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A IRRACIONALIDADE PARCELADA
Manoel Rodrigues de Abreu Matos

Que o homem é um animal racional não nos resta dúvida e Aristóteles estava certo quando defendeu essa peculiaridade restrita só a nós. Mas, já que somos dotados dessa capacidade, não seria um ato de má fé buscar entendimento sobre essa racionalidade que nos diferencia de outras espécies. A bem da verdade, nós fomos condicionados a acreditar que o Homo sapiens era a única espécie que possuía tão importante faculdade. Atualmente, a ciência vem mostrando que a racionalidade não é um adjetivo só nosso, outros seres vivos também gozam desse privilégio, muito embora a maldade ainda seja o que nos diferencia de outros seres.
Não faltam exemplos em nossa sociedade de atitudes que denunciam que a espécie humana não goza do privilégio da racionalidade, pelos menos se pensarmos no significado desse termo. A destruição do meio ambiente é uma prova inconfundível de que realmente a racionalidade não nos pertence. Outras ações, como os agrotóxicos que utilizamos na produção dos alimentos, o tempo que perdemos navegando pelas redes sociais, o consumismo desenfreado, a violência por meio da qual uns eliminam os outros, consumo de alimentos embutidos e bebidas alcoólicas.   
Os exemplos de irracionalidade são infinitos, o que nos fazem refletir sobre a definição dessa racionalidade que dizem nos pertencer. Ao certo, as elites dirigentes das principais Nações do muno elegeram e ainda elegem um conjunto de princípios e fazem com que os demais indivíduos acreditem que são ações dignas do ser humano porque são decisões pautadas na racionalidade. Apesar dessa capacidade que a nós foi atribuída, as atitudes que os homens têm tomado ao longo da história denunciam a irracionalidade que reside no interior de cada ser humano. Como gado, nós caminhamos enfileirados para o matadouro e ainda temos a sensatez de tirar uma selfie para postar nas redes sociais. Sócrates tinha razão quando disse que uma vida não examinada não vale a pena ser vivida pelo homem. Na verdade, a vida que vivemos e a forma como vivemos interessam a quem?
Dias anteriores, eu estava dentro de um estabelecimento que tinha seus produtos em promoção, quando ouvir o diálogo de uma adolescente com seus pais. Ela queria que os pais comprassem um determinado celular que estava sendo vendido por 12 parcelas de R$150,00. Pelo que entendi, o pai alegava que não poderia arcar com as parcelas, mas a adolescente acabou convencendo seu velho com a ajuda da vendedora, claro. Ao saírem da loja, observei que estavam de moto. Não sei se posso chamar aquelas ferragens de moto, pois estava mesmo bem deteriorada, mas ainda conseguiu seguir viagem, agora transportando, além dos passageiros, um pequeno aparelho que custará, àquele pobre pai, aproximadamente, suados R$1800,00 que ele demonstrou ainda não os possuí. Nada contra comprar o referido objeto, mas percebi que aquela família tinha outras demandas a priorizar, como por exemplo, levar a moto em uma oficina, já que se trata do meio de transporte dela.
É inegável que o ser humano dispõe da capacidade de raciocinar. Muito embora, nem todos os indivíduos queiram exercer esse dom. Acabam delegando essa árdua tarefa à mídia, à elite dominante, aos artistas famosos e aos políticos. O poder racional que opera na mente e nas ações dos sujeitos emanam dessas representações. O Mito da Caverna que Platão criou para explicar como é possível controlar as pessoas, parece ainda existir e tem contribuído para impedir que os indivíduos exerçam a racionalidade, uma qualidade atribuída a nós, mas que nos impendem de exercê-la.


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