E lá se vai o Fulano, com um punhado de papéis embaixo do braço, quer dar uma de bom samaritano. Quer mostrar que trabalha, faz o bem social e coisa e tal.
Quando criança era bem malvadinho, agredia e roubava seus amiguinhos. Roubou e roubou, bateu, machucou, respondeu, desrespeitou e desafiou. Foi expulso da escola. Pobre diabo! Sempre odiado. Já adolescente, virou delinqüente, fez malvadezas ainda mais contundentes, agia sempre fora da lei e ainda saía contente, zombando de um monte de gente. Ganhava grana sem ter que trabalhar, só sabia usurpar e arrancar o dinheiro, de um pobre coitado que deu duro o mês inteiro. Com o tempo seu malfeito evolui, virou gangster do narcotráfico, digno de filmes de Hollywood! Pequenos furtos já não davam tanto dinheiro, precisava de algo mais lucrativo! Mente brilhante de um bom meliante! Eram muitos os malfeitos, mas a polícia nunca dera as caras para prender o cabra, pois estava ocupada demais com outros afazeres ou presa no engarrafamento do trânsito, vai lá se saber o motivo dela ter sumido na hora! Mas o que vai se fazer, se as coisas são mesmo assim? Depois de tanto penar na pele do lobo mal, cansou-se da vida de marginal. Resolveu estudar e estuda e estudar. Agora quer educar, lencionar, mas o que esse camarada irá ensinar? Cidadania? Respeito ao próximo?Pregar a paz? Será que ele sabe mesmo fazer isso?
E lá se vai o Fulano, tentando ser mais um herói latino-americano, tentando seguir os passos de Che Guevara. Será que ele consegue? Estou pagando para ver.
Que sorte tem o esse moço! Nunca viu o Sol nascer quadrado, pois a justiça estava muito ocupada na hora, e não teve tempo de ir lá pegar ele, com a boca na botija. Agora é apenas um famigerado ex qualquer coisa que não presta, e quer mostrar que o mundo está enganado, e que ele está mudado. Mas e o Sol quadrado que ele não pode ver nascer? Mas agora ele é “ O Cara” , ou o cara-de-pau, depende do ponto de vista, ou seria vista grossa? Bem, de qualquer forma lá se vai o Fulano, orgulhoso de si mesmo, do que faz de bom, mas no passado, também se orgulhava do que fazia de mau. Afinal, qual é a cara dessa cara? Ou será que ele tem duas? Poderia até ter três ou quatro, desde que fosse lhe dado seu devido direito, o direito de permanecer calado, encarcerado e de ver o Sol nascer quadrado, depois desse “direito” recebido, poderia até ser o bom homem, seguidor dos passos de Gandhi ou coisa que o valha, mas o serviço do Fulano ficou incompleto, deixou algo pendente. Será que a consciência dele segue contente? Que importância isso tem agora? Afinal de contas, o que está feito, está feito e temos que nos conformar. Todavia esse Fulano é o novo herói latino-americano.
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