Que o amanhã não me deixe tão triste.
Que amanhã eu já aceite algumas partidas inevitáveis de quem tanto amei.
Que o amanhã me devolva a tranquilidade de dias normais e significativos.
Que o amanhã, venha recheado de bons fluídos e novas ideias.
Que o amanhã possa ser efetivamente melhor que hoje.
Eu sei que a vida nos cobra demais, ou seria porque somos pequenos demais diante da vida e por isso somos tão fracos?
É claro que já nascemos com a certeza da morte, mas nem por isso estamos preparados para os que amamos irem embora, assim, de repente e sem retorno. A dor e a falta são nossas companhias por um período longo demais após essas despedidas. E, alguns foram cedo demais. Talvez, a maior perda seja a nossa mãe, um ser que jamais deveria morrer. E, para superar a perda da nossa mãe não basta familiares e amigos nos apoiando, todos não completam a nossa progenitora. Ela é a certeza do sim, sempre. A certeza da ajuda, do carinho, da compreensão, da neutralidade, da cegueira aos nossos defeitos, do amar sempre independente da situação que estejamos passando. Recentemente, com a partida da minha Mamis, o mundo me parece tão sombrio, tão sem vida, tão mesquinho, tão solitário, tão vazio quanto o buraco deixado em meu coração. O que mais machuca além da falta constante da presença dela são as atitudes diárias visando o nosso bem estar. Os telefonemas, as cobranças, os cuidados, a nossa eterna agenda, nunca deixava esquecer os nossos compromissos. O que talvez dói demais, é hoje, sem a presença dela, termos a consciência que ela pedia tão pouco e menos fizemos por ela. Mãe merece tudo de nós, t u d o !. Logo que a Mamis partiu, veio a primeira pergunta... E agora? É quando falta o oxigênio, a vontade de viver, a procura incessante da presença, até a voz falando conosco que gostaríamos de ouvir, tudo acabado. O caminho de repente ficou tão sinuoso, difícil, longo. Os dias demoram em acabar. A noite é curta demais. Dormimos menos pois pensamos mais em tudo. Já não temos a rédea da nossa situação diária. Já não temos com quem contar. Agora tenho paredes como ouvidos e silêncios como respostas. Meus finais de semana já não são planejados, correm livremente sem nenhum questionamento, não importa, era a Mamis quem os determinava. Já se passaram meses, parece que tudo está na mesma. Dores, faltas, lembranças... Tudo que resultou da partida continuam sem mudanças. Não temos forças nem como mudar tudo. Mas, precisamos. A vida continua para os que ficaram. E, na fé que sentimos em Deus, é que vamos superar essa perda. E é a ele que devemos pedir: me guie, me ajuda, me abençoa, me mostra o caminho. Só assim tudo irá se encaixar novamente em minha vida. Por enquanto, tudo está revirado. Tudo é revolta, lembranças, choros e perdas. A vida segue, aos trancos, aos empurrões, aos lamentos. Que o amanhã nos faça superar tudo isso, e possamos, com a ajuda de Deus, voltar a viver e não mais existir. Descanse em paz Mamis. Você merece.
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