Ah o amor!? Assim sem inércia, sem ritmo constante, sem o instante seguinte. Um amor á prova de imunidade á ataques cardíacos. Um amor que é firme demais... Que é frágil demais... Que ás vezes dorme demais ( desmaiou?), que ás vezes dorme de menos ( hipo, hipo, hipo )... E que ás vezes nem dorme.. . Um amor pontas de agulhas... Algumas para subir... Outras para descer... É o vai e vem da famosa bete... Essa bete me desestabiliza, mas, ao mesmo tempo, me equilibra por um longo período de tempo ( apesar do alerta máximo ). A pessoa que amo é isso. Inconstante, ás vezes bomba, ás vezes o fio limítrofe da vida, ás vezes o mais doce gesto humano que alguém pode ter, ser ou fazer. O meu amor é uma espécie de dublê... Vai do céu ao inferno tão rápido quanto um cometa.. Mas, é o meu amor, a minha doçura, a minha certeza de que amar alguém assim é muito válido.. Um desafio constante para se manter e manter esse amor acima dos picos, seja para cima, seja para baixo. Esse amor ás vezes, no limiar da noite tem um estalo e se transforma em algo preocupante... E no segundo seguinte em algo lindo cujo sorriso me conforta. E diz... Nossa.. 42, 38, 52, ainda bem que acordei... Hipoglicemia.. Meu Deus. Como é difícil conviver com isso. Tenho algumas certezas... Dores intensas, fenergan, infecções urinárias regulares. Menstruações irregulares, hipoglicemias, hiperglicemia, alergias, enjoos, medos, coragem, hoje, amanhã, agora, daqui há pouco. Ás vezes, tudo ao mesmo tempo. Você, quando aprende a administrar tudo isso por amor, percebe que não pode faltar água mineral, hidroclorotiazida, Losartana potássica, corus, Eparema, Lantus, Apidra, Dramin, dentre outros.
O meu amor é uma constante pesquisa e equilíbrio de Ceto Acidose 0.1, Glicada 6 e glicemia 100. Amar é entender que hipertensão é inimiga de sal e que diabetes é inimiga de Glicose... Mais ainda, é saber que seu amor não sobreviverá se não tiver os dois. É saber que se todas as opções anteriores estiverem equilibradas e a ansiedade desestabilizada, o problema continua com igual importância. Amar é como o ponto de equilíbrio de uma empresa, se menor, a tendência é morrer , se maior tem algo errado para consertar... E pode ser um problema sem volta. Não existe o está tudo bem. É um fio entre vida e morte dentro de uma incerteza absoluta. Mas... De tudo isso fica uma certeza... Amar é exatamente essas intempéries físicas... Para manter em evidência e com vida, você tem que estar alerta e sempre pronto para agir. E assim a vida vai acontecendo. Agindo. Desafiando. Enquanto isso vou vivendo. Pesquisando. Me desdobrando e aprendendo a conjugar esse amor glicêmico que faço questão de aperfeiçoar cada minuto do meu dia e da minha noite. Amar alguém com intensidades diferentes de hiper e hipoglicemia, é torcer para cada amanhã sejam dores menores, surpresas sem consequências, dormidas 20 vezes e acordadas 21 num período de 6 horas corridas. E, num instante isento de tudo isso você ouvir: Oi vida! Tudo bem? Eu te amo. É isso. No mais? Nada mais importa. Tudo o mais é mutável e indesejável. Enfim!... Amar verdadeiramente, é quando a pessoa que ama, olha diretamente no fundo dos seus olhos e no mais absoluto silêncio você sente e consegue ouvir no mais alto som a pergunta : Me ajuda amor? É quando dor e angustia tem o mesmo sinônimo de IMPOTÊNCIA. Mas, o amor pode tudo, até mesmo inverter o impossível. Sei muito bem disso.
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