Respondendo à Pergunta do Título:
Só nos resta aguardar a volta do Senhor Jesus, conforme Ele assegurou que o faria quando o evangelho tivesse sido pregado em todas as nações.
Sumário
· Até aos Confins da Terra
· Primeiro o Espírito Santo, depois o Testemunho
· O Espírito é Derramado na Unidade da Igreja
· O Exercício de uma Liderança Representativa
· O Velho em Face do Novo
· Deus confirma a Pregação da Verdade com Manifestações do Seu Poder
· Várias Denominações, mas não Igrejas
· Primeiro o Reino de Deus
· Batismo no Espírito e nas Águas
· Pregando a quem julgam Comum ou Imundo
· Não há Fruto sem Flor
Até aos Confins da Terra
O marco de partida que fará com que Deus ponha em marcha todas as ações previstas para o tempo do fim, que culminará com a volta do Senhor é a pregação do verdadeiro evangelho em todo o mundo (Mt 24.14).
É interessante considerar que até fins do século XIII a civilização que guardava o depósito do evangelho nos continentes africano, asiático e europeu, sequer tinha chegado ao continente americano, que a propósito, ainda viria a ser descoberto pela civilização ocidental.
Se o domínio marítimo pertencesse ao mundo oriental, e caso fosse este o descobridor do continente, certamente, em vez do cristianismo, teríamos o hinduísmo, o islamismo, o taoísmo ou até mesmo o budismo como religiões dominantes.
Mas, o senhor da história é Deus e não o homem.
Um outro ponto importante a destacar é que o evangelho introduzido na América Latina, não foi por meio da Igreja Reformada, como no caso da América do Norte, mas pela Igreja Romana, que exerceu domínio absoluto no continente, por quase trezentos anos.
O contraste entre o tipo de sociedade produzido pelo evangelho do tipo protestante nos EUA, Canadá e Groelândia, e o do tipo católico nos países da América Latina, seria profundamente marcante.
Tanto que, a introdução do evangelho protestante na América Latina ficou dependente, principalmente da ação missionária dos EUA.
A decadência moral que começa a ser percebida na América do Norte não é resultante da prática do evangelho, mas exatamente do seu abandono.
Os primeiros missionários protestantes só chegaram à América do Sul, a partir de meados do século XIX. Podemos dizer, bem recentemente, em comparação aos dois mil anos de pregação do evangelho no mundo.
Entretanto, como já comentamos anteriormente, o evangelho progrediu muito mais nos séculos XVIII e XIX do que em qualquer outra época da história da cristandade.
Teve muito boa receptividade, por assim dizer, e avançou rapidamente, nas três Américas: do Norte, Central e do Sul.
O continente europeu foi evangelizado desde os dias apostólicos, estando a Igreja de Cristo presente em todos os países do continente.
Na África e parte da Ásia, especialmente a Ásia Menor, evangelizada pelo apóstolo Paulo, ocupada atualmente pela Turquia, o evangelho em vez de avançar, sofreu um recuo em face da ocupação muçulmana, e isto ocorreu em outras nações destes continentes.
Através dos empreendimentos missionários desenvolvidos, especialmente a partir do século XVIII, muitas áreas foram alcançadas pelo evangelho, mas algumas ainda permanecem quase que hermeticamente fechadas, configurando o grande desafio para a conclusão da obra de evangelização em nossos dias, mas entre estas, não devem ser contadas, para efeito de cumprimento da palavra do Senhor referente à Sua volta, aquelas que já haviam sido evangelizadas e até contado com a presença de comunidades evangélicas em outras épocas da história. Todavia, deve ser considerado que com o advento, especialmente da tecnologia virtual, sobretudo da Internet, as barreiras físicas têm sido ultrapassadas para que Cristo seja anunciado em todas as partes do mundo.
Devemos sempre lembrar que muitas das regiões da Ásia e África, que se encontram atualmente sem a presença do evangelho, foram em outras épocas até o próprio berço deste. A Turquia, por exemplo, que ocupa todo o território pertencente à Ásia Menor, onde Paulo evangelizou muitas cidades, como as da Galácia e Éfeso. As sete cidades citadas nos capítulos segundo e terceiro de Apocalipse, estavam ali localizadas, figurando entre elas a de Éfeso.
Como poderia estar o evangelho na América daqui a mil e oitocentos anos? A Turquia é uma das possíveis respostas para tal indagação.
Durante a Idade Média, a Europa Oriental e parte significativa da África foram evangelizadas, e no início do século XV havia várias comunidades cristãs na Ásia, fruto dos empreendimentos missionários dos séculos anteriores.
Então não é adequado o modo de abordagem estatístico, e deve a afirmação do Senhor ser entendida como expressão daquilo que tem ocorrido ao longo da história da igreja: Ele morreu e ressuscitou. Quem nEle crê está salvo. O que não crê será condenado. Este é o testemunho que deve ser dado em todo o mundo. E isto, a par de todas as dificuldades, vem sendo feito.
Não podemos esquecer, quando pensamos em áreas remotas e em países fechados para o evangelho, que estamos em plena era da comunicação por satélites, que não conhece fronteiras.
Todas as barreiras que se levantam contra o avanço do evangelho, são quebradas pela providência de Deus, mesmo quando o caminho usado é o do chamado mundo secular.
Por exemplo, o poderio dos impérios português e espanhol, fortemente católicos, foi primeiramente rompido, especialmente por Napoleão Bonaparte, que viria a ser derrotado, posteriormente pelos ingleses, num momento em que a presença do evangelho era forte na Inglaterra, assim como também, secularmente falando, era grande a influência daquela nação na economia do mundo. Isto possibilitou que as leis dos países latino-americanos fossem alteradas, possibilitando a emigração e livre confissão religiosa do evangelho por parte dos emigrantes que desejassem fixar residência em tais países.
Vemos nisto a obra da providência divina criando caminhos para o evangelho, assim como as estradas e a Pax romanas garantiram à Igreja Primitiva a sua pregação inicial por todo o mundo conhecido de então.
A queda do regime Talibã, que impedia a pregação da Palavra, nas recentes ações de guerra contra o Afeganistão, pode ser o princípio de oportunidades para uma maior evangelização daquele país, bem como de outros que se aliaram aos EUA nas ações contra o terrorismo, como é o caso do Paquistão e da Índia, dentre outros.
Não se pode entender, todavia, que a volta do Senhor está conciliada à pregação do evangelho até à última pessoa da Terra.
A propósito, em seu sermão profético Jesus não declarou que o evangelho deveria ser ouvido por todas as pessoas, nos últimos dias, sem uma única exceção, para que Ele pudesse voltar.
Jesus não disse que o evangelho prevaleceria na Terra antes da Sua volta, mas que ele seria pregado em todo o mundo. E isto tem ocorrido ao longo das sucessivas gerações nestes vinte séculos de evangelização.
O evangelho deve ser pregado a toda criatura, mas Jesus não disse que só voltaria depois que ele fosse pregado a todas as pessoas do globo, mas, sim, em todo o mundo, em todas as nações.
Em 1972 havia 3.400 missionários transculturais em todo o mundo. Em 1980, cerca de 12.000, e em 1988 aproximadamente 36.000. A taxa de crescimento percentual de missões tem sido portanto maior do que a taxa de crescimento da população mundial.
O evangelho cresceu nas duas décadas finais do século XX, cerca de 38% na África, e 37% na Ásia, apesar de o número de cristãos em ambos continentes ser ainda muito baixo em relação à população total.
Em 1800, 99% dos cristãos estavam no Ocidente, e apenas 1% no restante do mundo. Em 1900, cem anos após, o quadro não se alterou muito: 91% no Ocidente e 9% no resto do mundo. Mas, em 1980 o quadro havia se alterado bastante: 47% no Ocidente e 53% no resto do mundo. Isto indica que houve um avanço do evangelho para além do Ocidente, durante o século XX.
ANO POPULAÇÃO CRISTÃOS %
33 171.000.000 120
100 181.500.000 1.149.000 0,6
500 193.400.000 43.400.000 22,4
1.000 269.200.000 50.400.000 18,7
1.500 425.300.000 81.000.000 19
1.800 902.600.000 208.200.000 23,1
1.900 1.619.900.000 521.600.000 34,4
1.997 5.815.162.100 1.710.794.000 29,4
2.015 7.349.000.000 2.100.000.000 35
Observe que em razão especialmente de pestes e guerras, não houve um aumento considerável na população mundial até o ano de 1.500, e na verdade, nos 300 anos que se seguiram, o crescimento também não foi expressivo, ou seja, até o ano de 1.800, porque no ano 100 havia cerca de 180.000.000 de habitantes em todo o mundo. No ano 500 cerca de 200.000.000. No ano 1.000, ou seja, 500 anos depois, a população era de cerca de 270.000.000, e passados outros 500 anos, chegou em 1.500 a apenas 425.000.000, ou seja, menos do dobro em 500 anos.
Entre 1.800 e 1.900, ou seja, em apenas cem anos, a população mundial quase se duplicou, passando dos 900.000.000 de 1.800 para os 1.600.000.000 do ano de 1.900.
E nos cem anos seguintes, ou seja, de 1900 a 1997, esta mais do que se triplicou, passando de 1.600.000.000 de habitantes para 5.815.000.000.
Em apenas 18 anos a mais, chegou a 7 bilhões e 349 milhões em 2015.
Os dados apresentados revelam que houve uma explosão demográfica muito grande nestes últimos anos, e certamente, o mundo em que vivemos é bastante diferente do mundo dos séculos anteriores.
Por exemplo, a Idade Média foi um período essencialmente rural, e as cidades eram pequenas.
Londres, em 1086 tinha apenas 17.850 habitantes. Ao redor do ano 1350, antes da peste negra, que dizimou a população do Ocidente pela metade, Florença tinha 55.000 habitantes. Milão e Veneza, pouco mais de 100.000 mil, cada uma. Paris, em 1328 tinha apenas 60 mil habitantes.
Hoje em dia, há cidades que possuem populações maiores do que a de muitos países. Nova York, São Paulo, Cidade do México, entre outras, possuem milhões de habitantes.
A vida urbana é completamente diferente daquela que se vive no meio rural. E isto tem determinado uma grande modificação nas estratégias de missões e evangelismo mundial.
Devemos considerar que as condições atuais são inteiramente diferentes daquelas que prevaleciam nos dias de William Carey, no século XVIII, que se tornou conhecido como pai das missões modernas. O mundo dos dias de Carey ainda estava dividido em mundo pagão e não paganizado. O paganismo referia-se àquelas áreas onde o evangelho nunca havia sido anunciado antes. As pessoas não sabiam sequer que havia evangelho. Devemos lembrar que a comunicação mundial era difícil e as notícias demoravam muito para se espalharem. Este, certamente não é o quadro reinante atualmente. O mundo muçulmano em muitos países da África e da Ásia, não pode ser denominado de mundo pagão, porque eles sabem não só da existência do evangelho, como também lhe resistem.
