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Eu passei parte da vida achando que para ser feliz precisava pertencer a um grupo. O grupo dos inteligentes na escola, dos que respondiam todas as perguntas corretamente, dos que sabiam resolver as complicadas equações matemáticas, dos que tiravam as melhores notas e dos que eram “preferidos” pelos professors.
Eu tentei ser parte do time vôlei, de basquetebol e dos que eram selecionados para as competições. “Se fizer parte de tal grupo serei mais feliz”, pensava eu.
Imaginava em minha cabeça adolescente que “tinha” de integrar o grupo das chamadas patricinhas, ou como quer que fossem chamadas no meu tempo. Aquelas que se escondiam no banheiro para maquiar-se e se por mais bonitas para os meninos. As que andavam cochichando pelos cantos, entre risos, caras e bocas, escolhendo e recusando os meninos mais populares. Era o jogo de faz-de-conta-que-não-estou-interessada-mas-estou que determinaria quem seria considerado “cool” nas rodas da escola.
Na faculdade, a mesma história, mas com motivos diferentes. Era imperativo fazer parte da turma dos intelectuais para ser aceito, aqueles que sabiam articular os debates com as palavras “cultas e inteligentes”. Desta maneira, você poderia tornar-se parte dos que “se destacam”. Porque estes estariam sempre à frente na disputa pelos melhores postos de trabalho.
Ah! Eu tentei ingressar naquele seleto time de profissonais competentes, que conseguem os melhores cargos com os melhores salários. “É necessário galgar escadas, disputar espaço e encontrar seu lugar ao sol. Afinal, é a única chance de atingir sucesso na vida”, está escrito em algum manual por ai.
Então, confesso que me esforçei para pertencer. Ao grupo dos que deram “certo”. Dos que “tiveram sucesso na vida”. Ledo engano. Passei este tempo mentindo para mim mesma. Descobri que não faço parte deste grupo.. Nunca fiz e provavelmente nunca o farei. Nunca entendi completamente esta receita de sucesso Não é para mim.
Entretanto, entre tropeços e tombos, caindo aqui e levantando ali, tenho algumas estórias no bolso para contar. Errei pra caramba. Fiz um monte de bobagens. Mas, cheguei até aqui, da mesma forma que a turma dos “vencedores”, dos ganhadores de prêmios e troféus.
Não fui tão ruim nem tão boa, tampouco acumulei medalhas. Mas, tive uma vida cheia de risos, amor, experiências. Ganhei e perdi. Um monte de coisas boas e outras nem tanto. A vida me levou para muitos lugares diversos e, neles, tive a oportunidade de conhecer pessoas diferentes, de outras culturas, outros costumes e vivências. Com elas, troquei informações, conhecimentos e experiências. Meus olhos se deleitaram com paisagens bonitas e viram muito sofrimento também.
Não trocaria o que acumulei neste tempo por nenhuma outra “vida de sucesso”. Estou no lugar que me foi reservado, com as pessoas que mereço e gosto de estar, fazendo o que me foi possível fazer. Vivendo. Essa bagagem e minhas vitórias são só minhas e não valem a troca por nada nem por ninguém. Nem pelo melhor ou mais brilhante dos grupos. Pertenço ao meu próprio time, ao grupo que criei para mim. E, neste grupo não há dogmas nem cobranças. Nem conceitos pré-estabelecidos. E isto me basta.
Aprendi que isso é ser feliz. Ser o que você é, com o acúmulo que tiver angariado para sim próprio. A perfeição, eu deixo para os que dela precisam para serem felizes.
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