Gostei da sensação de ter colocado em cheque esse mito que a Lúcia criou em torno de si, mas isso me custou caro: eu tive que lidar com a luz dos holofotes mais uma vez. As pessoas comentavam e queriam saber o que estava acontecendo, o porquê de eu ter dito aquelas coisas, mas claro, elas não vinham perguntar a mim - o que eu nem sei dizer se é uma coisa positiva ou não -, até porque elas têm medo de falar comigo ou medo de não saberem como fazê-lo. Elas iam perguntar à Lúcia.
— Fiquei sabendo que você e a Bárbara brigaram na frente de todo mundo.
— Não foi uma briga. - Lúcia respondeu calmamente.
— Ah não? É que todo mundo ta comentando que...
— Não, não foi uma briga. Nós duas nos desentendemos.
— Nossa... Mesmo depois de você ter dado o primeiro pedaço de bolo pra ela?
— Isso não tem nada a ver.
— Mas o que ela di... Não, eu sei o que ela disse, mas... Por que então?
Lúcia sabia que eu estava prestando atenção naquele diálogo, eu sei muito bem quando ela finge não estar olhando. Ela ergueu o queixo e disse:
— Olha, isso é uma coisa entre nós duas, mas eu só digo uma coisa: a Bárbara ta passando por problemas e eu não quero que ninguém fique contra ela, porque ela tem os seus motivos pra dizer isso.
— Motivos pra te chamar de cobra?
— Sim. - cruzou os braços.
— Sério, Lúcia? Você não vai fazer nada com relação a isso?
— Não.
Enquanto aquela garota pensa que a Lúcia está se comportando como a reencarnação de Madre Teresa de Calcutá, a Lúcia a está dobrando direitinho, que nem ela fez comigo. E com o Alexandre.
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