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Rúbia Mendes Laurelli

O sinal acabou de bater. São exatamente 21:50. Eu ainda tenho que ficar na faculdade até 22:40 pra cumprir a carga horária, pra mostrar assiduidade, pra não levar falta em uma aula que eu, definitivamente, não estou presente. Já houve dias em que eu não fui à aula mas fui pro alto do morro, sentei na grama, fiquei olhando pro céu, pras estrelas, pras pessoas, observei a cidade e aprendi demais. Aprendo mais de filosofia com o barulho do vento quando ele sopra forte, lá de cima, do que com a voz da professora. Aquela voz de quem fuma desde os 13 anos de idade, há três vidas seguidas. Aprendo muito mais de concordância quando vejo o anoitecer desde quando aparece a primeira estrela, depois aparece a segunda, a terceira… Aí vejo estrelas. Coletivo: constelação. Aprendo Linguística Histórica conversando com o rapaz que me faz bem, ouvindo seus dialetos, suas gírias, percebendo as variações e a estranheza do sentimento linguístico. É pouco provável que fora da faculdade eu fale de Saussure e de Benveniste. Mas prefiro deixá-los descansando em paz, ao lado do nosso Deus Pai Todo Poderoso. E espero que eles estejam lá mesmo. Até porque a partir dessa semana, me baseando em outros problemas que tive, não quero falar de terceiros. Nem pro bem, nem pro mal. Ainda mais se os terceiros já estiverem em outro plano. (Paulo Freire, você está incluso nessa). Ou seja, fiz um texto, passei o tempo, treinei a escrita, forcei o pensamento, falei das matérias, lembrei das coisas que aprendi e não levarei falta. Pegarei o ônibus daqui a pouco, chegarei em casa, pedirei a bênção pros meus pais e dormirei. Não me sinto estudante, tampouco escritora. Não me sinto nada e por isso me aceito como tal. Cumpri a carga horária, as normas da instituição e as vontades alheias com êxito. Esta é a conclusão à qual cheguei: as pessoas mais descontentes do mundo são as pessoas que no final do dia não sentem a sensação de ‘dever cumprido’. Presente professora!

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