Ainda perdido em minhas próprias memórias, indago-me sobre quem fomos, ou melhor, se existimos.
No âmago do meu Ser, sinto uma dor, uma perda. Creio que nada em meu corpo doi, mas minh'alma chora descontroladamente.
Há alguns dias éramos dois, hoje, sou apenas eu, eu e minha dor.
No profundo de cada um, existe um escuro, uma vida, um imaginário. Na vida de cada um, existe um mundo de sonhos, na vida de cada um, existe um tal chamado Amor.
Tenho tudo isso, exceto o que torna todos os demais vivos e quem sabe concretizados: o Amor.
Vivíamos, acreditávamos piamente em nossos dois eus. Uma única carne, uma única vida. Mas, por que é que agora, eu apenas sinto-me apenas um? Sé éramos de fato dois, por que também não morri?
Eu sou um humano, como ele, ela, ou como qualquer outro.
Tenho pele, tenho carne, tenho ar. Tenho vida, ou melhor, penso que tenho. Mas, no fundo de cada um de nós, existe um lado obscuro, um amor perdido, uma ferida cicatrizando lentamente...
É normal: somos humanos. Mas, são poucos os que conhecem a dor de dois corpos separados.
No imerso de cada um, existe uma consciência pesada, perturbada, dilacerada, deprimida.
É normal: somos humanos.
Mas, o que de fato julgarmos ser normal?
No espírito de cada um existe um ser desconhecido, que nem eu nem você, ainda sabemos.
É normal: somos humanos.
Mas, não é tão normal assim, ter sua visão cortada, seus sentimentos feridos, seu amor perdido. Ou melhor, até isso pode ser chamado de normal? Afinal, quem somos?
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