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Cocaína
Jô Mendonça

Resumo:
Parecia uma festa comum, como outra qualquer e era isso que Paulo esperava, só que no meio da noite, ele teve uma grande surpresa.


Depois de tanto trabalhar, Paulo achou que seria justo se divertir um pouco, afinal de contas, no dia seguinte, estaria de folga e aquela noite seria ideal para algum programa, pensou em pegar um cineminha, mas já estava farto de assistir filmes, queria algo mais forte, mais emocionante, mais marcante do que uma simples sessão de cinema. Lembrou-se do convite de Álvaro, um amigo dos tempos da faculdade, famoso por ser esbanjador e gostar muito de farras, em suas festas, costumava rolar muito sexo e às vezes consumo de drogas, Paulo já havia ido a algumas delas, mas não transava com ninguém nem usava nenhum tipo de droga, apesar de fumar e beber bastante.
No fim do expediente Jorge, Isabel e Caio combinaram de ir comer na praça de alimentação do shopping e de lá ir assistir a uma peça de teatro, convidaram Paulo e os quatro partiram, Isabel no carro de Caio, Jorge e Paulo no carro de Paulo. Durante o trajeto Paulo e Jorge falavam de trabalho, das matérias que seriam publicadas no jornal para o qual trabalhavam, uma delas era sobre animais domésticos e o crescimento das lojas especializadas em cuidar deles.
No carro de Caio, um CD de música eletrônica, Isabel falava de trabalho enquanto o rapaz tentava relaxar e esquecer, pedia a colega para mudar de assunto, mas ela insistia até que ele se irritou e xingou um palavrão, a moça se ofendeu.
_Seu grosso!
No carro de Paulo, Jorge falava sobre o desejo de ter um animal de estimação, mas a esposa não gostava de bichos, Paulo dizia que o casal deveria entrar num consenso.
O shopping estava quase próximo, no caminho, o bom e velho engarrafamento paulistano, costumeiro e diário. Caio estava com uma aparência diferente do comum, um pouco mais bronzeado, cabelos bem crescidos, chegavam aos ombros e barba por fazer. Isabel continuava a mesma, cabelos aloirados pelas luzes que costumava fazer no salão, com descolorante, hidratados e ainda mais lisos devido a chapinha, unhas cumpridas e com esmalte escuro, pulseiras nos braços e anéis nos dedos, sandálias nos pés. O rapaz dirigia sério, parecia estar mal humorado, todavia Isabel era o contrário, estava de bem com a vida, queria fazer o ex-namorado e colega de trabalho se animar um pouco.
Paulo e Jorge também continuavam os mesmo. Paulo sempre evitando se bronzear, não gostava muito de ir a praia, permanecia com a pele sempre muito clara. Como Caio, também estava com os cabelos um pouco crescidos, mas ainda longe de chegar aos ombros, sempre se barbeava, nunca deixava crescer, somente quando estava em fases de depressão. Jorge continuava acima do peso, mas sempre prometendo fazer um regime a cada virada de ano, nunca cumpria, como de costume sempre soltava suas famosas piadas.
Chegaram ao estacionamento do shopping, era difícil achar uma vaga, Paulo encontrou primeiro, cinco minutos depois Caio encontrou, desligou o som, ele e a colega saíram, no caminho cruzaram com Paulo e Jorge, entraram todos pela porta de vidro, caminharam pelas lojas, vitrines, dezenas delas exibindo roupas muito caras. Caminhavam, conversavam e riam, Caio de vez em quando achava graça das piadas de Jorge e tentava relaxar. O shopping estava cheio, Isabel, Caio, Paulo e Jorge caminhavam rumo à praça de alimentação, no caminho, uma loja de roupas masculinas, Jorge parou para olhar algumas peças, caras demais! Disse que jamais gastaria tanto dinheiro para se vestir, já Paulo comentou que costumava comprar naquela loja e que não tinha receio em gastar com peças caras, mesmo que para isso tivesse que comprar apenas uma por mês.
Isabel havia rompido de vez com Caio, mas o rapaz ainda tinha esperanças de reatar a relação, tentava se aproximar, mas ela se esquivava, estava magoada, havia sido traída e já não agüentava mais ter que dividir Caio com outras garotas.
