Festa de comemoração pelos 15 anos da escola de Bárbara. Não era costume fazer um evento para todo aniversário do colégio, mas essa era uma data especial e para não deixar passar em branco, com a aprovação de todos os alunos, naquele sábado haveria uma festa comedida e inocente para a diversão dos alunos.
Foi assim nas duas primeiras horas, quando ainda estava de dia, mas na medida em que os alunos mais novos começavam a ir embora e os do ensino médio e alguns que até mesmo terminaram a escola, juntos aos seus convidados, permaneciam, a bagunça se tornou generalizada.
A música já não se resumia ao pop light da tarde, pois já começou a tocar Funk a pedido dos alunos, alunos que o DJ não se importava em atender. No meio da pista, os adolescentes não se economizaram na sensualidade e em corpos colados, extrapolavam na provocação.
Sentada em volta da pista de dança, Bárbara se sentia fora de contexto por estar sozinha, tomando seu refrigerante. Ela sabia que devia ter voltado pra casa, mesmo que a sua mãe a tenha permitido voltar mais tarde, mas Lúcia fez questão que ela ficasse mais um pouco, só que fazia um bom tempo que ela havia sumido. Provavelmente ela devia estar enfiada no meio da muvuca e era Bárbara que não a via.
Sua latinha de Fanta laranja estava vazia e Bárbara estava tentando se decidir se ligaria para o celular de Lúcia ou se apenas mandaria uma mensagem de texto, avisando de que voltara para casa, mas não houve a necessidade, pois Lúcia estava se sentando ao seu lado, ofegante e bastante suada.
— Essa festa ta o máximo! - exclamou com um sorriso radiante.
Bárbara ergueu as sobrancelhas, dizendo um "que legal" sarcástico.
— Amiga, você sabe que eu quero terminar com o Alexandre, não sabe?
A resposta era "sim", mas Bárbara preferiu dizer:
— Por quê?
— É que... - ela olhou para cima e voltou a sorrir - Ai, o Inácio ta me dando tanto mole! E eu quero muito, muito mesmo ficar com ele.
— Então termina com o Butão amanhã e depois você fica com o Inácio, ué...
— Ai Bárbara, você não entende! - disse impaciente, batendo as mãos nas coxas - Eu tenho que ficar com ele agora!
— Mas você ta namorando o Butão...
— É justamente por isso que eu vim falar com você, eu preciso da sua ajuda.
Bárbara começou a negar com a cabeça.
— Não! Não mesmo! Eu não quero me envolver nisso!
— Aff Bárbara, por que não?
— Porque você sabe o que eu penso de vocês dois e sabe que eu não apoio esse tipo de coisa.
— Não precisa me apoiar, só precisa me ajudar.
— E isso não é apoiar?
— Não! Olha... - ela se aproximou da cabeça de Bárbara e começou a apontar em direção à pista - Eu preciso que você vá até aquele canto e fale com aqueles garotos, ta vendo?
Caçando com os olhos a direção exata a qual Lúcia apontava, Bárbara se deu conta de que ela falava dos rapazes da sua rua.
— Que? Pra que?
— Eu to ligada que vocês se conhecem e que eles são amigos do Alexandre. Eu preciso que você os distraia enquanto eu vou sair de fininho com o Inácio pra um canto mais vazio, pode ser?
— Não, Lúcia! Eu não vou me meter nisso, sério. Eu não sou amiga desse povo e eu nem mesmo saberia o que dizer... - dizia aflita, querendo que isso fosse motivo suficiente para que Lúcia desistisse dessa loucura de querer trair Butão.
— Eu pensava que você era minha amiga, mas já vi que não dá mesmo pra contar com você, hein? - ela se levantou irritada e começou a ajeitar a própria roupa - Será que daria então, pelo menos, pra você dizer que eu estava na sua casa hoje à noite e negar quando te perguntarem que eu vim pra festa?
— Pra que? - Bárbara ainda relutava.
— Nem isso você pode fazer?! - alterou-se mais ainda.
— Posso.
— Então pronto. - e saiu, enfiando-se na pista novamente.
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