Primeiro o Espírito Santo, depois o Testemunho
Jesus, antes de ser elevado às alturas deu mandamentos aos apóstolos, por intermédio do Espírito Santo (At 1.2).
Seu ministério terreno também foi cumprido no poder do Espírito.
Por três anos, os apóstolos haviam acompanhado o Senhor, dando juntamente com Ele testemunho da verdade, curando enfermos, expulsando demônios, batizando os que se convertiam. Mas, agora é-lhes ordenado que permanecessem em Jerusalém, em oração, juntamente com toda a igreja, aguardando o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito.
Os apóstolos já haviam recebido o Espírito Santo, quando o Senhor soprou sobre eles para que o recebessem (Jo 20.21,22), dizendo-lhes que os estava enviando assim como Ele fora enviado pelo Pai. Eles não poderiam dar testemunho do Senhor sem a capacitação do Espírito e sem que, eles próprios, tivessem uma experiência pessoal com Ele.
Mas o Senhor lhes disse que eles também receberiam, juntamente com outras pessoas, um batismo com o Espírito (At 1.4,5). Tendo feito na ocasião, menção ao batismo que João realizava nas águas. Ora, os que eram batizados por João faziam-no na expectativa de serem purificados de seus pecados e de entrarem no reino dos céus. Mas o próprio João afirmava que ele era apenas um precursor daquele cujo batismo poderia realizar tal obra. O batismo que Jesus faria com o Espírito Santo.
Assim, para os apóstolos, que já haviam recebido o Espírito, aquele batismo seria um revestimento de poder. Para outros, a conversão de suas almas e/ou também revestimento de poder.
Fosse o que fosse, o grande fato é que a igreja começaria a ser formada em todo o mundo através do testemunho daqueles que haviam tido uma experiência pessoal com o Espírito, por meio da fé em Jesus.
O Espírito Santo revestiria a igreja de poder para levar a salvação em Jesus para além dos termos de Israel.
O derramamento do Espírito confirmaria a glorificação do Senhor junto ao Pai, depois de Sua morte, ressurreição e ascensão.
Tremendos dias eram aqueles. Neles estava ocorrendo o cumprimento das promessas feitas aos patriarcas de Israel e aos profetas.
Um avivamento espiritual estava às portas. Eles não deveriam retornar para a Galileia, ao norte, mas permanecer em Jerusalém, onde estava o templo, e para onde viriam judeus de todas as nacionalidades para celebrarem a festa de Pentecoste.
Imagine a cena: várias pessoas reunidas no dia da festa. Judeus vindos de todas as partes do mundo, falando as mais variadas línguas. De repente, como afirma a Bíblia, isto é, sem aviso prévio. Inesperadamente. Ouve-se o som de uma grande ventania dentro de uma casa onde várias pessoas estavam assentadas. Não havia vento algum, mas aquele som era bem conhecido de todos.
Algo diferente estava acontecendo. E não parou por aí. Também pousou sobre cada um deles uma língua com aparência de fogo. Simultaneamente ficaram cheios do Espírito e começaram a falar sobre as grandezas de Deus em idiomas que eles não conheciam, mas que eram exatamente as línguas que falavam aquelas pessoas que se encontravam ao redor.
Eles próprios não devem ter entendido o que falavam, mas os que os ouviam entenderam perfeitamente, ao ponto de terem sido convencidos em grande número de que algo vindo do céu e não do homem, estava acontecendo. Quando Pedro lhes explicou o significado daquela ocorrência, e que eles também poderiam receber o dom do Espírito, isto é, o próprio Espírito, desde que se arrependessem e fossem batizados em nome de Jesus para remissão dos pecados (At 2.38), cerca de três mil dentre eles aceitaram a palavra e foram batizados.
A língua de fogo foi a palavra que receberam do Espírito. O testemunho não deve ser dado simplesmente pela nossa própria boca e baseado na nossa própria razão, mas no e pelo poder do Espírito.
Leia I Cor 2.1-5
O método de se dar testemunho da verdade não foi alterado pelo Senhor. Ele tem permanecido o mesmo através dos séculos. Grandes avivamentos do Espírito são acompanhados por grande número de conversões, e renovação espiritual da igreja, revitalizando-a na santidade de Deus.
Como em todo avivamento ou movimento de renovação espiritual sempre houve, antes, um retorno à Palavra, dando-lhe o lugar de destaque que deve ter na vida da igreja, cremos estar contribuindo, com este nosso estudo, para um verdadeiro avivamento, pois não temos feito outra coisa, senão comentar a verdade, na forma como esta se apresenta na Bíblia.
O chamado Movimento Puritano, por exemplo, que surgiu na Inglaterra no século XVI, foi um movimento de renovação espiritual.
Os puritanos escreviam muitos sermões e sobre teologia devocional. Estudavam intensamente as Escrituras porque queriam experimentar uma vida profundamente bíblica.
Sua pregação era sempre uma exposição de passagens bíblicas. Seus sermões eram extensos porque tinham a preocupação de ensinar ao povo toda a verdade.
Buscavam renovação espiritual, mas não de forma individualista.
Queriam renovar toda a igreja anglicana, e para isto formaram uma rede de pastores preparados, pois entendiam que a qualidade da igreja dependia da qualidade dos seus pastores.
No seu entendimento não se poderia renovar a igreja sem um ministério renovado.
A igreja anglicana nos primórdios do movimento puritano estava repleta de crentes nominais, daí a pregação dos puritanos consistir principalmente dos seguintes pontos:
· Ênfase na necessidade do culto familiar.
· Responsabilidade nos negócios na sociedade.
· Renovação pessoal através da literatura cristã.
· Aplicação do sermão à vida pessoal.
· Comunicação do evangelho da graça livre em Jesus.
· Alvo de padrão de conduta no casamento, na sociedade, no trabalho, em casa e em toda a parte.
· Teologia centralizada na autoridade de Deus e na Bíblia como palavra final.
· Relação de confiança mútua (pacto) que trazia responsabilidade interpessoal.
· Convocação dos crentes ao serviço cristão.
Eles chegaram à conclusão que fé é mais do que confiança em Cristo. Fé é compromisso com o Cristo vivo, que transforma a nossa vida.
Foi em consequência disso que começaram a buscar novos métodos para a formação de pastores.
A chegada dos primeiros puritanos aos Estados Unidos em 1620 foi um fator de influência preponderante sobre o caráter da formação daquela nação, especialmente no plano espiritual. O que sem dúvida foi também decisivo para os vários avivamentos que os americanos experimentariam nos séculos seguintes, especialmente nos séculos XVIII e XIX (vide Tabela Cronológica no final deste livro).
Sempre houve e haverá resistência à obra do Espírito.
Todo avivamento tem sempre os que se lhe opõem, dentro e fora da igreja.
Lembram no dia de Pentecoste?
Alguns diziam que os apóstolos estavam embriagados.
Posteriormente, os que haviam se convertido dentre os fariseus, estavam querendo impor o pleno cumprimento da lei de Moisés à igreja.
Caso eles tivessem experimentado realmente uma renovação espiritual, o próprio Espírito Santo tê-los-ia conduzido à verdade, e eles entenderiam que os cerimoniais da lei haviam tido cumprimento cabal em Cristo. Quando se deixa de andar no Espírito, a mente carnal não poderá entender a Sua obra.
Não houve um só movimento de renovação espiritual na história da igreja que não tenha sido resistido ou perseguido ferozmente, por aqueles que, movidos por outros interesses, não estavam buscando somente os relativos ao reino de Deus.
O movimento puritano por exemplo, foi duramente perseguido pelos próprios pastores da igreja anglicana tradicional, que, por motivos políticos, queriam agradar ao rei, e não ao Rei dos reis.
Na verdade, não estavam resistindo a um movimento, mas à sua determinação em viverem em conformidade plena com as Escrituras, o que os perseguidores consideravam exagerado.
Desligar a igreja do Estado, por outro lado, significaria falta de sustento financeiro para muitos, que viviam às expensas da coroa.
Quem dá o dinheiro faz as regras.
Assim, o rei e o parlamento influíam até na forma de culto que deveria ser realizado pela igreja.
Em 1661, autoridades governamentais realizaram uma conferência entre os bispos. Os próprios parlamentares em conluio com os bispos anglicanos, assalariados do governo, e fizeram seiscentas alterações no Livro de Oração, que era a Constituição da igreja, mas nenhuma delas advogava a posição dos puritanos.
Em maio de 1662, um novo Ato de Uniformidade foi aprovado pelo rei. Por este se proibia o uso de qualquer outro material diferente do Livro de Oração no ofício das igrejas.
Com isto, os puritanos foram excluídos da igreja da Inglaterra.
Mas, nada disso estava fora dos planos de Deus, pois muitos deles, espalharam-se pelo mundo, especialmente, em novas levas para os Estados Unidos.
Isto não faz lembrar a perseguição sofrida pela igreja primitiva de Jerusalém, por parte dos sacerdotes e do rei Herodes?
Em razão dela ocorreu a dispersão que levou a Palavra às demais regiões de Israel, e dali, para outras partes do mundo conhecido de então.
As perseguições que Paulo sofreu dos judeus serviram grandemente para que ele, tendo que abandonar determinada cidade, partisse para outra para pregar a Palavra. Com isso ganhava a causa do evangelho e os interesses do reino de Deus.
O movimento dos Quacres, ou Sociedade dos Amigos, fundado por George Fox, que começou o seu ministério em 1647, sofreu também forte oposição. Mais de três mil crentes, incluindo o próprio fundador, haviam passado pela prisão. Qual a razão? Eles queriam viver segundo a direção do Espírito Santo.
Centenas deles morreram nas prisões e outros sofreram pesadas multas que os aniquilaram financeiramente, isto porque ousaram desafiar as autoridades hostis realizando suas reuniões de culto publicamente.
As demais denominações, que não seguiam o Livro de Oração, faziam-no ocultamente.
A ousadia da pregação pública dos Quacres, dentre outras conquistas, alcançou para a fé evangélica, William Penn, filho de um influente almirante inglês, do mesmo nome, que foi um dos maiores pregadores de sua época e defensor da fé. Este, enviou oitocentos irmãos para Nova Jersey. Obteve do rei a concessão da Pennsylvanya, e em 1682 passou a colonizar Filadélfia, cidades americanas, que, na sua formação, estiveram assim, debaixo da influência do verdadeiro evangelho. É forçoso reconhecer. Houve exageros entre os Quacres. E, na verdade, sempre há, em movimentos de renovação espiritual. Não por causa do Espírito, que é perfeito. Mas por causa dos instrumentos humanos que usa. Mas, isto é argumento válido para impugnar as manifestações do Espírito Santo ou a validade e a importância dos avivamentos?
