Em Brasília, dezenove horas. Reunia-se sob a rampa de acesso ao Palácio, representantes dos mosquitos de todas as regiões do País. O assunto principal da pauta, pelo menos é o que a imprensa mosquital divulgara, era a votação de pacote de medidas de combate a mais terrível campanha conta a espécie que já surgira pelo Governo Dilma: o #ZicaZero.
Aberta a sessão com quórum suficiente para aprovação de lei complementar, o Presidente abre os trabalhos e após os devidos rapapés vai direto ao assunto:
- Prezados Colegas. Campanhas contra a nós já vieram e se foram. Temo contudo pelos efeitos desta tal de #ZicaZero que a Dilma aprontou. A inoperância desta senhora e daquele outro que não tem um dedo, sempre nos deixaram tranquilos o suficiente para lançarmos o nosso top de linha. Mas esse cacófago de zês em onomatopaica referência ao batido das nossas asas e ainda por cima com hashtag, esta de tirar o sono. E para completar tem aquele introito nos sites do governo federal com a sobra de nossos correligionários voando e o cursor virando raquete...estou muito preocupado.
Nesse momento pede a palavra um representante dos mosquitos baianos e segue com o peculiar sotaque:
- Temos que atentar para a convergência de interesses bilaterais, cujas energias se somam em favor de uma tendência neomosquítica pragmática. Precisamos esgotar todas as possibilidades dessa bilateralidade...ou não....
E pede intempestivamente a palavra outro “parlamenquito” e prossegue ofegante:
- Queria lembrar aos nobres colegas que nós da bancada evangélica avisamos que tudo isso esta acontecendo por conta daquela empresa de publicidade escolhida pela bancada gay, que batizou o produto de chikungunya....coisa de pederasta! Tinha que ser algo mais cristãozinho!!!! Agora taí! Todo mundo contra nós! Já a Dilma se pegou no Zika... mexeu os pauzinhos para a Mangueira da Dona Zica ganhar....isso é que é trabalho!!!!
E os integrantes da bancada gay pedem a palavra com base no direito de resposta. O pau quebra. Horas e horas de discussão. Sem se chegar a conclusão alguma.
De repente, o presidente caça a palavra geral e alerta:
- Colegas, temos que votar o nosso aumento ainda hoje!
E a ordem tomou conta na casa. Aprovado por unanimidade.
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