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NATUREZA EM FESTA
João Carlos de Oliveira

NATUREZA EM FESTA
Por: João Carlos de Oliveira

Segunda quinzena de outubro, já se faziam mais seis meses que não caia uma única gota d’água na nossa região, as nossas terras estavam sendo castigadas pelo rigor do sol, cuja temperatura ambiente, beirava facilmente aos 39 graus. Os nossos rios estavam secando, os barramentos e tanques escavados para acumulação de água para o gado e para os demais animais de criação, também secavam, e os seus leitos de barro argiloso, se apresentavam ressequidos e rachados pela evaporação da água. Perfurávamos cacimbas e cisternas ao longo do leito seco dos nossos rios. Nossas mulheres e crianças, com seus potes e tambores, apanhavam a esta água, por vezes impuras e barrentas , e na transportavam sobre as suas cabeças para matar a nossa sede, e cozimento dos poucos alimentos que nos restavam. Mesmo diante das adversidades do tempo, nunca desanimávamos, jamais haveríamos de perder as nossas esperanças , pois somos todos movidos por uma fé inabalável, a fé de que tudo, e de que todas as coisas, vão dar certo. Rezávamos o terço, organizávamos procissões em oferenda ao senhor dos céus, da terra, ao senhor das chuvas e das boas águas. Em procissão, entoávamos cânticos de louvação, levávamos conosco, as oferendas ao divino, representados principalmente, pela água transportada em potes e moringas de barro sobre nossas cabeças, e ainda, muitos ramos verdes de plantas e suas flores, que ao final da nossa caminhada, eram tudo depositados ao pé de um grande cruzeiro de madeira, encravado nas encostas de uma colina. A vida nos exemplifica, que existem momentos certos para tudo, as bênçãos de Deus não haveria de nos faltar, e, foi assim, logo ao início do mês de Novembro, que numa madrugada de calor abafado, que ouvimos o barulho dos primeiros pingos de chuva que caiam sobre o telhado das nossas casas. Não se passou muito, o cheiro de terra molhada invadia as nossas casas - era o prenúncio das chuvas de brotação que chegavam de mansinho. Imediatamente em toda a região, trabalhos de preparo do solo para o plantio das nossas lavouras de subsistência foram implementados, aguardávamos com esperança, que o tempo chuvoso se firmasse, para que realizássemos a semeadura das sementes. Não se passaram mais do quinze dias, as chuvas vieram de vez, segundo a leitura trazida pelos mais velhos, eram tempos de plantio, a natureza desnuda, estava novamente em júbilo, se revestia aos poucos, de uma nova roupagem do verde. Os nossos córregos , e rios, com seus leitos secos, voltaram novamente a receber a tão preciosa água, como se fosse o sangue que voltasse à correr nas suas veias. Perto da minha casa, tinha uma lagoa, que havia secado naquele ano, cuja bacia de acumulação de águas por ocasião das chuvas, era bastante grande, dada a sua extensão, grande o suficiente, para que as suas águas, se estendessem até bem próximo do curral da minha casa. Novamente cheia pela água das chuvas, ao cair da tardezinha, na pequena noite, do alto das janelas da minha casa, ouvíamos a um verdadeiro coral de piados, sons, vozes, de um variado grupo de animais - aquáticos ou não -, puxados especialmente, pelo coaxar dos sapos, dos caçotes, das rãs, contrapostos, pelo cricrilar dos grilos, pelo zumbir dos insetos, pelo canto das cigarras, pelo chilrear das aves de hábito noturno, e pelo canto de tanto outros animais silvestres, cujos cânticos, não conseguiríamos diferenciá-los. Ao mesmo tempo, na escuridão da noite, nos deleitávamos ao contemplar a região formada pelo espelho d’água do lago, quando podíamos observar com deslumbramento, a beleza ímpar que se formava ao longo de toda a sua orla, pela presença de milhares de luzes que piscavam, numa alternância de cores e matizes, indo do vermelho cor de fogo, ao azul ligeiramente arroxeado, oriundos dos vagalumes e lagartas de fogo - todos em festa. Ao amanhecer do dia, éramos acordados pelo coral formado pelo canto de centenas e centenas de pássaros, oriundos de mais de duas dezenas de espécimes diferentes, que procuravam nas matas ciliares preservadas daquele lago, o abrigo necessário, para a sua reprodução. A natureza estava novamente em festa, a biologia da vida, novamente se manifestava ali com toda sua força, era o início de mais uma estação chuvosa no semi-árido nordestino..

    João carlos de Oliveira
    
     E-mail: zoo.animais@hotmail.com




Biografia:
Nem mesmo cairá uma unica folha de uma árvore, se caso não exista uma razão para tal!

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