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O Trabalho e a Ergonomia
Adalberto Romualdo Pereira Henrique



     Santos (1997) define o trabalho como uma atividade própria do ser humano enquanto ser social. Existem vários entendimentos para a atividade laboral, de acordo com a forma de abordagem. Em uma das análises mais ressaltadas procurou-se diferenciar as atividades humanas de trabalho. Para os pesquisadores, a distinção deve recair na classificação das atividades do homem em "trabalho" e "não trabalho". Como exemplos citam a atividade de colher uma fruta: quando o objetivo é apenas comê-la, não seria trabalho, contudo a mesma ação com objetivo comercial caracterizar-se-ia como uma situação laboral. Outro exemplo pode ser encontrado no lazer, onde a atividade humana pode caracterizar-se como "não trabalho" para o turista que procura apenas uma satisfação direta de uma necessidade recreativa, mas como "trabalho" para o guia que o conduz.
     No entanto, uma importante forma de identificar uma atividade como trabalho é o valor pago pelo mesmo, isto é, o salário. Uma das características fundamentais do trabalho é a remuneração, quando não se pode desconsiderar, por exemplo, os estudantes, as atividades domésticas e os atletas. Estes, por sua vez, devem cada indivíduo, com sua particularidade, apresentar algum resultado e/ou desempenho sem, na maioria dos casos serem remunerados.
     São muitas as áreas de conhecimento como no caso da Sociologia, Economia, Administração de empresas, Serviço social, Psicologia, Terapia Ocupacional, entre outros que incluem em seu campo de estudo as relações do trabalho. No entanto, uma ciência reconhecida recentemente (1949-1950) a qual procura adaptar o trabalho ao homem, identificada como Ergonomia, tem recebido muita aceitação por parte dos pesquisadores (IIDA, 1993).
     A palavra Ergonomia vem do grego ergon (trabalho) e nomos (legislação, normas). Pode ser entendida como a ciência que procura configurar, planejar, adaptar o trabalho ao homem, respondendo questões levantadas em condições de trabalho insatisfatórias (DUL e WEERDMEESTER, 1995).
     A Ergonomia possui vantagens em relação às outras áreas do conhecimento que pesquisam o trabalho, pois apresenta natureza aplicada e em especial, caráter interdisciplinar. O caráter aplicado está fundamentado na adaptação do posto de trabalho e do ambiente cotidiano às necessidades e características humanas, enquanto a interdisciplinaridade significa que a ergonomia se apóia e utiliza informações de outras áreas do conhecimento humano para alcançar seus objetivos. A interdisciplinaridade permite ao ergonomista a bagagem para entender as necessidades e dificuldades do trabalhador e dos mais variados tipos de profissões existentes em nossa sociedade (MONTMOLLIN, 1995).
Isto é facilitado porque a ergonomia está apoiada em conhecimentos de outras áreas científicas, como Biomecânica, Fisiologia, Cineantropometria, Anatomia, Arquitetura, Desenho industrial, Engenharia mecânica, Informática. Estes recursos contribuem para um relacionamento harmonioso entre o indivíduo e a realização de uma tarefa.
     Assim, a Ergonomia se faz presente no projeto e adaptação de ferramentas, armas, utensílios, máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas de toda natureza às necessidades e características humanas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho (IIDA, 1993).
     A condição de trabalho está, antes de tudo, no ambiente físico (temperatura, pressão, barulho, vibração, irradiação, altitude e iluminação), no ambiente químico (produtos manipulados, vapores e gases tóxicos, poeiras, fumaça, etc.), no ambiente biológico (vírus, bactérias, parasitas e fungos), nas condições de higiene e nas características antropométricas do posto de trabalho (DEJOURS, 1988).
     A condição de trabalho estudada pela Ergonomia, de acordo com Dul e Weerdmeester (1995), também permite incluir outros aspectos, como posturas e movimentos corporais (sentado, em pé, empurrando, puxando, levantando pesos, repetição de movimentos), informações (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas. A análise e ajuste adequado destes fatores possibilitam projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto para o trabalho quanto para as atividades diárias.
     Sendo esta análise do ambiente de trabalho um fornecedor de informações que podem ser aplicadas na elaboração de instrumentos, para que o homem não fique exposto a acidentes e a má postura, podendo moldar suas atividades ao conforto, segurança e eficiência. Assim a ergonomia procura focalizar o homem no projeto de trabalho e nas atividades cotidianas. As condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência podem ser eliminadas quando são adequadas às capacidades e limitações físicas e psicológicas do homem (DUL & WEERDMEESTER, 1995).
     Para Carvalho (1984), a ergonomia propõe preservar o homem da fadiga, do desgaste físico e mental, colocando-o apto ao trabalho produtivo. Complementa Lancman (2004) que a ergonomia possui duas abordagens: a Human Factors e Ergonomia da Atividade Humana. A primeira abordagem citada como enfatiza Mascia e Sznelwar (apud LANCMAN, 2004) “privilegia a interface entre os componentes materiais e os fatores humanos”, “leva em conta as características gerais do homem, para que máquinas e dispositivos técnicos sejam mais bem adaptados aos operadores...”.
     Tendo em vista que a execução de toda atividade humana, seja no trabalho, no lar, no tempo livre ou rendimento esportivo, requer o emprego de instrumentos, equipamentos ou acessórios para realizá-la, torna-se evidente a valiosa contribuição que a Ergonomia poderá fornecer na adaptação e realização destas atividades.


Biografia:
Acadêmico de Terapia Ocupacional pela Faminas/Muriaé-MG.
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