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No mundo tereis aviões...
Lasana Lukata




Depois que a notícia correu, fiquei sabendo que sobre a casa daquele senhor de 78 anos, ganhador da megasena em São Paulo no fim do ano, havia até helicópteros. Mas há quem diga também, isso não saiu nos jornais, que foram vistos jatinhos sobrevoando a casa do novo milionário. Não se sabe ao certo se eram jatinhos de políticos ou de pastores evangélicos. Os primeiros certamente querendo uma doação para esse ano eleitoreiro, os segundos querendo uma parceria ministerial.

Suponhamos que sejam os jatinhos dos pastores pós-pentecostais. Jesus entrou em Jerusalém foi de jumentinho e não de jatinho. Veja que de jatinho você não consegue ver as almas perdidas pelas esquinas, mendigos que brotam aos montes quando cai esse temporal de verão e estendem seus corpos no chão como verdadeiros vice-mortos. Não, Jesus não usou o cavalo branco como faziam os vice-reis que ao passar pelas ruas, antes todos os mendigos e abandonados eram retirados e ocultados. Por outro lado, andar de jatinho não é se ocultar? Quem quer ver miséria? Mas ela existe... E não é resultado do acaso. Castigo de Deus? Todos os pobres são pobres por castigo de Deus? Deus não está na vida de um pobre? Como fica a história de Rico e Lázaro? Meus senhores, o jumentinho é o transporte ideal, tendo o cuidado apenas de colocar uma fralda no animal.

Mas havia jatinho nos tempos de Jesus? claro, os velozes cavalos brancos, usados por imperadores, reis e vice-reis, eram os jatinhos da época! Tanto que dizia no passo: “O castigo vem a cavalo”. O animal mais veloz daquele tempo.

Agora quando leio João 16:33 “... No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”, dá-me um formigamento nos olhos e leio: No mundo tereis aviões, tende bom ânimo, eu voei pelo mundo.
Pastores nas TVs se dizem voltados para o interesse coletivo, mas no meio do caminho trocam o interesse coletivo pelo interesse individual. A compra de jatinhos não é um sintoma? Pastores que montam empresa; formam-se em direito; sociologia, o diabo a quatro, tudo nas costas da membresia e alguns deles ainda usam as dependências da igreja para advogar para si mesmo.

A história da igreja evangélica não tem sido com M de mãe, matrimônio, mas com P de patrimônio, poder, padrastio. Vejam que por esses dias o jornal “O Globo” na sua coluna “Há 50 anos publicou uma pequena relação dos bens de um português que fez da fé grande negócio, deixando como patrimônio um prédio de US$500 mil em Los Angeles, um de US$70 mil em Montclair e vários outros em Washington, Baltimore, Nova York e New Bedford. Possuía fazenda de açúcar em Cuba e uma fazenda de café no Brasil.

Por falar em café, em vila Tiradentes uma igreja sempre recebia o dízimo de um fazendeiro de café. Na época, anos 90 era coisa de 100, 135 mil e esse dinheiro nunca passou pelos cofres da igreja, onde tinha viúvas passando necessidade, gastando sua pobre aposentadoria com Higroton, Aldomet, Adalat e companhia. Isto não é ficção.
Como pode pastores sonhando com Jatinho, Ferrari com tantos haitis por aí? Que a vida me livre de atingir a glória com os sofrimentos alheios. Olha aqui a sanguessuga: “Dá e Dá”.

E me aparecem reverendos, pastores comparando o dízimo com imposto e ameaçam, dizendo que os que não dão, roubam a Deus, são roubadores, mas como dar o dízimo quando se sabe que o pastor está investindo em jatinhos, sítios, fazendas? Os dízimos e ofertas são para o interesse coletivo e não individual. Por exemplo, conheci um sítio que não estava em nome da igreja, mas do pastor, e ele o vendeu a hora que bem entendeu! Estava em nome dele, mas foi o dinheiro da igreja quem comprou!

Dar o dízimo nas mãos de um pastor assim é como dar dinheiro a um bêbado.

Mas poderia alguém me dizer: ah, mas o pastor vai dar conta Deus! E digo sim, mas o que é dar conta a Deus? É dar conta à igreja instituída por Ele aqui na terra. É por isso que existe a Prestação de Contas. Inclusive como Ação Judicial.


Biografia:
Lasana Lukata é poeta, escritor por usucapião, São João do Meriti, RJ.
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