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Procuram-se amoladores XXV
Pandora Agabo

Aquela era a última aula de redação da semana, mas não era a última do dia. Assim que o sinal tocou, tivemos que nos mobilizar para organizamos a sala em fileiras.

A simples menção do Butão na aula fez com que uma dúzia de alunos chegassem perto de Lúcia e perguntassem:

— Você ta bem?

Como que se fosse grande coisa. Ok, eu assustei na hora que o mencionaram. Eu realmente não esperei por aquilo, mas já passou, até porque rapidamente tiraram aquele exemplo filho da puta de foco, mas a Lúcia fez com que parecesse grande coisa, ficando cabisbaixa e com os olhos caídos. Ah, mas ela adorava! Sua expressão era de tristeza, mas ela amava ter aquelas mãos de consolo pousando em suas costas e aqueles olhares de pena pro seu lado. Eu conheço a racinha.

Todo aquele drama estava me irritando de tal maneira, que foi inevitável, quando estávamos saindo da sala, no final da aula, esbarrei nela quando ambas estávamos atravessando a porta.

— Ai! - ela reclamou.

Olhei para trás e ia seguir andando, mas sua amiga gritou:

— Pede "desculpa", vadia! - e segurou a mão de Lúcia, como que se eu a tivesse jogado num precipício.

— Joyce! - Lúcia a censurou de um jeito pouco convincente.

Diminuí a velocidade dos passos e olhei para trás mais uma vez.

— Cara feia pra mim é fome. - provocou.

— Para Joyce. - Lúcia pediu novamente e olhou pra mim - Não tem problema, Bárbara.

As provocações da Joyce não me irritaram como essa tentativa de manter a paz do local da Lúcia. Então voltei em direção a elas:

— Nossa, coitadinha. Ela está tão deprimida que não consegue nem mesmo se defender sozinha. - fazendo um bico de criança, eu queria que aquela víbora tirasse a máscara e me tratasse como ela realmente me tratava.

— Vaza daqui, Bárbara! - Joyce gritou.

— Se a Lúcia disser que quer que eu vá, eu vou. - e cruzei os braços, fincando o pé.

— Joyce, vamos sair daqui. - ela balançou a cabeça, assumindo aquela postura de "não vale a pena brigar", mas eu sabia que fazia parte do seu teatrinho.

— Não! - mas eu tapei sua passagem - Você não vai me fazer parecer uma maluca de novo. Não vai! - gritei - Eu tava com você... Aliás, eu estive com você em muitas vezes, mesmo quando não devia. E a culpa é sua. Tira essa cara de coitada da fuça, porque essa não é você. - pode não ter sido a melhor atitude, mas pelo menos saí sem a sensação de ter ferido a minha dignidade.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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