Apenas quem conheceu e perdeu o amor verdadeiro
Conhece bem o sentimento
Da dor da saudade que nunca acaba
Da tristeza infinita que devora a alma
Apenas quem desejou ter um sonho de amor e o realizou
Sabe que, mesmo desejando e querendo
Senti-lo, entregar-se e realizar-se
Viver todo o melhor do amor, em sua plenitude
Sabe que querer nem sempre é poder
Apenas quem sorriu e tremeu, ao conhecer o amor verdadeiro
Que sentiu o tempo parar
A primeira troca de olhar
A cabeça girar, a voz gaguejar
Conhece o que o despertar do poder do amor realiza e faz
Apenas quem procurou e conheceu o amor verdadeiro
Sabe o que é esperar pelo reencontro
Contar os dias, as horas e os minutos
Para ver, abraçar, beijar e tocar
E na fusão dos corpos que se tornam um
Ver a luz do amor refletido no espelho da alma, em um só olhar
Apenas quem conheceu e pretendeu viver o amor verdadeiro
Novamente sonha e planeja
Volta a ser e a se comportar como se o amor
Despertasse a magia de beber da fonte da juventude
Vê voltar o vigor, o encanto, a pureza e a beleza
Da fonte renovada de vida que desperta e reside no amar
Apenas quem teve um sonho de amor que se tornou real
Que amou e foi amado sem interesse e sem maldade
Conhece bem o sentimento de ter que sacrificar-se
E, com grande esforço ter que desaparecer e se afastar
Por dever, jamais por querer
Mas por ter que fazer o que deve ser feito
Ter que honrar as escolhas que, um dia, foram feitas
E que, por serem irreversíveis, não podem ser desfeitas
Apenas quem amou e foi amado de verdade
Sabe o que é estar no sétimo céu
Viver a felicidade em sua plenitude
Felicidade rara e que exige mérito
Apenas quem adorou e foi adorado de verdade
Sabe que amar um Anjo
Seja na Terra ou no Paraíso
Agora sabe, a consequência que traz a dor de ser banido
Perderem-se por quanto tempo?
Perder-se as asas, perder-se de vista
O amor e o sexo lhe serem proibidos e brutalmente mutilados
E assim, por um tempo, nós dois flutuamos entorpecidos
E depois caímos, entre gritos e inconformismo
E depois o silencio mortal, o pranto e o gemido
E feridos condenados a vagar feito cegos no abismo
Apenas quem conheceu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe que, ao perdê-lo
Tudo se torna feio, triste e morto
Tudo se torna imperfeito e a vida se esvai pouco a pouco
E viver se torna maçante e perde todo o sentido
Apenas quem conheceu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe que viver, se torna sobreviver
Sabe que o mundo desaba em desespero
Que nos dias tempestuosos, adoecemos
E nas noites tardias velamos o amor perdido insones e insanos
E as lágrimas se misturam com o sabor seco do vinho
Apenas quem conheceu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe o que é o eterno luto e lamento
Sabe que nunca se conformará
E que nunca se esteve ou se estará preparado para dizer adeus
Pois o que parece estar acabado, nunca se acaba
Apenas quem sentiu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe que ele nunca termina
Sabe que não existe explicação, nem lógica e nem razão
Apenas dor, saudade e emoção
Apenas quem sentiu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe o que é chorar, gota a gota, um silencioso rio de lágrimas
Que fazem arder os olhos tristonhos e vermelhos
Disfarçar e esconder
Mas que, por hora, aplacam e aliviam
O fogo da saudade e da loucura que incendeiam as almas amantes
Apenas quem sentiu e perdeu o amor verdadeiro
Sabe o que é viver em tons fúnebres
Violáceos, cinzas e o desabar índigo das tempestades
Que afogam, que ilham e desolam
Que apagam-se as luzes
E acabam-se as cenas
Ao fechar das cortinas
Veludo eterno e negro da noite solitária
Sem estrelas, sem música, sem lua
Apenas quem perdeu o amor verdadeiro
Conhece todos os fantasmas que assombram e amedrontam
Forçando o coração que, aos pulos, um dia não suportará a dor aguda e final
A saudade que se forma na névoa
Em forma de alucinação recria
O triste e pesaroso semblante do amado.
Apenas quem amou o amor verdadeiro
Sabe que o amor, apesar de perdido
Tem o consolo e o pensamento para sempre mantido
Posto que é, e para sempre será, infinito.
Simone Dimilatrov
Santos, 14 de outubro de 2016.
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