Muitas vezes fico constrangido quando participo de algum debate sobre tudo. Coisas que a gente faz no dia a dia. Somos eternos debatedores, pois nos comunicamos através de opiniões e ditos. Não rara às vezes citamos ou parafraseamos grandes figuras da filosofia e ilustres pensadores do passado. O nosso ego toma conta de nossa provisória tribuna e verbaliza grandes citações que catamos ali e acolá nas páginas amareladas de livros impressos. Que bom, no mínimo somos leitores o que é algo positivo no mundo de hoje.
Não li Gramsci, mas sei que o cara era fera. Li pouco Sócrates, eu deveria ter lido bem mais. Não li Platão, eu minto, li um pouco. Marx, nem se fala, o que li já deu para sentir aonde o final iria dar. Li Materialismo Dialético durante a Ditadura Militar no Brasil, escondido, claro, o livro era proibido. Era materialismo demais para a minha cabecinha. Católico, protestante e umbandista, eu não poderia aceitar uma literatura daquelas.
Minha avó era analfabeta(ou quase), e em muitos momentos verbalizava a sua sabedoria em frases de efeito. O meu aprendizado era instantâneo.
Depois de grande o que li representava tudo o que a minha avó dizia. Fiquei confuso, pois como uma senhora sem nenhum estudo e sem jamais ter ido à escola sabia daquelas coisas que eu encontrei nos livros de filosofia, se, nunca eu havia visto um livro sequer em sua casa? Esta pergunta ficou sem resposta durante décadas.
Entretanto, li diversas vezes “O Conde de Monte Cristo”, onde o que mais gostei foi a lição que ele deu nos seus algozes ricos e corruptos.
Li “O Pequeno Príncipe”. Li “Fernão, Capelo e Gaivota”. Li “Papillon” dentre outras dezenas ou centenas de livros nas últimas cinco décadas. Todo (ou quase todo) o universo humano de sentimentos e aspirações está retratado nesta trilogia. Descobri que não há nada de novo na trajetória humana. Tudo foi dito lá atrás, aliás, bem lá a trás. O Cara disse tudo, enfeitou um pouco, é claro, mas definiu bem como deveriam ser as relações humanas. E, por incrível que pareça, aprendemos e apreendemos muito pouco do que Ele disse. E, olha que Ele não era pretensioso e nem estava em busca de fama como fazem os nossos filósofos modernos que papagaiam sem parar tudo que leram sem antes refletir um pouco. Este sim era fera e disse tudo através de exemplos. Inventaram a tal de religião católica depois, pegando carona nos seus ensinamentos. Hoje, 25 de dezembro, todos nós fazemos uma homenagem a Ele e nem nos damos conta que Ele é o verdadeiro pai da filosofia antiga, moderna e futura. Muitos distorcem um pouco suas falas conforme interesses próprios, mas, tenho certeza que disto Ele já sabia.
Independente de qualquer religião o que importa mesmo é o ser humano. Amar e ser amado, isto resume toda a obra escrita pelo homem durante os milênios. O resto é carga inútil.
Feliz Dia 25 de Dezembro para todos.
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