Num futuro distante o bastante para a contagem dos anos que conhecermos ter ido para “o vinagre”, um estudioso, após exaustiva análise das evidências sobre os seres gigantescos que dominaram sobre o planeta na pré-história, registra suas conclusões, que poderiam ser traduzidas da seguinte forma:
“Eram gregários. Viviam em bandos enormes que denominavam ‘cidades’. Esses, por sua vez, eram formados por núcleos menores denominados ‘apartamentos’.
Conforme suas posses, se auto graduavam socialmente, independente de elevação moral ou intelectual do indivíduo.
Trajavam vestes desiguais, em cores variadas, como meio de distinção de sua posição social.
Adoravam várias divindades. A principal era a Deusa Web à qual de religavam por dispositivos portáteis, cuja posse era obrigatória, se utilizando de profetas chamados Facebook, Twitter e Whatsapp. O culto religioso baseava-se na “postagem”, que era o envio de imagens com ostentação de lugares, alimentos e demais objetos aos profetas, que as divulgavam a todos os demais. Entre uma imagem e outra desta natureza, haviam outras com pregação de ideias de cunho moral ou de críticas comportamentais;
Os barulhentos e peludos quadrúpedes de menor porte eram animais sagrados que os conduziam em curtas jornadas com trajeto pré-estabelecido, como objetivo único de coletar suas fezes. Estes animais eram privilegiados em relação a vários filhotes da própria espécie.
Evoluíram a representação de suas ideias desde desenhos nas cavernas dos mais antigos até um complexo código de símbolos que chamaram de ‘escrita’. Depois resolveram voltar ao ponto de partida e criaram figuras às quais chamaram ‘emojis’.
Eram absolutamente inconsequentes em relação ao uso de determinadas fontes de energia, apesar de saberem da existência de outras inofensivas, o que contribuiu para a auto extinção.
Os líderes eram escolhidos com base em sua capacidade lúdica criar promessas, muitas vezes de favorecimento individual ou ao pequeno grupo ao qual pertencia, sem compromisso com seu cumprimento;
Há evidências de que nossos ancestrais, em atos de bravura, tentaram travar contato por inúmeras ocasiões com o intuito de alertá-los sobre o eminente destino que lhes aguardava. Fracassaram todos em razão da única ideia que unanimemente comungavam: o ódio à nossa espécie. Todas as vezes que se tentava travar contato, havia perseguição e morte por um artefato que os gigantes carregavam no membro inferior e o manuseavam mortal e criminosamente com os superiores. “
Findo o registro. Juntou tudo e bateu asas em retorno ao lar.
Voltando ao presente, fica a sugestão: na próxima vez que cruzar com uma blattodea, escute o que alguém da espécie da qual o futuro está garantido tem a lhe dizer.
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