Era um sol revigorante. Calmo, tranquilo, sem calor ou sem desidratação. Era um fim de tarde. Árvores, o horizonte infinito pairando com um quê de mistério, sobre o que viria depois das imensas colinas. O ar era fresco. Acalentava-me. Sentia-me vivo, porém morto. Não sabia quem era, ou que estaria de fato sentindo. Não conseguia distinguir a minha vida da minha imaginação, era algo tão distinto, diferente, mas as duas coisas pareciam se fundir em uma única vida: a minha. Sabia. Você jamais se apresentaria a mim. Nem em sonhos, nem em imaginação e muito menos em realidade. Mais na verdade quem sois? Um ser angélico que me arrebata para as profundezas da ilusão corpórea, ou um ser humano que as paixões humanas me acenderam? Na verdade, quem sou? Um ser perdido na vastidão do Universo, ou um ser pensante do qual sofre por algo que jamais teve? Aromas, sensações, visões, olhares, toques, timbres, voz. Tudo é tão real, mas ao mesmo tempo tão mágico. Não, não é real, não pode ser real. Eu sei, sou um ser inconformado, incompreendido, perdido, desamparado, onde apenas o que me resta, é a visão deste campo esverdeado, onde o ar toca-me juntamente com as árvores que fazem àquele barulhinho quando suas folhas chacoalham. E o por do sol é sempre triste, desesperador, inimigo do meu próprio eu que me faz relembrar sensações e imagens que residem em meu subconsciente. Sinto saudades. Mas exatamente de quê? Se nunca nos vimos, ou tocamos. Somos diferentes, estrelas diferentes, constelações diferentes. Pegamos rumos distintos, opostos, diferentes, que jamais se cruzarão sob o olhar das estrelas. Sou um ser perdido que ainda imagina: será, será que em algum lugar olhas estes mesmo raios tênues de cor alaranjada que me acariciam e me transportam para o teu lado?
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