Certamente é muito mais fácil e cômodo liderar um povo que se coloca inteiramente debaixo da batuta de um maestro que só executa música onde não há o risco de desafinação. Mas qual é a vantagem disso? A música que se toca é celestial?
Muitos advogam a antiga ideia de que a evangelização deveria se limitar apenas a ensinar as crianças desde a mais tenra idade. Assim, não haveria necessidade de ministrações de impacto, sob unção do Espírito, que conduzem, não raro, a manifestações emocionais.
Está certo em parte ou no todo?
Uma coisa deve ser considerada diante de tal tipo de raciocínio: e as imensas massas de jovens e adultos que andam vagando pelo mundo sem o Senhor?
Como alcançá-los para Cristo?
Como quebrar as convicções religiosas islâmicas, espiritualistas, romanistas e tantas outras?
Podemos dispensar o poder do Espírito?
Recusaremos a ministração, isto é, o serviço dos exércitos celestiais que Deus envia em nosso auxílio? (Hb 1.13, 14).
Lembro do anjo libertando Pedro e os demais apóstolos da prisão e ordenando-lhes que fossem pregar a Palavra no templo, exatamente o local onde se reuniam os seus perseguidores (At 5.17-20).
Quando as autoridades religiosas judaicas ameaçaram os apóstolos, ordenaram-lhes que não pregassem publicamente em o nome de Jesus, e a resposta que eles receberam foi a de que importa antes obedecer a Deus do que aos homens.
Muitos consideram o ato dos apóstolos como um ato de imprudência, pois com isso, o pescoço de Tiago, e o de muitos poderiam ter sido poupados.
A grande questão é que eles receberam ordem direta do alto para fazê-lo publicamente, sem tencionarem poupar a própria vida.
Não foi este mesmo sentimento que encontramos em Paulo, quando se encaminhou para Jerusalém, apesar de o Espírito ter-lhe revelado de cidade em cidade que lhe aguardavam cadeias e tribulações em Jerusalém?
O Espírito alertou sobre o que ocorreria, e não sobre o que ele deveria fazer para evitá-lo.
Paulo afirmaria em face da revelação e do pedido insistente dos irmãos que tentavam dissuadi-lo da ideia de ir para Jerusalém:
Leia At 21.13
O que o Espírito havia revelado ocorreria.
Por isso falhou a estratégia dos apóstolos e presbíteros da igreja de Jerusalém, tentando livrar Paulo da fúria dos judeus, recomendando-lhe que se apresentasse no templo para fazer voto com quatro outros homens, de sorte que se manifestasse publicamente com esta atitude, que, ele, Paulo, não era contra a lei de Moisés (At 21.17-28).
Tal estratagema só serviu para agravar ainda mais a situação do apóstolo, pois os judeus passaram a acusá-lo dizendo que ele havia profanado o templo introduzindo gentios no mesmo (At 21.28).
Há necessidade de que a igreja ore permanentemente, para que haja avivamento do Espírito em cada crente, em cada igreja, cidade, país, no mundo todo.
Naquele Pentecoste, de 33 d.C, estava ocorrendo num determinado ponto da cidade de Jerusalém. E dali, se espalharia para todo o mundo conhecido de então.
Leia At 5.32
O testemunho da igreja é sobretudo, testemunho da ressurreição de Cristo (At 1.22; 4.2,33).
Leia At 1.22b; 4.33
Por isso era prática diária na igreja primitiva o partir do pão, de casa em casa (At 2.46), para celebrar a vida do Senhor na igreja. A ceia não tinha um valor cerimonial, mas era um forte simbolismo de que os crentes participavam juntamente da vida de Jesus. Isto estava representado no pão que consumiam. Ao comê-lo, afirmavam que a vida de Jesus estava em cada um deles, pois se alimentavam efetivamente do Senhor, na comunhão espiritual diária que tinham com Ele.
O poder da vida de Jesus se manifestava na vida da igreja, e não havia melhor forma de se dar testemunho da Sua ressurreição. Jesus estava vivo e a Sua vida se manifestava na igreja.
Este era o testemunho principal que se dava ao mundo, de maneira que outros pudessem ser transportados da morte espiritual no pecado, para a vida abundante do Senhor.
Mas o texto de Atos 4.33 destaca a forma pela qual este testemunho era dado pelos apóstolos: “...com grande poder...”.
Ora, sabemos que tal poder era decorrente do avivamento que havia começado no dia de Pentecoste.
Precisamos também de avivamento para testemunhar de Cristo com este mesmo poder.
Na parte final do capítulo que se segue a este, estamos destacando alguns perigos que devem ser evitados em movimentos de renovação espiritual. Mas aqui, gostaríamos de citar alguns pontos importantes sobre as observações que foram feitas acerca de tais movimentos, e sobre avivamento, ao longo da história da igreja:
· Ocorrem em vários lugares, mas os fenômenos relativos às manifestações sobrenaturais do Espírito quase nunca se repetem ou são os mesmos.
· O avivamento é mais do que o reconhecimento que já se tem a presença do Espírito. É a ação do Espírito numa experiência mais profunda do conhecimento de Deus (Lembremos que os apóstolos já tinham recebido o Espírito antes do dia de Pentecoste, mas que foram revestidos de poder naquele dia).
· Pode atingir uma pessoa, um só grupo, uma igreja, igrejas, cidades, países, continentes, o mundo todo.
· A igreja avivada começa a intensificar a sua ação evangelizadora e missionária.
· A igreja recebe nova visão de Deus, novo desejo de orar etc.
· Começa a agir em movimentos sociais para auxiliar necessitados e desamparados, movida pelo amor do Senhor.
· A ação de Deus no avivamento não só renova a igreja local, como a impulsiona ao mundo.
· Há um reconhecimento da santidade, da grandeza, da justiça e do amor de Deus (uma visão renovada do Senhor).
· O crente tem uma nova visão de si mesmo (Vê que não é “bonzinho”) e que há um abismo infinito entre nós e a santidade de Deus. Mas Ele atravessa o abismo infinito e vem ao nosso encontro.
· Há nova visão sobre a justificação pela fé. A salvação é puramente um dom de Deus.
· A santificação é entendida como essencial à salvação. Nosso alvo de ser transformado à imagem de Cristo.
· Santidade é mais do que buscar a purificação interior. É estar pronto para servir a Jesus, sendo instrumento da Sua graça para o mundo.
· Autoridade nos conflitos espirituais. Poder de Deus para vencer o pecado e os poderes das trevas.
· Nova comunhão com Deus e compreensão da Sua obra.
· Oração e dependência do Espírito Santo.
· Comunhão traduzida na cooperação na igreja.
· Desinculturação (quebra de padrões e costumes culturais que sejam nocivos à comunhão com o Senhor).
O Espírito Santo é Derramado na Unidade da Igreja
No Pentecoste os apóstolos estavam junto do povo. Pedro traduziu o que estava ocorrendo.
É preciso então que nossas reuniões sejam conduzidas por lideranças experimentadas na obra do Senhor e firmes no conhecimento da Sua Palavra, e que sejam capazes de discernir a obra que o Senhor está realizando em nosso meio.
Esta é a metodologia de Deus, e deve ser seguida para o crescimento saudável da igreja.
Quem era a igreja no dia de Pentecoste? A Palavra nos informa que havia uma assembleia que se compunha por cerca de cento e vinte pessoas. Esta era a igreja que se reunia em oração (At 1.14,15). As reuniões nos lares contavam com a supervisão dos apóstolos ou por pessoas autorizadas por eles para tal (At 15.24). Os apóstolos foram escolhidos pelo Senhor principalmente, para este propósito: o de apascentar a sua igreja.
A igreja não seria um bando de pessoas, buscando cada uma ao Senhor do seu modo. Não, Jesus constituiu uma liderança de apóstolos e presbíteros para dirigi-la. É
portanto, no mínimo, muito estranha esta ideia de igreja sem liderança.
Ainda nos dias apostólicos, logo no início da igreja, sentiu-se também a necessidade de se instituir o ofício diaconal, para o mesmo propósito de se conduzir o rebanho (At 6.1-6).
At 2.42 dá-nos o relato de que a igreja perseverava na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Isso bem demonstra que o ensino que obedeciam era o que lhes era ministrado pelos apóstolos. Ninguém se conduzia a si mesmo, a pretexto de estar recebendo revelações especiais do Espírito. Deus não é de confusão. Jamais o Senhor daria uma direção à igreja diferente daquela que Ele deu aos apóstolos.
Por isso podemos ter toda a convicção para impugnar qualquer doutrina que não se conforme ao ensino de Jesus e dos apóstolos, conforme registrado na Bíblia. E estaremos errando diante de Deus se não o fizermos.
O Espírito Santo não foi portanto derramado sobre um grupo de pessoas que estavam buscando de per si, o poder do Senhor.
Ao contrário, havia um grupo bem orientado e dirigido que estava se reunindo e orando regularmente, em obediência à ordenança que Jesus lhes deu depois da Sua ressurreição.
Os líderes não estavam impondo a sua própria vontade, mas recebendo-a do Senhor e fazendo-a conhecida da igreja.
Não havia exagero de unidade, como a que se encontra em algumas religiões, mesmo dentre algumas que se denominam cristãs, onde a vontade do pontífice máximo
prevalece, e onde o povo é impedido de pensar e cultivar sua vida de intimidade pessoal com Deus, em nome de se preservar a unidade, só que esta não é do e no Espírito, mas do homem e pela vontade do homem.
E não havia também exagero de diversidade, onde cada um faz o que é da sua própria vontade e não reconhece que está sujeito a autoridades constituídas por Deus, que devem ser acatadas enquanto permanecerem fiéis à Sua vontade e Palavra.
Havia unidade na diversidade, equilibrada. Os erros e as dúvidas eram dissipados pela igreja reunida, sob a direção dos seus líderes, constituídos pelo Espírito de Deus, por chamada divina.
Este é outro ponto importante. Ninguém deve tomar para si o encargo de pastor, presbítero ou diácono, se não tiver uma chamada específica de Deus.
Quando esta norma principal é violada, a igreja paga um preço muito caro, não em dinheiro, mas em prejuízo espiritual.
Mas, quando há unidade do Espírito, estando a igreja pacificada pela sábia direção de seus líderes, pode-se contar com bênçãos especiais de Deus, traduzidas principalmente em avivamentos do Espírito, capacitando a igreja para a obra de evangelização e edificação de almas na verdade.