A praça de alimentação estava cheia, era preciso ter paciência e jogo de cintura para chegar até o atendente e pedir o lanche, os quatro conseguiram comprar os combos e logo se dirigiram a uma mesa vazia e recém desocupada.
_Hoje o dia foi de matar! _Comentou Jorge.
_Mas amanhã teremos o merecido descanso. _Completou Paulo.
_Temos que comprar logo os ingressos para o espetáculo. _Lembrou Isabel. _Se não podem esgotar.
_Eu tive uma idéia melhor. _Disse Paulo. _Ao invés de assistir a esse espetáculo por que não vamos a uma festa na casa de um amigo meu.
_Que amigo? _Quis saber Caio.
_Um amigo meu do tempo da faculdade, o Álvaro, ele se formou em jornalismo mas trabalha na área de propaganda e marketing. Ele tinha uma banda de rock naquela época, tinha não, tem, mas as turnês diminuíram bastante e alguns integrantes saíram da banda, mas eles ainda se apresentam em bares micados, aqui na cidade e no interior. _Contou Paulo. _Bem, vai ser mais divertido do que assistir a um monólogo.
_Eu gostei da idéia da festa, faz tempo que não vou a uma.Espero que lá não tenha aquele monte de adolescentes me chamando de tio. _Brincou Jorge. Todos riram.
_Fica tranqüilo Jorjão, o pessoal é jovem mas não tem nenhum adolescente não, todos já são maiores de idades e graduados.
_Ah bem! _Tranquilizou-se. _Que eu tenha trinta e poucos anos ainda vai, mas ser chamado de tio, aí já é demais!
Mais gargalhadas, era difícil não rir com as brincadeiras do colega.
_Mas podemos ir depois da peça. _Insistiu Isabel.
_Dizem que essa peça é bem demorada e a festa vai começar daqui a pouco. _Lembrou Paulo.
_Bem, eu troco a peça pela festa. _Disse Jorge.
_É, vamos a festa. _Aceitou Caio.
_Então não vamos mais assistir ao espetáculo? _Confirmou Isabel.
_Não. _Respondeu Caio.
Os quatro amigos conversavam e riam enquanto comiam, a idéia da festa até deixou Caio mais bem-humorado.
Depois do lanche deixaram o shopping e dirigiam rumo ao bairro Parada Inglesa,onde aconteceria a festa , no carro de Paulo o som era house music, ele dirigia enquanto cantava junto. Já no de Caio, tocava música eletrônica, o rapaz era freqüentador de raves e outros eventos similares, gostava muito daquele estilo de música.
Já era noite, trânsito a todo vapor, pessoas a caminhar, bares e lojas atendendo clientes, todo tipo de estabelecimento funcionando como de costume. Boates e danceterias ainda fechadas, abririam só após a meia noite. Moradores de rua a perambular pelas calçadas, cães, também de rua, a procurar algo para comer ou simplesmente uma companhia, alguns deles se juntavam aos andarilhos solitários.
Tribos urbanas circulavam, pessoas praticamente caracterizadas. Alguns góticos circulavam solitários, outros em duplas.Casais de namorados, alguns deles idosos, também andavam pelas ruas da cidade. Taxistas ávidos por passageiros, alguns eram disputados quase que a tapas. Motoboys ziguezagueavam, costuravam o transito com suas manobras arriscadas, pois o cliente não podia esperar muito tempo pela entrega. Algumas pessoas saíam do trabalho e iam rumo aos pontos pegar ônibus ou van, o que aparecesse primeiro.
Já estavam no bairro Parada Inglesa, Paulo ia na frente, Caio o seguia, não estava muito longe. Carros circulavam, alguns iam para o mesmo endereço que eles. Jorge abriu uma latinha de cerveja, pra começar bem à noite.
_Tomar cerveja quente! Só você mesmo Jorge! _Comentou Paulo.
_Cerveja é bom em qualquer temperatura e nem tá tão quente assim.
_Cerveja só desce se estiver estupidamente gelada.
Paulo desligou o som, pois já estava próximo ao endereço, já estavam na rua.
_Esse cara mora em casa ou apartamento? _Quis saber Jorge.
