Acordando um pouco mais cedo que o normal apenas para conseguir carona com o seu pai até o colégio, Bárbara levantou suspeitas acerca de seu hematoma quase preto em sua maçã do rosto.
— Bolada? - seu pai perguntou desconfiado a caminho do colégio.
— Foi. Doeu tanto...
— Bolada, Bárbara? - ele perguntou novamente, pressionando-a a dizer a verdade.
Ela achou melhor não insistir na mentira. Mas também não queria revelar a verdade.
— Qualquer coisa que precisar, me liga. - disse ao deixá-la na porta da escola.
— Tudo bem. - e fechou a porta do carro.
Bárbara estava com medo até mesmo de sua própria sombra. Ela preferiria que aquele dia se repetisse inúmeras e inúmeras vezes, com pessoas olhando curiosas para o hematoma em seu rosto, do que ter de encontrar novamente com Alexandre.
— Bárbara! - Lúcia a gritou quando a viu passar.
Parando de andar, Bárbara a encarou espantada. O fato de Lúcia fazê-la lembrar de Alexandre a deixou assustada.
— Nossa! O que foi isso?
— Eu tava fazendo uma faxina lá em casa e acabei deixando cair um livro no meu rosto... - Bárbara não queria conversar sobre isso, em específico, mas ela tinha um assunto relacionado para tratar com Lúcia - Mas hein Lúcia, como andam as coisas?
Olhando para os lados, sem saber o que responder, Lúcia pergunta:
— O que você quer saber?
— Você já terminou com o Alexandre?
Inclinando o rosto, Lúcia lhe lançou aquele olhar cansado:
— Alexandre? - estranhou o fato de Bárbara não tê-lo chamado de "Butão", mas achou irrelevante comentar muito mais que isso - Não né?
— Pois faça isso o quanto antes. Eu to vendo que você ta animada com o Inácio e tudo, então se você quer levar isso pra frente, termina com o Alexandre de uma vez por todas e fim. Ele é perigoso e não quero nem imaginar o que ele pode ser capaz de fazer com você na hora da raiva.
— Ai Bárbara, larga mão de ser medrosa. Você ta com medo dele?
— Não é medo...
— É o que então?
Bárbara não soube responder.
— Sinceramente? Eu não to mais afim de me encontrar com ele. Ele é descontrolado, manipulador e grudento. Eu já tentei terminar com ele, lembra? Mas ele não quis.
— Ta, mas...
— "Mas" nada. Deixa as coisas assim. Não é possível que uma hora ele não vá perceber que eu não quero mais nada com ele.
— Lúcia, eu não sei...
— Relaxa. Confia em mim.
|