No momento em que o Coronavírus se alastra fazendo vítimas em todos os continentes. Em que se criam fake news sobre a doença para todos os gostos inclusive apontando os culpados, vamos voltar no tempo até 1918. Ao Brasil da Gripe espanhola que os números dizem, matou de 50 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo.
Para escrever minha crônica semanal, vou me valer novamente de uma reportagem do “TAB” desta vez sobre sociedade do UOL. Seu título é: “São Paulo já parou antes: Gripe espanhola teve saques e cemitério 24 horas. Calcula-se que na capital paulista houve 350 mil casos, dois terços da população na época. Oficialmente foram 5.331 mortes causadas pela gripe.
Mas não foi apenas São Paulo. A historiadora Christiane Maria Cruz de Souza, doutora em História das Ciências da Saúde e autora do livro “A Gripe Espanhola na Bahia” da Editora Fiocruz, conta que muita gente adoeceu nas grandes e pequenas cidades. Em alguns lugares não havia quem cuidasse dos infectados.
Uma edição do jornal carioca da época Gazeta de Notícias estampava na primeira página manchetes como: “O Rio é um vasto Hospital”, “Socorro”, “A invasão da influenza espanhola”, “O povo sofre os horrores da exploração” e “A desídia (preguiça) do governo”.
A Gripe espanhola chegou ao Brasil trazida pelos passageiros a bordo do navio Demerara, que partiu de Liverpool na Inglaterra em 14 de setembro de 1918. Fez escalas em Lisboa e, já no Brasil, em Recife e Salvador, aportando depois na então capital do país.
De volta a historiadora Souza, ela conta tratava-se os sintomas: dor de cabeça, febre e coriza. Continua contando, na corrida pela descoberta de uma vacina, muitos médicos pegavam muco de pacientes infectados e inoculavam em si mesmos. Houve médicos que morreram realizando esse procedimento.
As orientações e conselhos eram simulares aos atuais. Lavar as mãos, evitar aglomerações, estar em locais arejados, evitar apertos de mãos e abraços. Também era preciso evitar o pânico. Os médicos diziam que o pânico baixava a imunidade e deixava a pessoa mais suscetível à gripe. Um jornal da época colocou em manchete: “A desordem dos espíritos causa a desordem das coisas”.
A caipirinha um remédio? Numa das versões sobre a invenção da caipirinha difundida pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), a bebida foi criada no interior de São Paulo como remédio para os doentes da gripe. Uma adaptação do xarope feito com limão, alho e mel. Dizia-se que o acréscimo do álcool “acelerava o processo terapêutico”. Depois o alho e o mel foram substituídos pelo açúcar. Nascia a bebida mundialmente conhecida.
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