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Uma ópera em quatro atos
Mario Bourges

O mundo das óperas e concertos de músicas clássicas sempre foi repleta de fantasias e muita pompa. Então quatro amigos combinaram de ver uma ópera de Rossini que estava passando no melhor teatro da cidade. Todos estavam empolgados e ansiosos pela noite musical, assim que chegaram ao teatro se dirigiram a um dos mezaninos que estava reservado em seus nomes. Perfeito! Dizia o primeiro dos amigos para a arquitetura do local. Esplêndido! Dizia o segundo. “Exuberant”! Dizia o outro com sotaque francês enquanto enrolava seu vistoso bigode e agitando uma bonita bengala com o cabo de madre-pérola. É, parece que é mesmo...Dizia o Zé.

Logo no primeiro momento da ópera as emoções foram realçadas com chá de maçã com canela, servido em xícaras de porcelana inglesa para três dos amigos apenas. O Zé preferiu roer um pedaço de rapadura trazida de casa por ele. Os outros se olharam e murmuraram palavras de reprovação, o primeiro esboçou; coitado! O segundo; assim não dá! E o terceiro alisando seu cavanhaque dizia, “detestable”! O Zé nem ligou, e então passou a chupar para fazer menos barulho. Os três rostos simultaneamente ficaram distorcidos neste momento tão inusitado.

Durante o solo da jovem soprano (aquela mulher que tem seu corpo reforçado, mas que canta fininho) o público delirava quando esta alcançava os tons mais altos de sua voz. Alguns particularmente falando, chegavam a chorar de tão emocionados que estavam. O Zé? Hum! Este encontrava-se empoando o nariz sonoramente neste momento de tamanha magnitude. Um dos amigos quase desmaiou ao ver este disparate, mas foi acudido pelos outros dois. Mesmo assim, íntegros que são, não desviaram suas atenções do belíssimo musical, e ainda dizia o primeiro: Belíssimo! O segundo; maravilhoso! E o terceiro; não disse nada. Estava limpando o bigode e o cavanhaque grudados de saliva, pois este quase desmaiou. Porém, logo havia se recomposto por completo.

Terminada a ópera saíram todos animados, felizes e cheios de classe no caminhar. Pelo menos até a saída, quando o Zé pediu ao terceiro amigo, aquele do bigode vistoso e cavanhaque para que devolvesse a bengala, porque este era o acessório de seu avô. Ao saírem do teatro todos os três agradeceram o amigo Zé polidamente ter proporcionado (pago) uma ótima opção de lazer. É, até que foi bom, dizia o Zé de maneira simples e olhando para a sola de seu sapato que estava grudada em uma goma de mascar.


Biografia:
Sou jornalista de formatura, fotógrafo na prática e escrevo sempre que me é possível, pois vejo nesta atividade uma válvula de escape do cotidiano.
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