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Um pé sem chinelo
Jadson

Em um cotidiano como qualquer outro, em uma plena segunda feira entre os raios de luz solar, cá estava eu andando pelas ruas corridas de uma cidade urbana e turbulenta.
Pessoas andavam de diferentes jeitos: uns sorriam, outros conversavam, alguns tinham a tristeza estampada nos olhos, e mais outros, pareciam preocupados. Nenhum, porém, dava-se conta de um pobre garoto que pela sua condição, dava-se para ver que não possuía nada além do próprio sofrimento.
O pobre garoto sentando pela calçada, sujo, e muito abatido, observava os carros rasgarem o asfalto e os ônibus juntamente com os demais automóveis, poluírem mais uma vez, os céus de uma grande cidade.
Entre pessoas e sob os céus azuis poluídos, decido aproximar-me daquele garoto.
- Olá - disse.
O rapazinho ergueu os olhos.
Ele não disse nada, parecia muito surpreso por ver alguém lhe dando a devida atenção que merece.
- Está perdido? - inquiri. Queria saber mais sobre aquele ser humano.
Ele balançou a cabeça.
- Não estou perdido, porque não tenho pais! - ele disse muito conformado para uma criança.
Senti um dó no peito.
- Então... onde você mora? - indaguei.
- Eu moro em todo lugar! - ele disse.
Olhei mais atentamente para quele pobrezinho e notei que seus pés estavam calçados por apenas um chinelo: senti-me constrangido por não fazer nada.
Ele levantou-se.
- Eu preciso ir, mas, foi um prazer conversar com o senhor. Aliás, pareço que sou um invisível perante os olhos humanos.
Aquelas palavras me esbofetearam.
E parado, vi o rapazinho sair correndo pelo tráfego de uma enorme cidade.
Pobres crianças, ou melhor, pobres seres humanos que vivem pelas calçadas de uma sociedade que apenas enfatiza o dinheiro, os ricos e que esquecem que por entre as ruas lamacentas de um país, existem pessoas como aquele rapazinho: sem casa, sem comida, sem roupa... sem uma vida digna...
Quantos pés ainda precisam ser calçados?



Biografia:
Quinze anos, desde a infância vê-se apaixonado pela escrita. Ama escrever e sente-se ainda mais feliz ao ler um ótimo livro.
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