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Skindô Skindô
FERNANDO HORA

Skindô, Skindô
O plano apesar de simples, parecia brilhante:
1)Sair de casa com as contas debaixo do braço, deixando uma das contas sobre a mesa;
2)Ligar para casa, dizendo que se esqueceu da conta;
3)Durante a ligação, pintaria um clima: “não, não, não” e cai a ligação;
4)Quarta-feira de cinzas reapareceria, rasgado, descabelado, sujo e magro
Chegou a hora...
Saiu. Deixou a conta. Pegou o celular para ligar....sem sinal. Andou para todas as esquinas...sem sinal. Esgotados todos os vernáculos de baixo calão dirigidos à operadora, resolveu procurar um orelhão.
- Mas e o cartão, tenho que comprar numa banca de jornal...
Mas já era tarde. Tudo fechado.
Parado na esquina pensando no planoB, surge em sua frente um pálio verde e um motoqueiro por trás: “Perdeu preibói” vinha a vós de dentro do capacete...”entra ai” nisso a porta de trás do carro já aberta.
Tocaram direto pra baixada. Passaram em vários caixas eletrônicos. Carregaram créditos em várias celulares... depois deixaram-no pelado num terreno baldio de algum lugar entre o triângulo Nova Iguaçu, São João de Meriti e Santa Cruz.
Já anestesiado pelo desespero, andou por várias horas enrolado em um jornal que achara no chão, até que, ao amanhecer do dia seguinte, achou um barraco. Bateu. Ninguém em casa. Pegou emprestado no varal um short adidas e uma camiseta furada com o logo da Brahma. Jurou a si próprio que depois devolveria.
Andou até encontrar uma rua asfaltada. Adiante um ponto de ônibus. Esperou. Aponta um na curva. Faz sinal. Não para.
E esta saga durou por horas. Enfim passa um viatura da PM com os canos dos fuzis a mostra. Ele sem forças, tenta acenar. A viatura para e pede os documentos. Ele tenta contar a história mas já ganha um cachação do PM que insistia na pergunta: “tá fazendo o que aqui?”. E o tratamento “carinhoso” só teve fim com ele algemado na caçamba. Rodaram com ele todo o dia sendo de vez em quando alertado que, se urinasse ou coisa pior “ia ter”.
A viatura passa dentro por uma favela. Troca de tiros. A morte era certa agora. Escutou os PMs pedindo reforço pelo rádio e os vê serem gravemente feridos e ficarem desacordados. Começa a gritar desesperadamente por socorro. Chega o reforço que socorre os policiais feridos e o veem na caçamba.
Novas carícias.
Sua salvação foi um tenente novo, que resolve fazer o certo, leva-lo a DP para registrar a ocorrência.
Nisso já era manhã de segunda-feira. Tomaram seu depoimento. Deixaram-no ligar para casa para que a esposa lá levasse os documentos. A história, deixava dúvidas aos inspetores. Colocaram-no junto com vários foliões detidos, todos com seus colarezinhos, gente do bloco das piranhas, ambulante, tinha de tudo.
Chega a esposa na delegacia e antes de qualquer coisa, o vê no meio daquele grupo à caráter e fala em alto bom tom:
- Deu ruim, né ordinário!
A consciência pesada e a camisa da Brahma prejudicaram sua defesa.


Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Mosquitos FERNANDO HORA
Contos Heróis FERNANDO HORA
Crônicas Skindô Skindô FERNANDO HORA
Crônicas Museu do Amanhã FERNANDO HORA
Contos Máquina do Tempo FERNANDO HORA


Publicações de número 1 até 5 de um total de 5.


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