Se quarenta milhões de pessoas assistiram à novela Avenida Brasil, não se pode esquecer que Paulo Coelho vendeu 30 milhões de livros.
João Emanuel Carneiro teve uma visão reducionista da classe C, em especial da mulher. Em Avenida Brasil, Olenka foi mulher sem criatividade, principal atributo do povo brasileiro, porque vai buscar socorro na razão, no raciocínio lógico para resolver o problema emocional de Adauto “Chupetinha”.
João Emanuel Carneiro dá uma fala para Olenka, um surrado sofisma de que “se você não acabar com a chupeta, a chupeta acaba com você”, clichê do “Se o Brasil não acabar com a saúva, a saúva acaba com o Brasil”., como se a razão pudesse dar conta de uma vontade de mais de vinte anos.
Ora, tendo na cama uma mulher como Olenka, com dois peitos maravilhosos à disposição, que homem iria lembrar dos dedos das mãos para chupar?! Só um parvo! Apresente a classe C um peitinho para ver aonde vai parar a chupetinha! Como mel aos meus ouvidos ainda soam as palavras da Denise de Ramos, uma ex-namorada: mama, mama na tua vaquinha!
Olenka naqueles rasgos intuitivos que as mulheres têm, independente de classe, teria oferecido seus peitos, não ao menino, mas ao homem e aí a cena seria fantástica: a força do peito vencendo a força da chupetinha, uma extensão de borracha. Olenka oferecendo suas duas belas chupetinhas sararia o traumatizado e de que maneira gostosa de ser sarado! Agora, o camarada passa a vida inteira chupando chupeta escondido e de repente, diante de um raciocínio chulo larga fogo numa vontade de mais de vinte anos e se libera do problema num ato simplório! Só no mundo dos carneiros! E aristotélicos.
Meu amigo só esqueceu a sua Ana Cristina porque a Monique apareceu. Todos diziam que Ana Cristina não prestava, que era perda de tempo, que ela iria acabar com a vida dele, mas cadê que esse amigo a esquecia. Foram treze anos, entanto, quando a Monique apareceu com seus belos cabelos castanhos, uma vascaína charmosa, meu amigo perdeu a cabeça. Hoje é perguntar por Ana Cristina que ele ri. Vê-se de plano que João Emanuel Carneiro não foi aluno de Schopenhauer. Chupeta está para peito assim como parvoíce está para João Emanuel Carneiro, que ao abordar este assunto parece falar do que lhe é próprio.
Eu tive um trauma. Pedi ao meu pai uma bicicleta, mas ele me disse que não, era perigoso, os carros nas ruas e apontava os ônibus, passando em velocidade. Meu pai me convenceu, mas quando o filho da minha madrasta fez cinco aninhos, apenas, meu pai de uma bicicleta Monark, vermelha para ele. Fiquei confuso porque se era perigoso, por que dar? Falei com meu pai a respeito do perigo e ele ficou sem jeito, saindo de fininho. Mal comecei a ganhar dinheiro, trabalhando e logo me dei uma motocicleta, curei o trauma. A emoção da bicicleta foi substituída pela emoção da moto. Razão nenhuma iria me curar.
Minha tia passou a vida inteira dizendo: Zé, larga essa cachaça! Zé, larga essa cachaça! Se você não acabar com essa cachaça, essa cachaça acaba com você! Resultado: meu tio morreu de câncer na garganta.
Para terminar, no alto do morro da Caixa D'água, quando alguém vacilava, a rapaziada pegava as peças como surdo, chocalho, pandeiro; fazia uma roda e o pandeiro ia passando de mão em mão e nas mãos em que o pandeiro caísse teria que ir para o centro da roda com todos cantando um refrãozinho que serve de recado da classe C ao João Emanuel Carneiro:
Você tá sujo na rodinha! Cutumgurugundum! (som dos instrumentos)
Você tá sujo na rodinha! Cutumgurugundum!
Você tá sujo na rodinha! Cutumgurugundum
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