Rita estava suada quando se deitou ao lado de Danilo. Ofegante, puxou o lençol até a altura do busto e tentou controlar a respiração. Danilo também parecia cansado, mas nem um pouco preocupado em cobrir-se com o lençol. O calor estava insuportável.
— Você gostou?
Rita odiava quando ele fazia esse tipo de pergunta.
— Sim. - e respirou fundo.
— Foi melhor que da última vez, né?
— Sem comparação.
O bom é que era verdade.
— Pelos meus cálculos, da próxima vez vai ser ainda melhor. - sua voz rouca quase não saiu por ele estar sussurrando, mas a sua risada o incentivou a continuar falando... Cantarolando, melhor dizendo - "Ela não é do tipo de mulher que se entrega na primeira, mas melhora na segunda e perde a linha na terceira". - e continuou rindo, como se não tivesse sido ofensivo.
Rita não entendia como que ele podia fazer isso. Como ele pode ofendê-la em tom de brincadeira e achar que tudo bem. Ta certo, parte disso é culpa sua, porque ela riu em muitas dessas vezes. Mas não, isso teria de acabar. Agora ela faria o que é certo.
— Não acho que vai ter próxima vez.
— Como assim?
— Acho melhor pararmos com isso.
— E por quê? Agora que a coisa ta ficando boa. - e ele se deitou de lado, acariciando seu seio esquerdo e nem um pouco preocupado, porque não era a primeira vez que Rita tentava cessar o contato sexual entre eles.
— Tem outra pessoa. - Rita mentiu.
— Que?
— E com ele eu tenho a chance de que dê certo.
— Sério? - ele estava surpreso e, principalmente, curioso - Eu conheço?
— Não. - e nem teria como, essa pessoa não existe.
— Qual é o nome dele?
— Não interessa. O fato é que existe esse outro cara e... Eu não posso vacilar.
— Vocês já ficaram?
— Não.
— Nossa! Você vai abrir mão de mim por um cara que você sequer beijou?
— Abrir mão é a minha especialidade. É o que mais faço pelas pessoas que eu julgo importantes.
Essa afirmação o deixou pensativo por alguns segundos e então ele tomou coragem para perguntar:
— Você abriu mão por mim alguma vez?
— Foi só o que eu fiz, Danilo. Por você, sacrifiquei as coisas mais importantes que eu tinha.
— O que?
— O meu orgulho, o meu amor próprio.
— Ah, para... - ele achou que Rita estava brincando.
— Parar por quê? Não é novidade que eu me humilhei inúmeras vezes por você, tanto, que eu to aqui, agora. A coisa é tão séria, que eu não fui capaz de fazer um sacrifício pela pessoa que deveria ser a mais importante da minha vida, simplesmente porque o meu amor próprio já não existe mais.
Ele entendeu o que Rita quis dizer e sussurrou:
— Pesado...
— Por isso vou fazer isso por outra pessoa.
— "Isso" o que?
— Sacrificar você.
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