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Traição e Castigo
Vanderlei Antônio de Araújo



    Soraya, sua mulher, passava as tardes de domingo fora, na casa da mãe, num bairro afas-tado, voltava à noite. Numa tarde, depois que ela saiu, Eurico foi até a esquina, comprou um jornal na banca e levou para casa. Foliava o jornal, quando descobriu num anúncio de garotas de programa, uma de nome Iara que lhe pareceu muito interessante: morena, toda linda, super-carinhosa e ousada. Telefonou para ela e combinou preço e as condições do serviço; depois marcou um encontro em seu apartamento para aquela tarde.
    Iara, uma mineira muito faceira vinda de Uberaba, tinha provavelmente uns 20 anos, mo-rena, bonita, cabelos curtos, seios fartos e firmes. Apresentou-se bem vestida, fogosa e insinuan-te, enchendo Eurico de tesão. Foi uma tarde de prazeres incalculáveis em uma transa tempestu-osa sem nenhuma culpa ou mesmo um resquício de remorso.
    Após o acerto e enquanto ela se despedia, ele combinou um novo encontro para o domingo seguinte, alias, a contratou para visitá-lo todas as tardes de domingo. Ela aceitou. E assim, pon-tualmente, a partir daquele dia, todos os domingos à tarde, ela aparecia. Chegava sempre impe-cável nos trajes e dizia que estava morrendo de saudade, aguçando os desejos de Eurico. Mas o que ela queria mesmo era o dinheiro certo que ganhava dele.
    Soraya ficou intrigada com a mudança de comportamento de Eurico. Nunca foi tão gentil como ultimamente. Era muita gentileza para quem não suportava suas visitas a mãe. Ele por diversas vezes reclamou e quis até proibi-la de visitar a mãe. Ela que não aceitou. Negava o di-nheiro para o ônibus dizendo que a grana estava curta. Agora não, sem ela pedir oferecia a grana para a condução e ainda mandava lembranças para a sogra. Estava desconfiada. Suspeitava de que poderia haver alguma coisa nesta história. Estava deveras cabreira com o caso. Mas, pen-sando bem, se tudo corria favoravelmente, porque esquentar a cabeça com indagações, ainda mais porque ela se beneficiava da situação. Resolveu não pensar mais no caso.
    Acontece que num tarde, ao voltar da casa de sua mãe, encontrou-se com uma moça es-tranha na saída do elevador: toda empinada nas pontas dos pés por causa do salto alto, maquia-da, muito faceira e bem arrumada. Ela ficou intrigada. Não devia ser moradora do prédio porque nunca tinha visto sua cara por ali. No domingo seguinte, o encontro com aquela mesma moça a deixou mais desconfiada. Perguntou ao porteiro se era moradora nova, ele disse que não e que não a conhecia. Informou que a moça só aparecia nas tardes de domingo, falava que ia visitar um parente.
    Não agüentando mais, Soraya resolveu voltar mais cedo para casa. Despediu da mãe di-zendo que tinha um assunto a resolver. Quando abriu a porta do apartamento ela deu de cara com Eurico aos beijos e amasso com a mesma moça que ela encontrara no elevador. Ao vê-la a moça correu e foi se refugiar no banheiro. Eurico saiu rapidamente do apartamento, pegou o e-levador e foi para a rua. Soraya fez um escarcéu do diabo, foi até a cozinha pegou uma faca e se postou diante da porta do banheiro e em altos brados gritava que iria matar aquela sirigaita que estava com seu marido. E depois acabaria com ele. A moça, morrendo de medo, gritava que não sabia que ele era casado e que era uma profissional.
    Depois de muita confusão e gritaria os vizinhos e o sindico apareceram e com a interven-ção deles, Soraya permitiu que a moça saísse. Quando a viu foi avisando:
- Olha aqui sua vagabunda não vou fazer nada com você agora, mas nunca mais apareça por aqui.
   No dia seguinte, quando Eurico voltou ao apartamento e não conseguiu entrar, pois Soraya havia trocado as fechaduras das portas, ficou possesso. Mas se entrasse, não ia encontrar nada do que era seu. Todos os seus pertences, roupas, sapatos, fotografias de parentes, escova de den-te e mala foram jogados na lata de lixo. O caminhão da prefeitura passou e levou tudo para o aterro sanitário.


Biografia:
-
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