Leia Sl 133.1,3b
Mesmo quando há tal unidade, há sempre aqueles que não andam segundo a verdade, ou então que por ignorância ou descontrole emocional, ou ainda por influência do inimigo, exageram no uso dos dons espirituais ou das manifestações sobrenaturais do Espírito Santo.
É necessário estar alerta para os exageros de manifestações espirituais, sem qualquer propósito, e que causam grande confusão na mente e coração das pessoas, afastando-as do Senhor em vez de aproximá-las. Mau uso dos dons espirituais. Crises emocionais. E qualquer outro tipo de situação em que não haja de fato uma direção do Espírito devem ser corrigidas ou detidas, por aqueles que têm a seu cargo a liderança da igreja. É necessário contudo discernir que o inimigo usa seus ardis para deter a obra do Espírito, pelo temor que infunde quanto à falta de controle sobre as manifestações sobrenaturais. Por isso usa os menos avisados ou que não estejam andando no temor do Senhor para tal finalidade. Impedir todo tipo de manifestação sobrenatural é um erro, pois pode se tratar de genuína obra do Espírito. Como também não é sábio incentivar ou permitir todo o tipo de manifestação, pois pode se tratar de exagero ou obra do Inimigo.
É importante também considerar que a unidade da igreja não significa, ainda que para cada congregação local, o alcance de todos os seus membros, até o último. Devemos lembrar que sempre haverá joio junto ao trigo. Além disso há crentes que permanecem na carne por quase toda a vida. As instruções de Paulo a Timóteo no texto de II Tim 2.16-26 são esclarecedoras quanto ao fato de que devemos estar em unidade com aqueles que, com um coração puro, invocam o Senhor (v.22).
Em todo o caso, manifestações reais do Espírito são reservadas para o povo que anda em unidade, pois o Senhor se agrada e confirma a unidade com o derramar do seu Espírito. Foi assim que ocorreu no dia de Pentecoste, e nos dias de avivamentos ocorridos ao longo da história da igreja.
Aqueles que têm sido levantados por Deus para liderar, e sendo esta liderança confirmada pelas almas sobre
as quais o Senhor a constitui, poderá e deverá experimentar toda sorte de avivamento espiritual juntamente com o povo do Senhor, que dirige, pois Ele determina a Sua bênção onde há unidade. Não é de se admirar que o Inimigo sempre se esforce no sentido de impedir a unidade de qualquer igreja que pretenda ser usada por Deus. Por isso Jesus orou em favor da unidade da igreja (Jo 17.11, 20-23).
É de especial importância o fato de o Senhor orar pela unidade de cada membro da igreja entre si e com Ele próprio e com o Pai, para que o mundo conheça que Ele foi enviado pelo Pai, e que este ama a igreja com o mesmo amor que ama o Filho. Isto nada mais é do que evangelismo eficaz. Depende portando da unidade da igreja. O derramamento do poder do Espírito depende disso. Como os crentes andavam em comum acordo (At 5.12), o resultado era o de que vários sinais e prodígios eram feitos pelas mãos dos apóstolos. Por quê isto? Já comentamos antes: Deus derrama o Seu poder onde há unidade.
De tal ordem era a comunhão da igreja primitiva, que tinham tudo em comum (At 2.42-47; 4.32-35). A palavra nos informa que da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das cousas que possuía. Não havia nenhum necessitado entre eles, porque os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes, e
depositavam aos pés dos apóstolos; e se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.
A alegria da comunhão que tinham no Senhor (At 2.42, 46,47) era de tal ordem, que nenhuma posse do mundo material podia se comparar à mesma. A consciência de que cada membro da igreja era de fato membro um do outro, e que faziam parte de uma grande e verdadeira família, também levava-os a agirem desta forma.
Esta convicção foi-lhes ensinada por Jesus e pelos apóstolos e era confirmada pelo Espírito, que era derramado abundantemente em seus corações.
Um dos principais fatores contribuintes para aquela unidade era a singeleza de coração, isto é, simplicidade de coração. A vaidade, a inveja, a arrogância, que são tão nocivas à unidade, estavam banidas nos corações dos crentes da igreja primitiva.
Eles seguiam o exemplo deixado por Jesus e pelos apóstolos. A lição do lava pés foi bem assimilada. O líder deve estar vazio de si mesmo ao ponto de realizar o serviço mais humilde em relação ao benefício do corpo. Foram bem-aventurados tanto os líderes primitivos que praticaram o ensinamento do Senhor, quanto aqueles que o recepcionaram com um coração singelo.
Não há que duvidar que o contexto cultural judaico em muito contribuiu para isso. Sabemos que os israelitas, mesmo os que não conhecem a Cristo, consideram-se todos irmãos, por serem descendentes de Abraão.
Mas, isto não justifica que num contexto cultural diferente, como o do mundo gentílico, esteja a igreja
desobrigada da assistência mútua, pois a verdade de que cada crente é membro um do outro, é uma verdade eterna.
Queremos mais poder de Deus? Busquemô-lo portanto junto com a igreja na qual o Senhor nos colocou para servi-lo. Oremos sobretudo para que exista nela a sua unidade, e sujeitemo-nos à liderança que Ele mesmo constituiu sobre cada um de nós (At 20.28)
Pelo Espírito, sabemos a quem estamos sujeitos. Acatemos suas decisões sobre o governo da casa do Senhor, ainda que, eventualmente, delas discordemos. Façamos isto em prol da unidade do corpo, pois o seu benefício será o nosso próprio benefício, de nossos familiares, de nossos irmãos em Cristo, e de todos aqueles a quem o Senhor vier a chamar.
É importante destacar que os morávios oraram insistentemente para a busca da unidade. Sabe qual foi o resultado de suas orações? Um avivamento entre eles.
Não é para se admirar, pois o Espírito Santo é derramado na unidade da igreja.
Este avivamento começou em 1727. Os colonos de Herrnhut não podiam viver juntos em paz. O Conde Zinzendorf dedicou todo o seu tempo para trabalhar no sentido de terminar com aquelas divergências. No dia 12 de maio de 1727, todos eles, consagraram-se novamente ao Senhor, e prometeram sepultar os seus conflitos para sempre.
Desde então o Espírito Santo começou a mover os crentes morávios.
Zinzendorf visitava os irmãos e os supervisionava nas reuniões de pequenos grupos que foram chamados de “grupos de oração”. Estes grupos eram constituídos de duas ou três pessoas que se reuniam para conversar sobre sua condição espiritual, para exortar-se e reprovar-se mutuamente, e orar uns pelos outros.
Até as crianças foram alcançadas pelo avivamento entre os morávios. As crianças de um internato foram tomadas por extraordinário impulso do Espírito e passaram a noite inteira em oração. A partir daí houve uma obra constante do Senhor nas mentes das crianças das cidades de Herrnhut e Bertholdsdorf.
A partir de 25 de agosto de 1727 começou o ministério de oração contínua, que perdurou por mais de cem anos. Eles entendiam que, como no antigo templo o fogo do altar nunca cessava de arder, assim, na igreja, que é agora o templo do Senhor, as orações devem subir incessantemente a Deus.
Em janeiro de 1728 realizaram a sua primeira reunião missionária, e foram enviados missionários para várias parte do mundo.
As missões morávias começaram em 1731.
Mas tudo começou no avivamento de 1727.
O avivamento veio porque eles decidiram resolver as desavenças. Buscaram a unidade do Espírito. Oraram continuamente nessa direção. Esforçaram-se diligentemente para viver a Palavra de Deus.
Certamente, a sábia liderança de Zinzendorf foi fundamental para que o avivamento ocorresse. Ele e seus cooperadores na supervisão da obra, deviam estar bem alertados quanto aos seguintes perigos que devem ser evitados nos movimentos de renovação espiritual:
Triunfalismo - Tudo o que fazemos está bem feito. Tudo terá sucesso garantido. Nunca erramos.
Exitismo - O alvo como meta em si mesmo, definido pelo prazer, prosperidade, poder e prestígio. Isto pode configurar a busca do êxito mundano aplicado à igreja.
Subjetivismo - Fazer da experiência subjetiva o elemento normativo da fé e do conhecimento espiritual, sem submeter isto à autoridade da Palavra de Deus.
Sincretismo – Significa unir distintos elementos religiosos e adotá-los na igreja.
Constantinismo - Pretender o compromisso único do Reino de Deus com os reinos deste mundo com suas demandas e valores. O Reino está presente e está se construindo na história, mas não é deste mundo.
Sentimentalismo – Pensar que a fé e a prática cristã passa somente por uma exagerada expressão do império dos sentimentos, sem levar em conta uma necessidade de reflexão. Não tenho que orar se o sinto ou não. Devo orar. A mesma coisa quanto a pregar a Cristo.
Populismo – Pensar ingenuamente que tudo o que vem do coração do povo (cultura, costumes, folclore etc) pode ser incorporado à fé cristã.
Fetichismo – Pensar que o poder de Deus está associado a certos objetos e práticas cerimoniais (a Bíblia, o batismo, a ceia, o púlpito, objetos ditos ungidos etc).
Emocionalismo – Considerar que as únicas expressões válidas da fé são aquelas que passam por uma série de manifestações fisiológicas e psicológicas, as emoções.
Autoritarismo – Geralmente centrado em um líder carismático. É um rasgo da cultura da América Latina. Não é uma questão ligada ao sistema de governo da igreja, mas algo ligado ao estado pessoal.
Mais recentemente, a partir de meados do século XX houve um grande avivamento na Argentina que se espalhou por toda a América do Sul, América Central, chegando ao México, e que teria um profundo impacto sobre as igrejas da América do Norte.
Tudo isto aconteceu conforme havia sido anunciado por um anjo do Senhor, em 5 de junho de 1951, a um jovem polonês, seminarista na Escola Bíblica da cidade de City Bell, na Argentina, próxima e ao Sul de Buenos Aires.
Este jovem foi arrebatado em espírito e foi-lhe mostrada uma a uma as cidades do mundo que seriam visitadas com avivamentos do Espírito.
É importante citar que as conversões ocorridas na Ásia e na África, alcançando a muitos para Cristo em nações de tais continentes, que estavam fechadas para o evangelho, são o fruto dos avivamentos ocorridos na Segunda metade do século XX.
Os avivamentos aconteceram na Argentina de 1951 a 1954; de 1956 a 1960; de 1966 a 1970; sendo alcançadas as cidades de Buenos Aires, Resistência, Tucuman, Mendonza, Mar Del Plata, City Bell e muitas outras, e têm se estendido até o presente.
Quantos jovens não foram alcançados e quantas igrejas não foram renovadas no Brasil, na década de 70?
Eu mesmo sou fruto do avivamento desta época e vários colegas de ministério.
A história deste avivamento ainda não terminou, e cremos que ela será culminada com um último e grande avivamento neste tempo do fim.
