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PARECE-ME, QUE FOI ONTEM!
João Carlos de Oliveira

Agora são 22,00 horas, sentado na minha escrivaninha de frente a tela de um computador, percebo, pelo som que vem da televisão, que minha família assiste a um canal de novelas. Como não gosto de dormir cedo, e na maioria das vezes, não assisto a novelas, procuro através do teclado do meu computador, me aventurar nas idéias, transformando pensamentos desconexos, em algumas frases inteligíveis. Iniciava no Word - como na maioria das vezes faço -, sem nenhuma idéia preconcebida. Entretanto, antes que pudesse escrever qualquer coisa, fui despertado pela presença do meu filho mais novo que se encaminhava ao banheiro, que passando próximo à mim, exclamou: Pois é papai! o senhor está se lembrando que amanhã é o dia do seu aniversário? O senhor não nasceu em 20 de Outubro? Amanhã será 20 de Outubro! Acabei por concordar com ele, más em seguida, voltei ao computador tão logo ele se afastou. A lembrança dele, tempestivamente, me trouxe à tona uma série de pensamentos, principalmente da minha infância. Uma infância de criança nascido no campo, que foi criado modestamente, e que nunca teve festas de aniversário nem brinquedos, não que meus pais não pudessem fazê-lo, más tudo era uma questão de cultura, onde na maioria das vezes, nem mesmo as datas dos aniversários eram lembradas. Não quero com estas lembranças, que são muito minhas, condenar a atitude dos meus pais, muito pelo contrário, se não tive festas nem brinquedos, por outro lado, não me faltaram o esforço deles para que eu estudasse. A vida é assim mesmo, talvez por seqüelas, nunca liguei muito para datas nem aniversários, e muitas das vezes, neste chamado, mundo moderno, tenho sido criticado pelos meus próprios familiares. Como estou a falar de infância, de datas de aniversário, de festas, acabei por puxar o fio da meada, e uma coisa vai se ligando à outra. Como nasci no seio de uma família católica, muito ligado a igreja, sempre participava de todas as festividades que ocorriam todos os anos no mês de Agosto, na comunidade rural próxima da propriedade do meu pai. Na roça naquela época, existiam muita gente, me lembro que nos dois ou três dias de festas do padroeiro, nosso povoado, enchia-se de gente de todos os lugares. Durante as festividades, minha mãe não me permitia perder uma única missa, além das aulas de caticismo. Apesar da tenra idade, sempre prestava muita atenção aos sermões dos Padres, más um fato, me chamava especialmente atenção, quando os Padres diziam em suas pregações, que o mundo haveria de acabar, e que dois mil anos não inteiraria, que Deus haveria de descer à terra, onde haveria de julgar os vivos e os mortos. Creio que por esta época, não tinha mais do que seis ou sete anos, pois acabava de fazer a minha primeira comunhão, o meu grau de entendimento da vida e das suas circunstâncias, era quase nada, o ambiente católico em que vivia, reforçava sempre esta tese, que o mundo, digo, as pessoas, não sobreviveriam após o ano 2000. Que o mundo iria mesmo acabar. Cresci com esta verdade na cabeça, que aliás, me inquietava muito, quando fazia a as contas nos meus dedos, e chegava a conclusão, que haveria de morrer ainda bastante jovem. Assim o tempo foi passando, o ano 2000 chegou, e mundo não acabou, quer dizer, as pessoas não morreram e não acabaram, mesmo porque, o mundo não acaba. Naturalmente, que há muito, não mais mantinha esta crença, elas foram sendo desmistificadas na medida em fui crescendo, passei aos poucos, a ver a vida e o mundo sob uma outra perspectiva. Hoje, véspera do meu aniversário, mantenho a forte convicção, que por todas as razões, apesar dos momentos difíceis que não tem sido poucos, só posso dizer em alto e bom som, que viver vale a pena, e que a graça de Deus, está semeada por todos os cantos e lugares, e que se caso queiram vê-la, é só dar uma olhada ao seu lado, e prestar atenção na sua grandiosidade, muitas vezes, presentes em pequenas coisas.

Montes Claros, MG, 19 de Outubro de 2010.
João Carlos de Oliveira
E-mail: zoo.animais@hotmail.com



Biografia:
Nem mesmo cairá uma unica folha de uma árvore, se caso não exista uma razão para tal!

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