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Procuram-se amoladores XXXVIII
Pandora Agabo

Bárbara acompanhava Lúcia e Inácio na saída do colégio, até que Inácio foi o primeiro a se despedir, avisando que sua mãe já havia chegado, correndo para o carro. Lúcia aproveitou aquele momento de privacidade entre as duas para contar da liberdade que Inácio tem tomado ultimamente, com uma mão boba que muito a tem agradado. As duas davam passos lentíssimos, quase parando, para poderem conversar por mais tempo, até que Bárbara sente as solas dos sapatos grudarem no chão.

— Que foi? - Lúcia ficou sem entender.

— O Alexandre ta ali! - disse apavorada, com os olhos arregalados e se não fosse a escureza de sua íris, seria possível perceber que sua pupila estava dilatada.

— Ai meu Deus! - Lúcia resmungou - O que será que ele quer hein?

— Não sei, mas vamos voltar lá pra dentro, esperar um pouco, até que ele se canse e depois vamos embora. - Bárbara estava tentando protegê-la e proteger a si mesma.

— Ele não vai se cansar, Bárbara. Até parece que você não conhece a peça. - ela retomou a caminhada, andando em direção ao Alexandre.

— Não! - mas Bárbara a segurou com as duas mãos - Por favor, não vai até lá! Por favor!

— Deixa eu terminar isso de uma vez por todas. Já chega pra mim.

— Não Lúcia, não! - Bárbara continuava segurando-a.

— Me solta! - mas Lúcia se livrou de suas mãos, indo até Alexandre, falando qualquer coisa que Bárbara não poderia ouvir.

Afirmando com a cabeça, Alexandre concordou com alguma coisa que ela lhe dissera e ambos saíram de lá. Era possível sentir a pulsação intensa do coração de Bárbara de qualquer parte do seu corpo; sua testa suava frio e suas mãos, assim como seus lábios, estavam trêmulos, mas ela não podia ficar ali, parada e pensando no pior. Bárbara tratou logo de procurá-los, para assistir a conversa dos dois de longe, acreditando que seria melhor estar por perto caso alguma coisa viesse a acontecer e ela pudesse intervir.

Eles não foram para muito longe. Na verdade ficaram na pracinha atrás do colégio, que sempre estava vazia nesse horário do almoço. Lúcia estava sentada, batendo os calcanhares no asfalto enquanto falava - seja lá o que fosse - e Alexandre ouvia tudo calado e andando de um lado para o outro, de braços cruzados. Bárbara assistia à cena por detrás da maior árvore, do tronco mais grosso, que a escondia melhor.

Por mais que ela se concentrasse, tentando ouvir a conversa, Bárbara não conseguia ouvir nada mais que algumas palavras soltas, como "vagabunda", "louco", "falsa" e "cretina", o que a deixou um tanto confusa, considerando que os xingamentos no feminino nem sempre saíam da boca de Alexandre. "Sei que não foi certo, mas..." foi uma das poucas frases que ela conseguiu ouvir inteira. Mas assim que Lúcia parara de falar, foi a vez de Alexandre se exaltar e começar a falar em um tom de voz mais nítido.

— Então vai ser assim? - gritou.

Lúcia o respondeu. Bárbara não conseguiu ouvi-la, mas pela forma que Alexandre reagiu, é possível inferir que não foi nada do que ele gostaria de ouvir.

— Pois fique você sabendo que isso só vai terminar quando eu disser que terminou!

Igualando-se a ele, Lúcia também elevou sua voz, gritando gravemente:

— Quer saber? Foda-se também! Se você quer ficar levando chifre, pois fique! Eu que não vou parar de ficar com o Inácio por sua causa!

Em um reflexo, Alexandre apertou violentamente os braços de Lúcia, que também em uma reação instintiva, deu-lhe um chute entre as pernas e saiu correndo por um caminho aleatório.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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