos gafanhotos!
Escuta
Os gritos da turba
Furiosa!
A multidão
Que nos persegue
Insistentes
Têm fome
De sangue
Entre os dentes.
Todos querem
Um pedaço
De nós.
Todos desejam
Uma libra
De nossa carne.
Eles vêm
Durante
A noite.
Eles vêm
Durante
O dia.
Eles
Nunca
Dormem.
Eles
Nunca
Desistem.
Eu vejo somente
Ódio
Em seus olhos.
Eu vejo somente
Rebeldia
Em seus olhos.
Eles nascem
Dos murmúrios
E contendas.
Eles são frutos
Da raiva
E da hipocrisia.
Eles veneram
Ídolos
De mármore.
Ídolos de ouro,
Prata
E bronze.
Eles Clamam
Um pedaço
De nossa terra.
Eles Exigem
Até mesmo o suor
De nossa testa.
Não há alimento
Nesta terra
Que sustente,
Pois, sua
Fome
É desmedida.
Não há cobertor
Nesta terra
Que aqueça,
Pois, seu coração
É o frio do inverno
Mais extremo.
Não há justiça
Nesta terra
Que satisfaça,
Pois, esperam
Que o mal maior
Sempre prevaleça.
Não há razão
Pra que nada disso
Aconteça
E, ainda assim,
Tudo
Acontece!
Quem
Pôs nossos irmãos
Contra nós?
Quem
Nos pôs contra
Nossos próprios irmãos?
Quem nessa Terra,
Realmente,
Somos nós?
Quem nessa Terra,
Realmente,
São eles?
Quem sabe
De que lado estamos
Do espelho?
Todo esse ódio
Não nasce sozinho
Nas dunas.
Toda essa raiva
Não cresce sozinha
Na areia.
Então, quem nos odeia tanto
Querido e amado
Irmão?
Quem, há tempos,
Tem nos jogado
Um contra o outro?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Alguém, há tempos,
Rouba
Todo o nosso gado.
Alguém, há tempos
Contamina
Toda a nossa água.
Alguém, há tempos,
Assalta
Os nossos sonhos.
Alguém, há tempos,
Queima
Tudo o que nos resta.
Mas, quem nos odeia
Há tanto tempo,
Amado irmão?
A culpa
De tudo isso
Não é sua.
A culpa
De tudo isso
Não éminha.
Então de quem será,
Na verdade,
Toda a culpa?
Quem será,
Afinal, o nosso
Único acusador?
Quem vem
Para roubar
Todo o nosso fôlego?
Quem vem
Para destruir
As nossas esperanças?
Quem
Nasceu
De uma contenda?
Quem
Nasceu
De uma simples mentira?
Quem rasteja
Entre os lagartos
Do deserto?
Quem conversa
Com as estrelas
Do infinito?
Quem trama
Contraseus
Próprios irmãos?
Quem blasfema
Contra os céus
E o próprio criador?
Quem será
O nosso maior
Assassino?
Quemserá
O nosso maior
Adversário?
Quem será
Nosso irmão
Desconhecido?
Quemirá
Quebrar o silêncio
Nesse fim tão violento?
Meu irmão,
Imploro que me salve
Dessas ruas sujas.
Imploro que me abrace
Nessa noite
Tão fria e tão escura.
Imploro que me conceda
Uma simples oração
Nesse silêncio momentâneo.
Alguém trama
Constantemente
Contra nós.
Alguém
Quer ver
O nosso fim.
Meu irmão,
Querido e amado
Irmão,
Me abrace
Quando o vento
For gelado demais.
Me abrace
Quando ouvir
Meu suspiro de dor.
Minhas mãos
Tremem
De frio e de medo.
Meus ossos
Tremem
De frio e de medo.
Meu irmão,
Onde você estará
Agora?
Você estará
Dentro dos carros
Que passam velozes?
Você estará
Nas vitrines
Das lojas de roupas caras?
