Provérbios 13.16: Em tudo o homem prudente procede com conhecimento; mas o tolo espraia a sua insensatez.
Felizes são aqueles que são confirmados na fé, de modo a aprenderem não somente a prudência, como também tudo o mais que se refere ao fruto do Espírito Santo (domínio próprio, paciência, paz, longanimidade, bondade, etc).
Estando confirmado em toda boa palavra e obra, por habitar nele ricamente a Palavra de Cristo, e o pleno conhecimento de todos os preceitos de Deus, ele norteará sua conduta por estes princípios e será prudência para ele, especialmente quando estiver na presença dos ímpios.
A prudência vem de um estado de vigilância e cautela em todo o proceder, avaliando calma e adequadamente, o resultado possível de cada palavra proferida ou decisão tomada.
Além disso, pode contar com a instrução do Espírito Santo guiando sua mente e coração, para que no que depender dele, possa viver em paz com todos os homens.
Aqui se aplica, a recomendação de nosso Senhor Jesus Cristo a seus discípulos, a terem a simplicidade da pomba misturada à prudência da serpente, uma vez que vivem num mundo em que são atacados por lobos vorazes.
A pomba não retruca os ataques sofridos, e a serpente se desvia de possíveis confrontos com aqueles que lhe possam fazer mal. Tão importante é esta recomendação do Senhor, especialmente em nossos dias, que julgamos conveniente acrescentar a este comentário o relativo ao texto de Mateus 10.16-42:
“16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
17 Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas;
18 e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios.
19 Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer.
20 Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
21 Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
22 E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
23 Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
24 Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.
25 Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
26 Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.
27 O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
28 E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
29 Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
30 E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
31 Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35 Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
36 e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á.
40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
42 E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.” (Mateus 10.16-42)
Depois das instruções para a missão temporária que havia dado aos doze, quando lhes enviou a pregar somente em Israel, durante Seu ministério terreno, nosso Senhor passou a relacionar os sofrimentos dos Seus ministros na realização do trabalho, em todos os períodos da história da Igreja, a começar pelas perseguições que sofreriam da parte dos próprios judeus, logo após o derramar do Espírito no dia de Pentecostes, que culminariam com as grandes aflições que os ministros de Cristo terão que suportar próximo da Sua segunda vinda.
Para suportarem tais perseguições e aflições, os discípulos de Cristo devem aprender a renunciar à sua própria vida, amando-O acima de tudo e de todos, sabedores que até mesmo no meio de seus familiares segundo a carne sofrerão resistências, por causa do seu amor a Cristo e à justiça do evangelho, conforme nosso Senhor nos advertiu nesta passagem.
Isto é necessário para que se possa perseverar na fé e na doutrina de Cristo.
Há grande recompensa para todos os que forem fiéis a Deus, e contribuírem para o avanço do reino de Cristo na terra, de modo que até mesmo um copo de água fresca dado a alguém empenhado na obra do Senhor, terá a sua recompensa.
Está determinado por Deus, que a obra do evangelho avance em meio a perseguições e tribulações. E, por serem semelhantes ao Seu Senhor, os cristãos serão odiados por muitos não cristãos, estando encarregados de pregar o evangelho como ovelhas no meio de lobos, motivo pelo qual não devem ser ingênuos, mas prudentes, enquanto mantêm a simplicidade que é devida a Cristo.
A prudência da serpente foi recomendada, porque quando diante de um agressor em potencial, ela não passa a atacá-lo, mas se retira prudentemente.
De igual modo, os cristãos devem evitar confrontos desnecessários com os que se opõem à pregação do evangelho.
A vontade do Senhor é a de que Seus servos não devem se expor desnecessariamente, a dificuldades que sofrem normalmente neste mundo, e por isso lhes recomendou a prudência das serpentes e a inofensividade das pombas com vistas à preservação deles.
A inofensividade das pombas é recomendada ao lado da prudência das serpentes, porque quando estas últimas são atacadas, também revidam ao ataque, mas os cristãos, tal como as pombas não devem revidar os ataques que lhes são desferidos.
Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo foi conduzido ao sinédrio, para ser julgado e condenado à morte por apedrejamento, pelos seus próprios compatriotas, de maneira que com isto, começou a se dar cumprimento à profecia do Senhor do verso 17, de que os discípulos seriam conduzidos aos sinédrios, que era a corte judaica para o julgamento de questões religiosas relativas aos judeus.
De igual modo, a profecia de que seriam açoitados nas sinagogas, foi experimentada não apenas por Paulo, como também por outros, conforme testemunho que encontramos na Bíblia e na história da Igreja.
Paulo se refere em II Cor 11.24, quanto a ter recebido o total de 195 chibatadas dos judeus, provavelmente em suas sinagogas, em cinco ocasiões diferentes, por causa do evangelho.
O próprio chefe da sinagoga de Corinto, chamado Sóstenes foi açoitado pelos judeus por ter-se convertido a Cristo (At 18.17).
Paulo foi perseguido intensamente pelos judeus, aos quais pregou em suas sinagogas espalhadas pelo mundo antigo, e foi conduzido à presença de governadores e reis, pelo desígnio prévio do Senhor para lhes servir de testemunho, tanto a eles quanto aos gentios (v. 18).
Todavia, em meio a todas as perseguições que sofreram, e ainda têm sofrido, os ministros e demais servos do Senhor têm sido capacitados pelo Espírito Santo, não necessariamente para livrá-los, mas para darem um testemunho corajoso relativo a Cristo, tal como havia feito Estevão no passado.
Para muitos, a chamada para dar testemunho do evangelho significará colocar em risco até mesmo a segurança relativa à própria vida. Todavia, o Senhor nos ordena que não temamos aqueles que podem somente tirar a vida do corpo, e nada mais podem fazer além disso. Somente Deus deve ser temido quanto ao nosso destino eterno, porque é Ele que tem o poder de lançar não somente o corpo, como também o espírito no inferno.
O cristão está a serviço de Deus e Ele o manterá em vida neste mundo, até que cumpra o ministério que lhe tem designado para ser cumprido.
Se até dos pássaros que são seres dos quais Deus cuida apenas providencialmente, não como Pai, de quanto mais não cuidará dos cristãos que são Seus filhos (v. 29).
Nenhum pássaro morrerá, se não for permitido por Deus, mas nenhum de seus filhos será morto por seus perseguidores, se não houver uma permissão e um propósito específico de Deus nisto. De modo que, nosso Senhor expressou o cuidado de Deus em relação a Seus filhos com as seguintes palavras:
“30 E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
31 Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.”
Diante de tal cuidado, a missão de todo cristão é confessar Cristo diante dos homens. Devem ser conhecidos na condição de Seus servos e proclamarem o evangelho às claras, de cima dos eirados.
São estes que confessam Cristo como Senhor e Salvador deles, que são os que Ele também confessa como sendo Seus diante do Pai, nos céus.
Por conseguinte, todos os que não conhecem ao Senhor, e que não O confessam diante dos homens, não podem contar com tal confissão de Cristo em relação a eles, na presença do Pai.
Tal confissão de Cristo não se trata simplesmente de abrir a boca e pregar o evangelho a outros, mas antes, e sobretudo ter o testemunho de uma vida transformada e que seja obediente à Sua vontade, conforme se infere das Suas seguintes palavras:
“38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”
Quanto não se pode dizer acerca do significado de se tomar a cruz, negar-se a si mesmo e seguir o Senhor.
Pr Silvio Dutra
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