Antes de abordarmos a historia da deficiência, faz-se necessário introduzirmos alguns conceitos. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa deficiência significa insuficiência; falta; imperfeição. Deficiente quer dizer em que há deficiência; imperfeito; falho.
Diante de uma reflexão sócio-poética sobre a deficiência e a interação social dessas pessoas, retornando a Antiguidade, tomando como base os fundamentos históricos descritos por Souza (2003), somente o “cidadão” possuía direitos políticos alem de ser o único valorizado. Já os estrangeiros, conhecidos como “metecos” e os escravos, se enquadravam no setor de subumanos. Mulheres e crianças não exerciam valor social, e pessoas que nasciam com alguma deficiência eram abandonadas, ou “expostas” pelos romanos em festividades.
Com a chegada do cristianismo, ocorre uma valorização da vida humana; em conseqüência, os portadores de deficiência adquirem alma e passam a ser considerados filhos de Deus.
Já na idade média, os deficientes eram tidos, ora como crianças do bom Deus, ora como bobos da corte. Durante a Reforma Protestante, deficientes foram muito negligenciados, sendo considerados por Lutero e Calvino, como “indivíduos possuídos por Satanás”. No tempo da Inquisição Católica, séculos XIV, XV e XVI, vários deficientes mentais morreram por não conseguirem se defender ao serem acusados de heresias.
Por volta do século XVI, Paracelso e Cardano, médicos e filósofos, afirmaram que deficientes mentais constituíam problema médico, ocorrido por fatores hereditários ou cognitivos. Dessa forma, o médico é quem passa a decidir o destino dos deficientes, e não mais o clero. Entretanto, no século XVIII, com a Revolução Burguesa e o surgimento do Capitalismo Mercantil, na medida em que não se acreditava que os deficientes poderiam ser educados e se tornarem produtivos, e tendo a medicina, a responsabilidade sobre eles, os deficientes passam a ser internados em hospitais psiquiátricos que começam a surgir nessa época.
Segundo Aranha (1994), tais hospitais são considerados como “locais para confinar, mais do que para tratar os pacientes que fossem considerados doentes, que estivessem incomodando a sociedade ou ambos” (p. 285).
No século XIX, o médico Esquirol descreveu, pela primeira vez, as diferenças entre doença mental e deficiência mental, relatando que o critério para avaliar esta última seria o rendimento educacional do deficiente. Com essa afirmação ele retira a responsabilidade do médico em decidir o que fazer com os deficientes.
No século XX, com as duas grandes Guerras Mundiais, além de inúmeros fatores importantes para mudanças no sistema familiar, surgiu a Declaração dos Direitos Humanos.
Conforme Souza (2003), com o grande avanço das ciências médicas e paramédicas da psicologia e da pedagogia, muito contribuíram para o desenvolvimento de entidades multidisciplinares para o estudo, pesquisa, prevenção, habilitação e reabilitação dos deficientes.
Contudo, vendo negado o atendimento aos seus filhos deficientes, nos recursos regulares de ensino, ainda de acordo com o autor, os pais dão início a movimentos para criação de espaços especializados para sua educação, passar a existir então a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a APAE. Com isso, deficientes são acolhidos em espaços especializados, que tem por objetivo, educá-los, habilitá-los e reabilitá-los para que possam ser incluídos à sociedade.
Entretanto, de acordo com Sassaki (1997), o grande número de pessoas que adquiriram alguma deficiência em conseqüência das guerras, fez surgir um batalhão de desadaptados sociais. Com isso, começa-se a falar principalmente nos EUA dos direitos dos deficientes e da necessidade de inclusão social destes. O autor conceitua inclusão social como:
(...) o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, a pessoa portadora de necessidades educacionais especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade (SASSAKI, 1997, p. 41).
Na década de 1990, a ONU e outras organizações aprovam o documento “Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para as pessoas com deficiência”, ressaltando a idéia se uma sociedade para todos, chamando a sociedade à responsabilidade de atender as necessidades de todos os seus componentes, independente de sua condição social, física ou mental.
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