Vemos assim que o Espírito Santo tem sido derramado de modo especial em determinadas épocas da história, e cremos que o último derramamento do Espírito será tremendamente especial. Devemos orar por ele, assim como oraram os discípulos na igreja primitiva, tendo permanecido em oração na cidade de Jerusalém, depois da ascensão de Jesus, até que fossem revestidos com o poder do alto (Lc 24.49).
Lá, Ele foi derramado no Pentecoste, que era a festa representativa do oferecimento dos frutos da primeira colheita. E efetivamente a colheita do evangelho estava começando ali.
Já na festa dos Tabernáculos eram apresentados os últimos frutos, especialmente da colheita do trigo. Ora, estes serão colhidos no tempo do fim. O mesmo Espírito está fazendo e ainda fará uma tremenda colheita de almas nestes últimos dias, no grande e último avivamento.
Que o Senhor abra mais do que os nossos corações, abra também o nosso entendimento para que possamos compreender que o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito não foi final no dia de Pentecoste, quando Pedro muito bem relacionou o que estava ocorrendo à profecia de Joel. Precisamos ter revelação do alto para entender que começou ali mas prosseguiria com maior intensidade, até o tempo do fim.
Lembram do rio de água viva revelado ao profeta Ezequiel? Começava pelos artelhos, depois pelos joelhos, pelos lombos, mas chegava a um ponto que não dava mais para atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado (Ez 47.3-5).
Isto é uma referência clara ao progressivo aumento de intensidade do derramamento do Espírito sobre as nações, conforme prometido por Deus não apenas através do profeta Joel, mas também por outros profetas, como Isaías e Ezequiel.
Nunca na história da igreja houve um derramamento do Espírito em tal extensão e profusão como nos séculos XVIII a XX. Houve períodos da história da igreja, como na Idade Média, em que parecia até que não haveria mais qualquer novo derramamento do Espírito Santo no mundo.
Mas, a mesma história haveria de testemunhar, especialmente desde o século XVI, a novos, sucessivos e crescentes aumentos do volume do Rio de Água Viva.
Jesus se referiu ao derramamento do Espírito, na festa dos Tabernáculos, dizendo que fluiriam rios de água viva do interior dos que nEle cressem. E não queria dizer com isso que tal só ocorreria no dia de Pentecoste, em Jerusalém.
Ele foi muito claro ao afirmar que tal promessa era para os que cressem nEle, isto é, os crentes de todos os lugares e épocas.
Leia Jo 7.37-39
Referindo-se ao tempo do fim o Senhor disse:
Leia Mt 24.14
A volta de Jesus está condicionada à pregação do evangelho a todas as nações, não a algumas, mas a todas as nações.
Há ainda, por incrível que possa parecer, muitos povos e nações não alcançados pela pregação do evangelho.
O que dizer do mundo islâmico, que em bom número de nações encontra-se ainda hermeticamente fechado à pregação do evangelho?
Como cumpriremos tal tarefa a não ser por uma ação e capacitação sobrenatural do Espírito Santo?
Não devemos incorrer em nossa época, no mesmo erro que a igreja em todo o mundo estava incorrendo nos dias de William Carey, em fins do século XVIII, início do XIX, em que a visão predominante era a de que a Grande Comissão (Ide) já havia sido cumprida integralmente pelos apóstolos, e que a igreja não necessitava mais se preocupar com missões.
Muitas nações nos dias de Carey não tinham conhecimento do evangelho e por isso eram chamadas de nações pagãs ou mundo paganizado.
Ora, Carey lutou contra esta tendência nefasta e fundou em 1791 a primeira sociedade missionária para alcançar os pagãos, a Sociedade Missionária Batista Estrangeira.
Os empreendimentos missionários de Carey foram um sucesso e estimularam a muitos a seguirem os seus passos, só que Carey afirmou que seria melhor que os esforços missionários fossem realizados por cada denominação, independentemente.
Hoje, igrejas de denominações diferentes têm se aliançado em projetos missionários, sem que isto configure uma independência ou falta de compromisso com as respectivas denominações. Ao contrário, as igrejas estão sendo ligadas pelo Espírito, umas às outras, não para formarem novas denominações, mas para atuarem de maneira interdependente e responsável, no cumprimento de compromissos objetivos relativos à missão que têm a cumprir na terra.
A brasa necessita ser reavivada, senão apaga. Paulo recomendou à igreja que não apagasse o Espírito (I Tes 5.19).
Por isso devemos sempre orar em favor do nosso próprio avivamento pessoal, tendo em vista o avivamento da igreja. Começa por nós, mas para alcançar a todos. Por amor ao Senhor. Por amor aos irmãos.
Todo avivamento ou movimento de despertamento espiritual tende a se arrefecer com o decorrer dos anos.
É difícil de imaginar que as chamadas igrejas tradicionais do século XX, foram fundadas como fruto de avivamentos do Espírito. Tanto batistas, quanto metodistas, congregacionais e ainda muitas igrejas pentecostais, inclusive da Assembleia de Deus.
Mesmo as reformadas (oriundas da Reforma), como as igrejas luteranas e presbiterianas, foram nascidas do zelo fervoroso de homens como Lutero e Calvino, e seus cooperadores.
O fervor e o zelo espiritual devem ser mantidos pela oração constante, assim como o fogo do altar e do candelabro do templo deviam ser alimentados diária e continuamente.
A igreja também necessita manter a chama do Espírito acesa, alimentando-a diariamente com oração, adoração, louvor e testemunho da verdade.
Leia Ef 5.18-21
Quando o luteranismo abandonou o caminho que havia sido traçado por Lutero, quanto à necessidade de um relacionamento vital de cada crente com o Senhor, passando a definir a fé como uma simples aceitação passiva de uma ministração dogmática, o pietismo surgiu como um movimento que trouxesse o luteranismo de volta às suas raízes.
Filipe Jacó Spener (1635-1705) foi uma das personalidades mais destacadas neste movimento. Ele foi um estudioso profundo da teologia de Lutero, e foi muito influenciado também pela obra de Johann Arndt, intitulada Verdadeiro Cristianismo, e pelos escritos dos puritanos.
Vemos assim, a importância de uma boa literatura cristã, que se inspire na Palavra, para a formação de crentes fiéis.
Como pastor, costumava reunir em sua casa pessoas para lerem a Bíblia, orar e discorrer sobre o sermão dominical.
Isto destaca a importância do objetivo de se dar à ministração um caráter formativo, e não apenas informativo.
Estaremos discorrendo acerca deste aspecto, no capítulo final deste estudo.
No entanto, gostaríamos de já antecipar e registrar que todo esforço em reavivamento espiritual deve estar voltado para a edificação de vidas na verdade.
O que não tiver tal objetivo em vista poderá não passar de barulho e chicotada no ar.
Spener passou posteriormente, a formar pequenos círculos para o estudo da Bíblia, para vigilância e auxílio mútuos, com todos os membros da igreja.
Ele afirmava que o cristianismo é mais vida do que conhecimento intelectual.
Como se conduzia e ao povo que dirigia, na contramão do luteranismo formal, sofreu forte oposição do mesmo e foi acusado de herege.
Mas, pôde contar com o revestimento de poder do Espírito para levar adiante a obra do Senhor. O mesmo não poderiam dizer os seus opositores.
Spener lutou para ver a unidade de cada crente do seu rebanho, com o Senhor, e uns com os outros, e por isso pôde contar com a mão abençoadora de Deus, pois Ele derrama o Espírito Santo na unidade da igreja.
O Exercício de Uma Liderança Representativa
Gosto da visão que João teve do Senhor glorificado entre sete candeeiros de ouro e segurando em Sua mão direita sete estrelas (Apo 1.12,16).
Ele trajava vestes talares, cingido à altura do peito com uma cinta de ouro. Sua cabeça e cabelos eram brancos, os olhos como chama de fogo, os pés como bronze polido e a voz como de muitas águas.
Jesus declarou a João que tinha as chaves da morte e do inferno, e que os sete candeeiros eram as sete igrejas, e as sete estrelas, os anjos das sete igrejas.
As sete igrejas do Apocalipse são representativas das igrejas de todas as épocas.
Ora. A visão é bem clara quanto a quem manda de fato na igreja. Os pastores estão nas mãos do Senhor. Quer sejam anjos, domínios, soberanias. A igreja é Sua propriedade exclusiva.
De onde emana então a autoridade da liderança da igreja? Em nome de quem deve ser exercida?
Leia Mt 28.18-20
Se temos alguma dúvida, Pedro e nenhum dos apóstolos a tiveram.
Leia I Cor 3.3-9; I Pe 5.1-4
Quem é que fixou o programa de ensino que deve ser ministrado? Qual é o seu conteúdo?
Leia I Tim 6.3-5
A honra do líder é proporcional à honra que ele efetivamente presta a Deus com a sua vida.
Se Ele próprio é realmente sujeito ao Senhor, e faz a Sua vontade, consoante a Sua Palavra, Deus dá-lhe honra fazendo com que o rebanho lhe seja sujeito.
O rebanho pertence a Deus, e não ao pastor.
Se os nossos filhos, segundo a carne, não são nossa propriedade, de que podemos dispor ao nosso bel prazer, quanto mais o rebanho do Senhor que Ele comprou com o Seu próprio sangue.
Desse modo, o líder deve ser acatado na medida em que prega e vive na verdade.
Quando se desviam da verdade, assim como fizeram os sacerdotes de Israel, os que lhe estavam sujeitos estão desobrigados de obedecê-los, para permanecerem na verdade. Importa antes obedecer a Deus do que aos homens, quando estes se desviam do caminho da verdade, ou tentam nos impedir de permanecer nele (At 4.19; 5.29).
Esta liderança representativa que exercemos em nome do Senhor não é de modo nenhum semelhante à dos sacerdotes de Israel, que ministravam segundo as normas da Antiga Aliança.
A igreja do Senhor faz parte de uma Nova Aliança, na qual todos os crentes são sacerdotes, cuja função é a de proclamar as virtudes do Senhor.
Leia I Pe 2.5; II Pe 2.9
Estas palavras de Pedro bem indicam que o termo sacerdote, por ele utilizado, se aplica a todos os crentes, e não apenas aos líderes.
Ninguém, nesta Nova Aliança, tem recebido de Deus autoridade para ser mediador entre Ele e os homens, a não ser exclusivamente nosso Senhor Jesus Cristo (Is 49.8,9; I Tim 2.5).
Leia Is 42.6,7
Toda vez que alguém entende que sua liderança pastoral é de caráter sacerdotal, o rebanho é proibido de expressar-se com a liberdade que o Espírito deu a todo o corpo de Cristo, e não apenas a uns poucos.
