Em um cotidiano como qualquer outro, em uma plena segunda feira entre os raios de luz solar, cá estava eu andando pelas ruas corridas de uma cidade urbana e turbulenta.
Pessoas andavam de diferentes jeitos: uns sorriam, outros conversavam, alguns tinham a tristeza estampada nos olhos, e mais outros, pareciam preocupados. Nenhum, porém, dava-se conta de um pobre garoto que pela sua condição, dava-se para ver que não possuía nada além do próprio sofrimento.
O pobre garoto sentando pela calçada, sujo, e muito abatido, observava os carros rasgarem o asfalto e os ônibus juntamente com os demais automóveis, poluírem mais uma vez, os céus de uma grande cidade.
Entre pessoas e sob os céus azuis poluídos, decido aproximar-me daquele garoto.
- Olá - disse.
O rapazinho ergueu os olhos.
Ele não disse nada, parecia muito surpreso por ver alguém lhe dando a devida atenção que merece.
- Está perdido? - inquiri. Queria saber mais sobre aquele ser humano.
Ele balançou a cabeça.
- Não estou perdido, porque não tenho pais! - ele disse muito conformado para uma criança.
Senti um dó no peito.
- Então... onde você mora? - indaguei.
- Eu moro em todo lugar! - ele disse.
Olhei mais atentamente para quele pobrezinho e notei que seus pés estavam calçados por apenas um chinelo: senti-me constrangido por não fazer nada.
Ele levantou-se.
- Eu preciso ir, mas, foi um prazer conversar com o senhor. Aliás, pareço que sou um invisível perante os olhos humanos.
Aquelas palavras me esbofetearam.
E parado, vi o rapazinho sair correndo pelo tráfego de uma enorme cidade.
Pobres crianças, ou melhor, pobres seres humanos que vivem pelas calçadas de uma sociedade que apenas enfatiza o dinheiro, os ricos e que esquecem que por entre as ruas lamacentas de um país, existem pessoas como aquele rapazinho: sem casa, sem comida, sem roupa... sem uma vida digna...
Quantos pés ainda precisam ser calçados?
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