De certeza sabemos que quando a pandemia do Covid-19 passar deixará de herança milhares de mortos, os mundos capitalista e comunista mais pobres, e uma crise financeira. Se esta crise não for bem administrada, causará uma tragédia maior do que a vivenciada neste momento.
Nota-se entre os pensadores da atualidade o consenso de que um novo mundo nascerá no pós-epidemia e pós-crise. Na semana passada, minha crônica falava sobre um artigo que Yuval Noah Harari escreveu para o Financial Times. Ele escreveu outro para a revista americana Times. Logo, “Na batalha contra coronavírus, faltam líderes à humanidade” foi transformado em e-book. Ainda se pode adquiri-lo grátis na Amazon.
Para o sociólogo francês Michel Maffesoli, autor do livro “A Palavra do Silêncio”, “a pandemia é sinal de uma crise civilizatória”. A humanidade trocará o individualismo fazendo ressurgir os valores do voluntarismo. No Youtube pode-se assistir um vídeo de Maffesoli no Brasil falando sobre O Retorno da Espiritualidade.
Maffesoli avança afirmando que vivemos em função de paradigmas arcaicos, e que em breve estarão obsoletos como o racionalismo e o progresso. Nascerá uma cultura baseada na emoção do instante presente. Avança sinais dobrando a sua aposta de que o fim da modernidade nunca esteve tão evidente.
NA última pergunta da entrevista que concedeu por telefone para o jornal “O Globo”, Maffesoli é perguntado sobre o papel da tecnologia nessas mudanças. Ele responde falando do ativismo nas redes. Neste ponto tendo a discordar de Maffesoli. Esse ativismo doentio nas redes jamais mudará o mundo. Muito pelo contrário.
Até aqui falamos da humanidade. A O conjunto de todos os humanos. Para que a humanidade mude o mundo, os humanos terão de mudar. Os humanos mudarão? Esquecerão o individualismo? Deixarão de culpar uns aos outros? Encontraremos líderes como os vencedores da Segunda Guerra Mundial encontraram?
Calcula-se que metade da humanidade está vivendo sob algum tipo de quarentena. Na mídia os psicólogos estão ganhando mais espaço para falar sobre eles. Temos pratos cheios de assuntos como relações, ansiedade e depressão. Muito provavelmente depois do Covid-19, os humanos lotarão postos de saúde e hospitais a procura de tratamentos para as doenças causadas pelo isolamento. Quando ele acabar descobriremos se ele uniu ou afastou ainda mais as pessoas. Aposto mais na segunda hipótese.
Gostaria de uma explicação. Como uma raça tão frágil física e mentalmente. Tão escravizada pela tecnologia poderá ser a mola propulsora dessas mudanças todas. Pintam o limiar de uma nova era sem que haja matéria-prima para se construir a obra.
Não devemos nos surpreender se a pintura ficar pior do que o quadro inexpressivo atual.
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