Eu amei, ah como eu amei!
Uma vez apenas e tão perfeito
Em amor e confiança
Que a cama se tornava nuvem
Entre beijos intermináveis, o néctar dos Deuses
E os sexos no encaixe, a sagrada completude
Amei um Anjo e o sinal estava em seus olhos
Eu nem sei se foi real, se foi um sonho, se foi loucura
Apenas sei que, se por amar e ser amada por um Anjo
Em seus braços, senti o melhor que há em amor
Ao ser envolvida e encantada no frescor de suas asas
Era tanta ternura e céu
No espelho d’agua, límpido alvo e anil
Que no cálice nada derramava
Enquanto a flor de lótus
Deflorada explodia em amores
Sabores, sensações e cores
Emoções e inesquecível êxtase
Mamilos róseos, na verdade, indicavam
O amor oferecido que havia dentro do peito angelical
Que ao unir-se tornaria apenas um coração
Eternamente, assim eu teria ficado
Ao acabar de todas as horas
A hora de ir embora
Uno ao amor do Anjo
Anjo, para sempre, dentro de mim
Ao experimentar a salvação, a glória e a comunhão
A luz acendeu-se e ouviu-se o barulho de asas
A língua que o Anjo falava
Se tornou triste, silenciosa enfim muda
Fui condenada, amaldiçoada e separada
Regressa e de volta à terra deserta e árida
Anjo caído, guardava em sua intenção
A devassidão e a perdição
Seu amor era da boca para fora
Disse amar, apenas e para sempre, apenas uma vez
Mas o amor celestial que havia em seu olhar
Se perdeu e desapareceu
Anjo, o que faço agora?
Que se tornasse covarde e demônio?
O que será de minha alma e amor?
Que ao lhe entregar em inocência e veneração
Para o abismo contigo me levou
Ao cometer o pecado da concupiscência
Que não digam jamais!
Que este amor foi fraqueza ou sofreguidão
A dor que se prova quando a um amor se entrega de corpo e alma
Arde em infinita saudade e eterna danação
Nas trevas e na incandescência do fogo do inferno
Vendada, desolada, machucada
Expio e sangro, o nosso amor.
Simone Dimilatrov
Santos, 13 de outubro de 2016
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