_Ele mora sozinho num apartamento, no quinto andar, é lá que vai ser a festa. Na época da faculdade, ele morava com os pais e aproveitava, quando os dois viajavam, pra convidar os amigos pra casa dele e dar essas festinhas.
_Pelo visto a vida desse cara se resume a sexo, drogas e rock'n roll.
_Mais ou menos.
Chegaram ao prédio, desceram do carro, se identificaram ao porteiro e foram liberados, os quatro caminharam até o elevador, subiram e chegaram ao quinto andar, foram ao apartamento 503, tocaram a campainha e foram atendidos por uma jovem negra, de cabelos longos e cacheados, muito bem vestida, maquiada, e sorridente, logo os convidou para entrar. A sala estava cheia de convidados, muito descolados, a maioria deles com uma latinha de cerveja na mão, muitos fumantes, alguns riam e falavam alto. Álvaro logo apareceu, Paulo percebeu que o amigo continuava o mesmo dos tempos da faculdade, cabelos longos, fumante inveterado, falastrão e barulhento. Tinha muitas tatuagens nos braços e pequenos alargadores de orelha. Os dois se abraçaram, Paulo apresentou Jorge, Caio e Isabel. Álvaro contou que a moça que atendeu a porta era sua namorada e também colega de trabalho.O som era house music, muitas música remixadas, algumas pessoas já dançavam. Álvaro foi até a cozinha e voltou com quatro latinhas de cerveja, deu aos convidados recém-chegados. Como não estavam mais namorando com Caio, Isabel já olhava para os lados para ver se encontrava algum rapaz desacompanhado, para dar suas investidas, um gole da cerveja e mais uma vasculhada no ambiente, numa festa, haveria de ter algum homem a procura de uma garota. Paulo e Jorge apenas bebiam e conversavam num canto da sala, Caio tentava reconquistar Isabel, atrapalhando a sua procura por outro parceiro.
Mais convidados chegavam, alguns já bem desinibidos, riam, faziam piadas, Jorge rapidamente se enturmou com eles.
À medida que o tempo passava, as pessoas iam se soltando mais, casais se formavam, pessoas que se conheciam há pouco tempo ou que acabavam de se conhecer. Paulo apenas observava Isabel se insinuar para ele, o rapaz estava inibido, com medo de Caio se zangar e criar uma confusão, como costumava fazer. Jorge dançava com uma garota morena, cabelos longos e lisos, bem mais jovem do que ele e muito bonita, apesar de casado, ele não dispensava outras mulheres, não era o tipo bonitão e sarado, mas era infalível na hora de conquistar uma mulher. Caio chegou por trás de Isabel e a agarrou pela cintura, não permitindo que ela se insinuasse para ninguém que não fosse ele, sem que a moça esperasse,o rapaz pegou em seu queixo, virou seu rosto para que ficasse frente a frente com ele, os lábios da moça roçavam nos dele, Caio surpreendeu com um beijo na boca. No começo Isabel resistiu, mas aos poucos foi cedendo e se entregando. Paulo continuou na sua, apenas observando as pessoas dançarem, já nem queria mais cerveja, Álvaro e a namorada se aproximaram do amigo.
_Cara, vai ficar aí parado, vendo todo mundo se divertir? _Questionou o anfitrião.
_É que tem algumas pessoas que eu não conheço e...
_Deixa de besteira cara, vem se divertir!
_Toma mais uma cerveja! _Ofereceu a namorada de Álvaro. _Pode pegar lá na geladeira!
_Não obrigado!
O house music foi substituído pelo rap americano. Mulheres insinuantes dançavam, rapazes ávidos por elas, as seguiam, as abraçavam e soltavam o famoso xaveco ao pé do ouvido. Aos poucos Paulo ia se soltado, aproximou-se de Jorge para não ficar deslocado. Alguns petiscos eram servidos e degustados.
