Quando, aqui do alto desse prédio, olhei ao redor de tudo o que eu via, tive a exata noção do quanto as pessoas estão encruadas em seus problemas. Em cada rosto uma marca, uma dor, uma dúvida. Em cada coração, uma desilusão, uma desistência. Uma decepção. As famílias, ao invés de se unirem estão se separando, e pior, sem olhar pra trás, levando mágoas, deixando mágoas, ficando evidenciado que não existe nada mais que possa ser ligado além do sangue. Pais e mães choram em seus cantos sem poder contar com a ajuda daqueles que eles doaram a maioria dos seus dias de vida para criar, educar e dar o melhor que podiam. Os filhos, por sua vez, dia após dias aumentando em número e tragédias motivadas por sexo, droga, bebidas, desapegos e isenção de valores. Infelizmente, vejo em cada olhar a certeza de que o amanhã é negro e sem motivações. As pessoas estão se fechando em si mesmas a procura de erros que talvez tenham cometidos. As pessoas estão andando depressa demais, como se quisessem chegar a algum lugar urgente, mesmo sabendo que não existe um destino, um objetivo, um motivo para tanta pressa. Os asilos estão cada vez mais cheios de pessoas desiludidas, chocadas e em completa solidão. O pior, é que em cada asilo um milhão de mágoas. Em cada mágoa vários motivos negativos. Em cada motivo negativo um filho que os rejeitaram. As creches, cada dia mais cheias de crianças, órfãs, abandonadas, cuidados por voluntários que às vezes estão ali para diminuir suas culpas externas. Vivemos uma era em que as pessoas abandonam famílias, animais de estimação, trabalho, sonhos. Hoje, uma maioria se enterra na bebida à procura de algo que os façam querer estar vivo amanhã. Daqui de cima, não vejo diálogos verbais, mãos dadas, abraços, afagos, amor. Apenas robôs que vem e vão em busca de alguma coisa. São autômatos com nome e endereços registrados, sem vida, sem sentimentos. Daqui de cima, é fácil perceber o bandido, o pedófilo, a moça de vida fácil, o estrago que o dinheiro pode fazer, e, o mais chocante, notar que as pessoas vêm e vão, sem olhar para os lados, com medo, com desprezo, com a convicção de que pra que se preocupar com isso ou aquilo, com esse ou aquele? O que importa é ado, ado, ado... Cada um em seu quadrado. Daqui de cima eu percebo que a cada dia mais se extingue os bons sentimentos, amor, amizade, solidariedade, empatia.... É o fim de motivações pessoais. Cada um pra si e cada um em si. O outro é apenas alguém que como outro qualquer vive o tempo do jeito que ele passar. Vejo também, que o mundo está tão transformado e ir em direção ao que é pior que até o número de mães diminuem... Seria o inicio de um ciclo onde as pessoas existentes deveriam acabar e começar tudo novamente mas de um novo jeito e formato? Olhe a sua volta... O que vê? Você já deu um bom dia hoje? Um boa tarde? Um olá, como vai? Abraçou alguém? Sorriu? Se importou com alguém ou alguma coisa hoje? Afinal o que você fez hoje em seu benefício ou em beneficio de alguém? Nada? Sério? Meu Deus... O que existirá amanhã?
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