Você estará
Nos outdoors de neon
No centro da cidade?
Você estará
Nas propagandas
De marcas famosas?
Onde você
Estará,
Meu amado irmão?
O som
Do trovão
Se aproxima!
Quase
Explode
Meu coração!
Meus ossos
Tremem
De frio e medo.
Eu espero
Por algo
Que não me deve explicação.
Eu espero
Por algo
Que não compreendo.
Eu espero
Por algo
Que seja uma revelação.
Decerto
Surja
Entre os cactos.
Decerto
Cresça
Entre a grama queimada.
Decerto
Seja apenas
Mais um sonho.
Decerto
Seja apenas
Outro desejo escondido.
Meu irmão,
Nesse dia especial,
Quem será você hoje?
Nesse dia especial,
Onde estará
Você hoje?
Será você,
Meu irmão,
Meu único amigo?
Será você,
Meu irmão,
Meu maior inimigo?
Estará você,
Irmão, ao meu lado
Nessa noite fria?
Estará você,
Irmão, junto
À turba furiosa?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Será você
Aquele
Que dorme ao relento?
Será você
Aquele que
Luta contra o frio?
Será você
Aquele
Que enfrenta os lobos?
Será você
Aquele
Que protege os seus?
Quem será
Você,
Meu querido e amado irmão?
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Biografia: Descendente de Herbert Harrison, é filho de Adroaldo Barbosa e Maria Eloísa Barbosa, ambos ex-funcionários da indústria de papel e celulose Klabin. Na década de 70, em plena ditadura militar, a família mudou-se para Foz do Iguaçu, onde o pai foi trabalhar na Itaipu Binacional.
Sua produção fonográfica provém de canções dos anos 90 através da banda de rock underground "Queima de arquivo". Possui mais de 500 composições de sua autoria. Sua produção literária se baseia em poesias, contos, literatura infantojuvenil e romances.
Trabalhou como vigia de hotel, cobrador de ônibus, desenhista publicitário, frentista em um posto de gasolina, bibliotecário e, atualmente, paralelo a sua atividade principal como escritor é funcionário publico estadual pelo Governo do Paraná.
Em 2004 formou-se em Letras Português/Espanhol pela Unioeste. Em 2007 formou-se em Métodos e técnicas de Ensino pela UTFPR.
O compositor iniciou a carreira como vocalista e letrista, onde acabou escrevendo canções para sua própria banda de rock underground, Queima de Arquivo. Possui cerca de 500 letras de musica. A banda teve curta duração (1996 a 1998) e deixou como legado um CD (O futuro da nação, 1998, Sanval).
Como escritor, Adroaldo Barbosa Jr. tem uma produção literária bem ampla, onde não há um estilo literário em específico. Escreve romances voltado para o público adolescente e adulto, livros infantis, contos e poesias.
Em sua primeira obra destinada ao público infantojuvenil O castelinho mais importante do mundo, o autor aborda o tema da separação dos pais e suas consequências em forma de metáforas, fazendo com que a leitura seja leve, porém, um tanto quanto ácida. No prefácio da obra, o Autor pede que o Livro seja lido pelos pais devido a complexidade do tema.
O livro Zeca Baleiro e as escolas literárias brasileiras é, praticamente, um apanhado de seus estudos e análises sobre diversas letras de músicas do cantor comparadas a todas as escolas literárias brasileiras.
Em Minha terra desolada, o escritor faz uma homenagem a T.S.Eliot e aborda temas como tristeza e solidão e os compara com a situação do país em que vive.
Carta ao irmão distante é o emocionante relato de um homem que percebe a plenitude do que se trata realmente ser humano.
A poesia O desmatamento da alma é considerada sua obra mais ambiciosa, pois, trata-se de uma obra com 300 estrofes e ainda em processo de revisão pelo escritor. Sua intenção é que a poesia some um total de 1000 estrofes e não há uma data pré-definida para sua finalização. |
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Publicações de número 1 até 8 de um total de 8.
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