Cinqüenta minutos se passaram, Paulo resolveu parar um pouco, de repente viu um aglomerado de uns cinco convidados agachados num canto da sala, compartilhavam algo que ele, não conseguia identificar o que era, pois os rapazes envolvidos estavam de costas.Ficou curioso, intrigado, de certo era algo muito interessante, pois o grupo só aumentava, Álvaro e a namorada também entraram no meio. Paulo olhou para Jorge, entretido com a garota, olhou para Caio e Isabel, aos beijos e amassos, não resistiu a curiosidade e foi ver o que era. Á medida que se aproximava as coisa se esclareciam, os fatos falavam por si só, uma pequena mesinha com uma grande quantidade de cocaína sendo cheirada em carreiras por todos que estavam ali em volta dela. Levou um choque, um baque, aos vinte e nove anos, Paulo nunca havia consumido nenhuma droga que não fosse álcool, tabaco e muito raramente maconha, de fato, aquilo para ele era novidade, nunca tinha visto uma cena daquelas, só nos filmes, nunca imaginou que pudesse ver algo do tipo, bem na sua frente, pensou nos colegas de trabalho, todos ocupados, talvez nem o perceberiam entrando ali no meio, queria muito ir e experimentar aquele pó branco, de aparência tão sutil, capaz de proporcionar uma sensação indescritível, algo que Paulo nem conseguia imaginar. Droga pesada, viciante, estimulante, ilícita. Esses pensamentos não saíam da cabeça do rapaz, extremante impulsionado a ir e cheirar e ao mesmo tempo extremamente temeroso assustado. Pensou em sua mãe, sempre com um discurso anti-drogas pronto, a fim de educar os filhos. Lembrou-se das reportagens sobre o assunto que sempre fazia e de uma clínica de recuperação que havia visitado para gravar uma matéria que seria exibida na televisão, na época em que era estagiário. Paulo queria muito fazer aquilo, mas as palavras de sua mãe e seus valores morais se tornaram uma enorme barreira naquele momento, queria muito ignorá-los, afinal de contas, já tinha vinte e nove anos, não era mais uma criança que precisava pedir permissão. Passou a mão pelos cabelos, aflito, indeciso. De repente sentiu alguém por a mão em seu ombro, olhou, era Isabel.
_Ué, você não estava com o Caio? _Indagou Paulo incomodado com a presença da amiga.
_Estava, mas ele foi ao banheiro.
Paulo respirou fundo, olhou para o pessoal que consumia a droga, já alucinados. Queria cheirar também para se sentir como eles.
_É, essa festinha tá bem animada. _Comentou a moça se referindo ao consumo de drogas. _Tem um pessoal fumando maconha lá fora, o Caio me disse que vai embora, ele não gosta dessas coisas.
_Não gosta mais, porque na adolescência ele já gostou bastante. _Lembrou Paulo.
_Mas ele foi no banheiro. _Disse Isabel.
Álvaro convidou Isabel e Paulo para consumirem a droga, e os dois, apesar do receio, resolveram experimentar, ambos queriam muito saber como era o efeito daquela droga, que só conheciam através de terceiros ou das reportagens que faziam. Isabel foi primeiro, cheirou uma carreira, depois foi a vez de Paulo, cheirou também.
Jorge estava aos beijos com sua pretendente, os dois foram na sacada do apartamento.

_O que você acha da gente sair da festa e ir pra um outro lugar, sem tanta gente por perto? _Sugeriu Jorge se referindo a um motel.
_Ah! Mas a gente acabou de se conhecer. _Pestanejou a jovem.
_Então, mais à vontade a gente pode se conhecer melhor. _Investiu Jorge.
_Como é mesmo seu nome?
_Jorge. E o seu?
_Juliana. Então Jorge, tá meio cedo pra gente ter alguma coisa mais íntima, entende?
_Mas a gente vai se ver de novo. _Garantiu.
_Claro! _Entusiasmou-se a moça._ Está gostando da festa?
_Sim.Tem um pessoal usando droga, mas mesmo assim a festa tá boa. _Respondeu o homem em tom de brincadeira.
Juliana riu.
_Você é tão engraçado, tão autêntico! Gosto de caras assim. Sabe, eu também não curto essas coisas, usar drogas...
_É, melhor se divertir de cara limpa, pelo menos a gente não corre risco de se arrepender depois. Não é?
_Claro.