Os diversos ministérios, dons e serviços do corpo são abafados, pois o que se considera sacerdote traz a si a responsabilidade de pensar e agir por todo o corpo.
A religião de Deus passa a ser a religião do homem. O foco se desloca de Cristo para o líder. O rebanho perde a sua vitalidade e coloca a sua esperança no líder. Considera a sua palavra e não a Palavra de Deus. Não ora, pois julga que a intercessão do líder é suficiente para lhe garantir uma vida abençoada. E por aí afora.
O Sacerdote da nossa confissão já está colocado: Cristo.
A palavra sacerdote aparece centenas de vezes no Velho Testamento, e nas epístolas do Novo Testamento consta apenas em Hebreus, e no livro de Apocalipse.
A palavra sacerdócio, por sua vez aparece apenas em Hebreus e I Pedro.
Tivesse a liderança evangélica o caráter sacerdotal, certamente teríamos uma doutrina sobre isto, especialmente nas epístolas de Paulo.
Em vez disso, ensina-se muito sobre o ministério de bispos, presbíteros, diáconos. Três termos gregos transliterados e traduzido (bispo, tradução de epíscopo) para a nossa língua, que significam respectivamente:
Bispo – Supervisor, superintendente.
Presbítero – ancião.
Diácono – ministro, servo, ajudador.
Os termos bispo e presbítero eram utilizados para indicar o ofício de pastor.
Cristo é o eterno sacerdote que intercede em favor de toda a sua igreja, à direita do Pai (Rom 8.34).
Leia Hb 7.11-17, 23, 24; 10.19-22
Ninguém, no corpo de Cristo, é portanto seu vigário na terra, isto é, seu representante, na condição de estar no seu lugar. O vigário de Jesus é o Espírito Santo.
Ele foi bastante claro quanto a isto quando fez a promessa de enviar um outro Consolador que estivesse para sempre com a igreja (Jo 14.16).
A palavra Consolador foi traduzida no original grego, de paracleton, que significa advogado, ajudante, intercessor, consolador, defensor.
Não é de se admirar portanto, que em avivamentos, os líderes fiquem sinceramente preocupados em não atrapalhar a obra do Espírito Santo, e há um mover geral na igreja, em que todos se empenham na obra de evangelização, e na de edificação das vidas que o Senhor mesmo está salvando.
Após ter dado instruções a Timóteo, relativas aos candidatos ao ministério de liderança (I Tim 3.1-13), e de ter determinado que não fosse ensinada outra doutrina diferente da verdade (I Tim 1.3-7), e ter afirmado que Jesus é o único Mediador (I Tim 2.5), Paulo concluiu dizendo o propósito de tais instruções: para que Timóteo ficasse ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja, coluna e baluarte da verdade (I Tim 3.14,15).
Ora, sabemos que foi à igreja que o Senhor deu o encargo de guardar o depósito da fé.
Mas ela só pode fazê-lo submetendo-se ao Seu senhorio e andando, especialmente os seus líderes, na verdade.
Para ser coluna e baluarte, isto é, sustentáculo, é necessário que a própria igreja viva na verdade.
Exige-se dos que pregam a verdade, que sua vida esteja em conformidade com ela.
O Velho em Face do Novo
Hábitos antigos morrem aos poucos.
O livro de Atos registra que os apóstolos e alguns crentes da igreja primitiva judaica costumavam ir ao templo para orar (At 3.1).
O próprio apóstolo Paulo, em algumas ocasiões submeteu-se voluntariamente a alguns rituais da lei mosaica (At 18.18; 21.24-26; 24.14; I Cor 9.20).
A observância da lei era um costume muito antigo e somente, gradualmente, a igreja da circuncisão o abandonou, para viver na liberdade do Evangelho.
A Antiga Aliança também era de origem divina.
A observância da lei, sem negligenciar a graça, não configurava um impedimento, para aqueles judeus que de há muito, guardavam a lei por tradição e temor a Deus.
O homem que o Senhor usou para a conversão de Paulo, Ananias, era um judeu piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que residiam em Damasco (At 22.12). Ele era um crente em Jesus de primeira linha. E contudo observava a lei de Moisés.
Isto é um forte argumento contra os exageros dos adeptos da teologia da graça, que sem sabedoria, pensam estar prestando um bom serviço a Deus, quando brandem espadas em punho contra a lei de Moisés. Com isso, acabam por colocar também em descrédito a própria Bíblia.
Quando Paulo repreende os gálatas pelo fato de estarem se circuncidando e guardando a lei de Moisés, e lhes afirma que da graça haviam decaído, não o disse pelo simples fato de estarem cumprindo a lei, mas porque estavam abandonando a Cristo. A salvação é por meio da fé em Jesus, e não pelo cumprimento da lei de Moisés. E eles estavam abandonando a confiança no Senhor, para seguir o ensino dos judaizantes.
Mas, qual é a importância disso para a igreja nos presentes dias?
É muito importante, pois apesar do grande avivamento que ocorreu no dia de Pentecoste, muitos ainda estavam arraigados a tradições que haviam recebido de seus antepassados.
Não é necessário lutar contra um chamado modo tradicional de vida cristã, desde que este não seja contrário à Palavra de Deus, para que possa haver um avivamento espiritual em determinada igreja.
A tradição que possa impedir uma maior liberdade no espírito, morrerá aos poucos, se de fato a igreja buscar a direção do Espírito, submetendo-se à mesma.
Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.
Mas, tenhamos a sabedoria de reconhecer que hábitos arraigados não são removidos da noite para o dia. O Senhor é poderoso para renovar nossa mente e costumes. O que é impossível aos homens não é impossível para Deus.
Afinal, não é o simples conhecimento do significado da graça e da liberdade que temos recebido em Cristo, o fator preponderante, para se agradar a Deus, mas servi-lo em sinceridade e retidão de coração.
Não era este o caso de Ananias, que acabamos de citar anteriormente?
Não era esse o caso de Simeão, que era homem justo e piedoso em Israel e que era movido pelo Espírito? (At 2.25-27).
Todos quantos receberam o testemunho de terem agradado a Deus durante, e mesmo antes dos dias do Velho Testamento, não o alcançaram por causa da sua fé no Senhor? Isto, é, de terem vivido efetivamente compromissados com Ele? (Hb 11).
Em avivamentos espirituais há uma quebra da rotina e de muitos costumes tradicionais, que impedem que um número maior de pessoas abrace a fé. Mas não é este o alvo principal do avivamento, como vimos antes.
O grande objetivo é o de ganhar almas para Cristo e edificá-las na verdade.
Um dos principais motivos para a substituição da Antiga Aliança pela Nova, especialmente no que diz respeito às questões civis e rituais, estava relacionado ao fato de que o evangelho não era destinado apenas aos judeus, mas a todo o mundo gentílico.
Deus sabia que seria extremamente difícil para um gentio viver com os mesmos usos e costumes de um judeu. Ainda que a Antiga Aliança fosse considerada um peso para os próprios judeus, eles já haviam incorporado muito de suas práticas às suas vidas, e tiveram muita dificuldade em abandoná-las, como já comentamos anteriormente.
Ainda que muitos deles não abdicassem de suas convicções, seria necessário, pelo menos, reconhecer, que não deveriam ser impostos aos gentios os seus hábitos de vida.
Os apóstolos lutaram neste sentido, como observamos no texto do livro de Atos.
Quando houve a introdução de guitarras, baixos e baterias no louvor das igrejas, houve muita resistência, pois se considerava que os únicos instrumentos sagrados que poderiam ser tocados eram o piano ou o órgão.
Mas existe esta coisa de instrumento sagrado?
Na África, há muitas regiões em que os crentes, por razões culturais, não gostam de músicas executadas com guitarras. Dê a eles tambores, e glorificarão ao Senhor somente com tal instrumento.
Wesley teve muito sucesso nos seus empreendimentos evangelísticos por que sabia que a cultura de um povo é o caminho que o Espírito Santo utiliza para atingir os seus corações.
Não se deve incorporar no culto, no entanto, o que não for aprovado na cultura, por ir contra os princípios revelados na Palavra de Deus.
A cultura avança, se transforma, e é preciso que nos atualizemos para o bem do progresso do evangelho, especialmente no que se refere aos jovens.
Eles são a força evangelizadora da igreja. Se os sufocamos com os nossos costumes ultrapassados, como alcançarão os que estão no mundo?
Em nossa cultura, com hinos em ritmo de valsa, temos certeza que não será.
A música cantada nos louvores, nas igrejas, até bem recentemente, era apenas a hinologia dos séculos anteriores.
Hoje, a maioria das igrejas avivadas usam os modernos recursos musicais e instrumentais no louvor, mas levou algum tempo para se conquistar esta liberdade.
Não havia nada de errado com os hinos antigos. A letra dos mesmos eram de uma grande inspiração, e bom seria que muito das músicas de louvor de nossa época tivesse um conteúdo semelhante.
Mas, a grande verdade é que esta música já não corresponde ao gosto da maioria das pessoas, especialmente quando se trata de quem não tem a Cristo.
Mas, não é a qualidade de música alegre que tocamos e cantamos que faz a diferença. Uma igreja pode ser alegre e não ungida. A alegria pode ser do homem, da carne, e não do Espírito.
Agora, uma igreja ungida, que caminha na verdade, terá sempre a alegria sobrenatural, que nos vem do Senhor. Independentemente de ter ou não um repertório ou instrumentos musicais da melhor qualidade. Que os utilizemos para a exclusiva glória de Deus, mas nunca esquecendo que não são tais coisas que nos trazem a sua glória, mas a busca sincera dEle em nossos corações.
Citamos a questão musical apenas para exemplificar. Mas quantas áreas de nossos usos e costumes não precisam ser reavaliadas à luz da vontade divina?
Bem faremos em sermos humildes e renunciar onde necessário for, por amor àqueles que têm sido chamados à salvação.
O véu era usado para fazer separação de ambientes, como o que havia no templo em Jerusalém, ou então para esconder a face, como fizera Moisés, para que os israelitas não vissem que o brilho da glória do seu rosto estava terminando.
Mas, é possível que tenhamos um véu no nosso coração, que nos impede de enxergar com os olhos do espírito, a glória de Deus na face de Cristo.
O apego às tradições de nossos antepassados, não raro é um grande obstáculo para conhecermos a verdade.
Quantos não creem até em mentiras, que de tanto repetidas que são, acabam por ganhar status de verdade, embora permaneçam sendo mentiras !
A crença nisto ou naquilo, porque foi assim que nos ensinaram. O véu sobre o coração não nos permite enxergar a verdade.
Mas, se nos convertermos de fato ao Senhor, o véu sobre o coração será retirado pelo Seu poder.
