Aquele Sabor Suave e Macio |
Martinho do Rio |
Resumo: Nada tem melhor sabor que a pele macia duma mulher. |
Martinho do Rio
Aquele sabor suave e macio...
Nada tem melhor sabor que a pele macia duma mulher. E eu que já me tinha esquecido...a minha boca recorda-o agora enquanto as minhas mãos vão percorrendo com volúpia a pele macia do seu corpo.
A sua boca deixa-me sensações de delicia e a minha língua vai pedindo insistentemente para que eu nunca mais me esqueça.
Agora que recordo outra vez pergunto a mim mesmo como é que pude esquecer durante tanto tempo. Não é que eu não quisesse, só que a dor não me consentia e eu temia demais aquela dor. Foram tempos de deriva e de desgosto em que andei mortificado pela saudade que ainda não me largou.
Olho para ela e sorrio e o meu dedo aproxima-se percorrendo delicadamente o contorno do seu rosto adormecido. Pergunto-me se a mereço, se fiz alguma coisa para merecer este prazer que me fez recordar como é suave e macia a pele duma mulher. Levanto-me e olho-a de pé. Está nua sobre a cama e de repente apetece-me de novo beijá-la e apertá-la nos meus braços; mas ela continua a dormir e eu não quero acordá-la. O seu sono é tão tranquilo que parece despojado de qualquer mal. À tanto tempo que não durmo assim...agarro na roupa e visto-me rapidamente. Olho mais uma vez para ela e saio sem fazer ruído. Cá fora o frio aperta e eu levanto a gola do casaco. Quando me dirijo para o carro recordo-me que não sei o seu nome. Dou meia volta e paro logo a seguir. Para quê saber o seu nome se ainda tenho na boca o sabor suave e macio da sua pele.
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Biografia: Escritor com o primeiro livro já publicado |
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Publicações de número 1 até 10 de um total de 14.
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