Caio saiu do banheiro, já haviam substituído o rap americano novamente pela house music. O rapaz foi até a cozinha e pegou outra latinha de cerveja, voltou para a sala e procurou por Isabel, não a encontrou, foi até a sacada, viu Jorge com Juliana, perguntou se os dois a tinham visto, Jorge respondeu que a viu conversando com Paulo. Caio voltou novamente para a sala, encontrou Isabel e Paulo, muito eufóricos, mais do que de costume, percebeu que estavam drogados, cheirados, ficou surpreso, não esperava isso deles.
_Amor, tô adorando a festa! _Disse Isabel abraçando o rapaz.
_Você andou cheirando pó? _Questionou o rapaz afastando-se da moça.
_Cheirei sim, vou te dizer uma coisa, é melhor do que eu pensava!
_Ficou doida? _Repreendeu o rapaz. _Aliás, você e o Paulo!
Paulo abraçou Caio de lado, pegando em seu ombro.
_Por que você não para de reclamar e curte a festa! _Disse Paulo ao amigo.
_Pô cara, não corta o nosso barato!_Brincou Isabel.
_O barato de vocês pode sair caro depois. _Alertou Caio.
Os dois ignoraram o conselho de Caio e resolveram curtir aquele momento de euforia, mesmo que durasse pouco. Muitos na festa, já bem soltos, desinibidos, faziam o mesmo, inclusive Álvaro.Alguns casais se beijavam e trocavam carícias mais ousadas.Deslocado, Caio resolveu se juntar a Jorge e Juliana na sacada, o casal parecia esquecido do mundo, ignoravam o que se passava na sala e no resto da casa. A moça se admirava com a vista do bairro, observado do alto, todas as luzes que iluminavam aquelas luzes que iluminavam a noite.
_Nossa! Isso aqui é um paraíso!
Jorge percebeu que Caio além de deslocado, estava transtornado.
_O que foi? _Indagou ele preocupado com a expressão do amigo.
_Nada não! _Respondeu.
_Então por que essa cara? _Preocupou-se.
_É um negócio aí que eu vi. _Disse ele hesitante.
_Que negócio?
_Deixa pra lá, não quero te aborrecer com coisas desagradáveis, não tenho direito de estragar sua noite._Lamentou o rapaz.
_Pelo visto alguém já estragou a sua. _Brincou Jorge.
Os três riram.
_Cara, eu queria ter seu senso de humor. _Invejou Caio.
_Falando sério agora, o que foi que houve?
_Deixa pra lá!
Os três ficaram ali, observando a paisagem e as luzes da cidade enquanto a música tocava, pessoas falavam alto, riam, se excediam e se divertiam.
Já amanhecia, alguns convidados iam embora, outros adormeceram embriagados, ali mesmo no chão da sala, nos sofás e até mesmo no chão do banheiro, que já cheirava a vômito.
Paulo, Isabel, Caio e Jorge se despediram de Álvaro e de sua namorada, todos já bem exaustos e fadigados. Os quatro saíram do apartamento, desceram pelo elevador em silêncio, já esgotados e sem assunto, Isabel estava abraçada a Caio, visivelmente abatida. Paulo não sentia vontade de dizer nenhuma palavra, Jorge evitava de fazer piadas, passaram pela portaria, se despediram do porteiro, entraram nos carros, Paulo com Jorge e Isabel com Caio e seguiram pela cidade, Paulo deixaria Jorge em casa e Caio deixaria Isabel. Era uma manhã serena, um domingo calmo e tranqüilo, movimento mais ameno. Paulo, de volta a realidade, entediáva-se. Isabel queria cochilar até chegar em casa.Caio permanecia sério e com cara de poucos amigos. Jorge guardava no pequeno bolso da camisa, um pedaço de papel com o número do celular de Juliana, pensava na esposa que dormia em casa, estavam brigados e sem se falar há duas semanas, lembrou-se que quando chegasse em casa teria que ter com ela.
Alguns estabelecimentos funcionavam, padarias com muitos clientes tomando o café da manhã, ou simplesmente tomando um pinga, menor fluxo no trânsito, alguns lugares fechados, pessoas a caminhar sem nenhum entusiasmo. A rotina da cidade acontecia como de costume, a grande metrópole que nunca dormia, nunca parava, nunca se cansava.












Biografia:
Sou carioca, escritora e atriz de teatro.Escrevo romances, contos, crônicas e poemas.
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