Aí poderemos enxergar com os olhos da alma e entender que a vontade de Deus sobre certo assunto é bastante diferente das convicções que vínhamos mantendo até então.
Passaremos a discernir espiritualmente, que no Senhor há alegria e liberdade.
Quando as catacumbas de Roma foram descobertas no século XVI, muito do testemunho silencioso de uma época de quase três séculos veio à tona.
O testemunho da igreja primitiva, perseguida, até o ano 311, que viveu nesses subterrâneos, a que se deu o nome de catacumbas, e que tinham quilômetros de extensão e inúmeras galerias, revelou em suas pinturas, ornamentos e lápides, que aqueles crentes fiéis, que viviam na comunhão do Senhor, a par da perseguição que sofriam, eram alegres.
Nada havia além de assuntos alegres, de bom ânimo. Nenhuma sugestão de agonia e de temor da morte. Nenhum símbolo sinistro. Nenhuma imagem de desespero ou luto. Nenhuma expressão de ressentimento, ódio, vingança, mas, sim, de amor fraternal.
Eram pessoas livres. Libertadas pela sua fé.
Livres dos sentimentos mesquinhos deste mundo.
Livres da escravidão da própria mente, para viverem segundo a mente de Cristo.
Livres do temor da morte e das ameaças dos seus perseguidores.
O véu fora retirado dos seus corações.
Que possamos seguir este exemplo de paciência e fé no sofrimento. Sabendo que é possível viver alegre, no poder do Senhor, em toda e qualquer circunstância.
Que jamais voltemos a colocar o véu que foi retirado de sobre os nossos corações.
Leia I Cor 9.19-23; II Cor 3.16,17
Deus confirma a Pregação da Verdade com Manifestações do Seu Poder
Se alguém ministra no poder do Espírito e prega a Palavra da verdade, seus ouvintes são abençoados com toda sorte de bênçãos. Curas acontecem. Ansiedade, angústias, depressões cessam. Tristeza e abatimento se transformam em alegria e força. O espírito de adoração e louvor é liberado. Pecados são confessados e abandonados. A vida é santificada. Enfim, Deus operará livremente, pois tem prazer em que a verdade seja anunciada da maneira como convém.
O Senhor confirma que a Palavra que está sendo pregada é verdadeira com a manifestação do Seu poder naqueles que a ouvem.
Leia Mc 16.20 ; At 14.3
Não é de admirar que haja tantos testemunhos de sinais, prodígios e toda sorte de bênçãos, registrados no livro de Atos.
Não podemos aceitar o argumento que isto estava acontecendo simplesmente por que o evangelho estava sendo pregado pioneiramente, e assim, havia necessidade do acompanhamento de um poder especial, de sorte a convencer as pessoas a abraçarem a fé. E que tal poder não está mais disponível nos dias atuais pois já temos a fé evangélica espalhada por todo o mundo.
É necessário considerar que em várias épocas da história da igreja, e em diferentes locais, o poder de Deus foi manifestado de maneira muito parecida à que ocorreu nos dias da igreja primitiva.
O segredo está em que pessoas buscaram ter compromisso real com Jesus e com a Palavra. Oraram e consagraram suas vidas na expectativa de que Ele enviasse um avivamento que não apenas edificasse a igreja na verdade, como também convertesse os pecadores.
Quando os sacerdotes tentaram impedir os apóstolos de prosseguirem com a pregação da Palavra (At 4.1-22) ordenando-lhes que não mais falassem e ensinassem em o nome de Jesus (At 4.18), Pedro e João responderam que não poderiam deixar de falar das cousas que viram e ouviram (At 4.20).
A igreja, ao ser informada da situação não recuou amedrontada, e nem orou por livramento, mas pediu ao Senhor intrepidez para anunciar a Palavra, e que esta fosse confirmada pelo Senhor, com curas, sinais e prodígios, em nome de Jesus (At 4.23-30).
Esta oração agradou tanto ao Senhor que o lugar onde estavam reunidos tremeu, e todos ficaram cheios do Espírito Santo, e assim anunciavam a Palavra com toda intrepidez (At 4.31).
Ainda que tivesse havido uma confirmação especial da verdade naqueles primeiros dias da igreja, para que se fizesse uma distinção bem clara da sã doutrina, das demais e variadas doutrinas que já se encontravam espalhadas pelo mundo afora, o Senhor não mudou o processo de produzir a fé pela pregação da Palavra da verdade ainda nos dias de hoje.
Leia Rom 10.17
Agora, uma coisa deve ser dita. O povo será abençoado, mas os líderes de uma religião fria e sem vida, movidos de inveja levantar-se-ão contra aqueles que estiverem anunciando as palavras de Vida (At 5.20). O “V” maiúsculo refere-se à vida de Jesus, que é o conteúdo de nossa pregação, que deve ser oferecido aos que nos ouvem.
Farão críticas severas às manifestações do poder do Senhor. Tentarão a todo custo deter a obra do Espírito. Sem que o saibam estão a serviço de Satanás, mas pensam estar prestando um bom serviço a Deus.
Na verdade, ao tentarem combater os efeitos – os sinais visíveis das manifestações do Espírito, estarão lutando indiretamente, contra a proclamação da Palavra da vida, que é o único poder capaz de abrir os olhos dos pecadores e convertê-los das trevas para a luz, e da potestade de Satanás para Deus, de modo a receberem remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em Jesus (At 26.6-18).
Coisa mais importante é pregar a Palavra da verdade do que dar comida a quem tem fome. Esta mantém a vida do corpo, mas não tira a alma da morte. Aquela produz vida e vida em abundância.
Por isso os apóstolos recusaram-se a abandonar o ministério da oração e da Palavra para se dedicarem a repartir os bens necessários à manutenção das viúvas da igreja (At 6.2,4). Esta questão importante foi deixada ao cargo dos diáconos, que foram consagrados, inicialmente, para atender a tal propósito (At 6.1-6).
Com esta sábia decisão dos apóstolos, a palavra crescia e o número dos discípulos se multiplicava, ao ponto de até sacerdotes se converterem (At 6.7).
Tivessem eles se deixado levar simplesmente pelos seus sentimentos e caso negligenciassem o ministério da Palavra, as viúvas ficariam bem alimentadas e cuidadas, mas muitas almas deixariam de ser alcançadas, permanecendo nas trevas do pecado.
Mas, não se pense que os que se dedicaram ao diaconato eram pessoas sem qualificações espirituais. Ao contrário. Eram homens cheios do Espírito e de sabedoria (At 6.3). Como era o caso de Estevão (At 6.5,8), e de Filipe, o evangelista (At 6.5; 8.26-40; 21.8). Homens que foram poderosamente usados por Deus para a conversão de almas.
Isto confirma a regra. A ministração espiritual precede e é mais importante do que a ação social.
Não se pode confundir a justiça do evangelho que é Cristo para salvação de todo o que crê, com justiça social, que é antes de tudo uma responsabilidade de toda a sociedade civil.
Jesus é o pão vivo que desceu do céu para alimentar todo o que tem fome de justiça. A Sua vida é verdadeiro alimento espiritual. Por isso Ele disse que a Sua carne é verdadeira comida e o Seu sangue verdadeira bebida. Quem dEle se alimenta tem a vida eterna. Permanece nEle. Viverá pela Sua vida. Por isso nos exorta:
Leia Jo 6.27
Há necessidade de uma exortação mais clara do que esta?
Deus confirma com poder não a ministração de coisas materiais, ainda que necessárias à nossa sobrevivência, mas, sim, a ministração da comida que subsiste para a vida eterna: a própria vida de Jesus.
O trabalho da igreja deve estar voltado prioritariamente para isto: a ministração do genuíno alimento espiritual.
Leia Jo 6.35
Estevão e Filipe, bem como os demais que compunham o grupo dos sete primeiros diáconos, estavam tão conscientes disso, que não se limitaram a servir às mesas, mas se entregaram à obra de evangelização, levando a salvação em Jesus, aonde quer que o Espírito Santo os conduzisse.
Por outro lado, deve ser enfocada a piedade, a humildade e o amor desses homens, que não consideraram um ultraje ou uma tarefa menor, cuidar da distribuição entre as viúvas.
Devem ter exercido tal cargo com o mesmo fervor que pregavam a Palavra de Deus. A simplicidade de coração que havia nos crentes da igreja primitiva, conforme nos dá testemunho, o autor do livro de Atos, era um fator importante que em muito contribuiu para isso.
Tal era o porte espiritual daqueles homens, que Deus gostaria de ver um Filipe e um Estevão em cada um de seus filhos.
Numa sociedade em que se incentiva a competição em todas as áreas de atividades humanas: cultural, profissional, intelectual etc. há de se ver bem menos a chamada simplicidade de coração, que tanto agrada ao Senhor, por ajudar a promover a unidade dos crentes.
Leia Fp 2.3
Várias Denominações, mas não Igrejas
Nada sucede na história do mundo por acaso.
Tudo está costurado aos propósitos eternos de Deus. Tudo está cooperando juntamente para a consumação do Seu plano, que estabeleceu mesmo antes da criação dos céus e da terra.
Quando houve grande fome no mundo nos dias do imperador romano Cláudio, esta havia sido predita na igreja de Antioquia da Síria, onde Paulo estava servindo ao Senhor juntamente com Barnabé, por um profeta de nome Ágabo, que havia descido de Jerusalém para aquela igreja, juntamente com outros profetas.
Os crentes de Antioquia resolveram então enviar um socorro financeiro aos crentes da Judeia, que deveria ser entregue aos presbíteros da circuncisão por mãos de Barnabé e Paulo (At 11.27-30).
Evitamos dizer Igreja da circuncisão, apesar de ser muito comum o uso de tal expressão, porque na verdade não havia duas igrejas: uma da circuncisão (em Israel) e outra da incircuncisão (gentios). A igreja foi, é e sempre será uma só.
Jesus disse que edificaria a Sua igreja e não as suas igrejas.
Mesmo que usemos inadvertidamente a palavra igreja para nos referirmos às congregações e denominações, é este último significado que deve ser entendido.
Podemos estar diante de uma questão semântica. Entretanto, independente da interpretação de palavras, devemos extirpar de nossa mente a ideia de que o corpo de Cristo está dividido.
Podem existir denominações, como no caso da igreja primitiva: uma denominação da circuncisão e outra da incircuncisão.
Mas, não havia entre ambas qualquer barreira de separação.
A disposição dos crentes de Antioquia em ajudar os da Judeia é uma prova patente do que estamos falando.
Cristo não está dividido (I Cor 1.13).
Daríamos uma grande contribuição ao progresso da causa do evangelho, conforme é da vontade do Senhor, se tivéssemos o entendimento de que apesar de existirem centenas de denominações evangélicas na presente época, há no entanto um só corpo, um só Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus, e Pai comum de todos, que é sobre todos, age por meio de todos e está em todos (Ef 4.4-6).
Por isso somos exortados a nos esforçarmos diligentemente para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.3).
Os líderes da igreja primitiva fizeram a sua parte quanto a isto.
Os problemas que se levantaram contra essa unidade, como o da questão dos judaizantes, que deu ocasião ao Concílio de Jerusalém, foi resolvida pela reunião dos líderes representantes de ambas denominações: a da circuncisão (Pedro, Tiago e demais apóstolos e presbíteros) e a da incircuncisão (Paulo e Barnabé). (At 15.1-35).
Esta unidade no Espírito, respeitados os limites da esfera de cada denominação, não significa, necessariamente, que devemos evangelizar e realizar empreendimentos missionários, conjuntamente, pois nem na igreja primitiva isto ocorreu (Gál 2.9), mas, sim, a convivência pacífica e fraterna em Cristo.
Vemos assim quão saudável é a visão de que somos apenas uma pequena parte de um imenso conjunto.
Quão nociva, é ao contrário a visão de que somos modelo para toda a igreja de Cristo espalhada na face da terra, e que nos conduz a fazer o marketing do nosso trabalho, ministério, igreja, quando isto tem a ver com um perverso e oculto sentimento de glorificação pessoal, e não do Senhor.
Há grande diversidade no reino de Deus. Quem pois é modelo para quem em questão de usos e costumes?
Podemos e devemos ser na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (I Tim 4.12).
Isto, se formos verdadeiros imitadores dAquele que foi posto como grande e único modelo, a saber nosso Senhor Jesus Cristo.
Leia I Cor 11.1; I Tes 1.6-8
Os dons, ministérios e serviços do Senhor estão espalhados por todo o Seu corpo, em todo o mundo. Tenhamos a humildade de reconhecer que não apenas como membros, mas mesmo como congregação local podemos apenas ser ouvido e não boca, ou qualquer outro órgão no corpo.
Tenhamos a humildade de reconhecer que podemos fazer muito progresso intercedendo, como congregações ou denominações, uns pelos outros.
Sejamos imitadores de Jesus e Ele nos fará modelos para o mundo.
Primeiro o Reino de Deus
O meu ministério. A minha bênção. A minha vitória. O meu CD. A minha igreja. O meu... A minha...
É o que se costuma ouvir.
Quase tudo, por toda parte, aponta para a satisfação dos nossos interesses pessoais, e não para os interesses do reino de Deus.
A música de louvor que está na mídia raramente é um hino de glorificação ao Senhor. Ela estimula a busca da nossa bênção, da nossa vitória. Afirma que é Jesus quem nos dá todas as coisas, mas oculta o modo que Ele espera que vivamos para Ele.
A pregação também está enredada na mesma visão.
Aponta para um Jesus que está interessado no sucesso dos nossos empreendimentos pessoais, e geralmente, para por aí. Tudo para nós, nada para Jesus. Isto soa exagerado. Não é verdade? Em parte sim, pois não me refiro à situação geral de cada igreja, mas à cultura evangélica, se assim podemos chamá-la, que está no ar. É essa a atmosfera que respiramos, e é preciso muito esforço para respirarmos o ar puro do bom e antigo evangelho que exalta a Cristo e não ao homem.
Quão diferente era a igreja primitiva, conforme nos dá conta o registro do livro de Atos.
Quando a igreja de Jerusalém foi dispersa pelas autoridades judaicas (At 8.1), em razão da perseguição que foi precipitada após o martírio de Estevão, os crentes tiveram que fugir para a Judeia e Samaria. Posteriormente se dirigiram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria (At 11.19).
O propósito do Senhor estava nisso, pois visava à evangelização do mundo.
Mas os crentes? O que fizeram? Retiraram-se a um canto para chorar as perdas que tiveram? Protestaram contra Deus pela injustiça que haviam sofrido? Ficaram paralisados? Não ! Eles estavam devidamente instruídos pelos apóstolos que os interesses do reino vinham em primeiro lugar, em toda e qualquer circunstância.
A par das lutas e dores que estavam sofrendo, iam por toda a parte pregando a Palavra (At 8.4; 11.19). Anunciavam a vitória da cruz em meio à aparente derrota que haviam sofrido. Falavam da Vida e não da morte. Do amor do Senhor pelos pecadores, apesar de terem sido atingidos brutalmente pelo ódio dos homens.
Filipe, o evangelista, foi para Samaria (At 8.5), depois para Azoto, tendo fixado residência em Cesareia (At 8.40). Mas, não estava fazendo planos imobiliários, escolhendo o lugar mais aprazível para viver com sua família. Ao contrário, estava debaixo da direção do Espírito Santo ((At 8.29). Anjos eram usados por Deus para encaminhar-lhe os passos (At 8.26). Filipe sabia que não estava na obra por sua própria conta e vontade, mas pela do Senhor.
Evangelizou todas as cidades por onde passou até chegar a Cesareia. Continuou cuidando dos interesses do Reino, e foi uma bênção na sua própria casa, pois tinha quatro filhas, que eram profetizas (At 21.8,9). Ele certamente cuidou da sua família, conduzindo-a a viver para o Senhor.
Leia Rom 14.7,8
Essas palavras são de Paulo. Elas falam da soberania de Deus sobre nós. Nossas vidas estão em suas mãos, e ele as usa conforme for do Seu agrado, e para o progresso do Seu Reino. Quer na vida, quer na morte.
O martírio de Estevão, que contou com a aprovação de Saulo, contribuiu enormemente, para que este passasse de perseguidor da igreja a apóstolo dos gentios.
A firmeza de Estevão na Palavra do Senhor e a glória que Saulo viu em seu rosto enquanto era apedrejado balançaram profundamente com as convicções farisaicas de Saulo.
O martírio de Tiago sob Herodes (At 12.2) não foi capaz de deter a obra de evangelização. A pregação da Palavra crescia e se multiplicava (At 12.24).
Jesus amava menos a Tiago, do que a Pedro e a João? Por quê Tiago e não qualquer outro apóstolo? Deus não poderia ter livrado Tiago do mesmo modo milagroso como livrou Pedro da prisão sob o mesmo Herodes? (At 12.3-19). A igreja não orou pelo livramento de Tiago como orou por Pedro? É certo que sim.
Não é a nossa vontade que conta, mas a do Senhor.
A morte de Tiago daria maior intrepidez à igreja. O Senhor sabia disso. O temor da morte, que é um instinto natural, estava sendo sobrepujado por um poder maior, o da fé, quando a igreja se dispôs a permanecer firme fazendo a vontade do Senhor, mesmo ante o perigo da morte real, que já havia ceifado um apóstolo e um diácono, que eram cheios do Espírito e de sabedoria.
Mesmo os melhores no Reino podem ser chamados à glória e entrarem no descanso eterno em perfeita comunhão com o Senhor. A obra de Deus é levada a efeito pelos homens, mas o Senhor não depende de nenhum deles em particular. Ele é poderoso para suscitar filhos a Abraão, a partir de pedras (Mt 3.9).
Batismo no Espírito e nas Águas
Não há o que duvidar quando se trata de afirmar que não é o batismo nas águas que salva, mas o batismo em Jesus (Rom 6.3; Gál 3.27), que é batismo no Espírito Santo (Mt 3.11).
Não há que duvidar também que o batismo nas águas foi ordenado pelo Senhor para todos os que viessem a crer no Seu nome (Mt 28.19).
Vemos esta ordenança sendo cumprida pela igreja primitiva em várias citações do livro de Atos (2.41; 8.12,13; 8.16, 36, 38; 9.18; 10.47,48; 16.15, 33; 18.8; 19.5).
Havia batismo nas águas tanto na circuncisão quanto na incircuncisão.
Quando o evangelho foi pregado pela primeira vez em Samaria, depois da descida do Espírito em Pentecoste, os que haviam crido foram batizados nas águas em nome de Jesus, mas não haviam recebido ainda o Espírito Santo. Pedro e João oraram por eles para que recebessem o Espírito, impondo-lhes as mãos (At 8.14-17).
Eles poderiam ter sido batizados pelo Senhor mesmo sem a presença de Pedro e João, mas isto ocorreu para que eles entendessem que estavam debaixo da autoridade apostólica dos que estavam em Jerusalém.
Os apóstolos de Jerusalém enviaram Pedro e João para Samaria. Tiago, irmão de Jesus, autor da epístola que leva o seu nome, era provavelmente o líder da igreja de Jerusalém.
Apolo evangelizou Éfeso antes de Paulo, mas ele próprio não conhecia o batismo nas águas de Jesus, tendo batizado os que creram nas águas com o batismo de João Batista (At 18.24-26).
Como Paulo era o apóstolo dos gentios, aqueles crentes também não haviam sido batizados pelo Espírito Santo quando creram. Paulo então não só os rebatizou nas águas em nome de Jesus, como posteriormente impôs-lhes as mãos, e eles foram batizados no Espírito Santo, e os dons do Espírito que se manifestaram na ocasião, foram o dom de línguas e o de profecia (At 19.1-6).
Com isto, como se tratava da incircuncisão, que estava sob o apostolado de Paulo, foram colocados sob a autoridade do apóstolo.
Apolo era eloquente, poderoso nas Escrituras, instruído no caminho do Senhor, fervoroso de espírito e falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, mas Paulo era o apóstolo dos gentios e não Apolo (At 18.24,25).
Aquela igreja viria a ficar sob a supervisão do apóstolo Paulo, e o Senhor estava indicando isso com o fato de não ter permitido que recebessem o Espírito Santo com a ministração de Apolo, mas com a de Paulo.
Uma vez colocada ordem na casa, é certo que o batismo no Espírito passou a acontecer independentemente da ministração do apóstolo, pois, já havia sido ensinado pelo Senhor quem havia sido constituído como autoridade sobre eles.
Hoje em dia, se alguém deixa de batizar os que creem no Senhor, nas águas, que o faça por sua própria conta e responsabilidade, mas que tenha o bom senso e respeito pelos que continuam obedecendo à ordenança de Jesus, assim como a igreja primitiva o fizera.
Um possível argumento de que o batismo nas águas era uma ordenança cerimonial da lei de Moisés, na tentativa de invalidá-lo, não se sustenta, tendo em vista que o próprio Paulo ordenava que as pessoas que criam, e que eram da incircuncisão, fossem batizadas nas águas.
Ainda que não seja assunto relativo a este título, o mesmo se aplica à questão da ceia do Senhor e do jejum, que também eram observados pela igreja primitiva (At 2.42;, 46; 20.7; 20.11; I Cor 11.23-28; At 13.2,3; 14.23).
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Pregando a quem julgam Comum ou Imundo
O evangelho deve ser pregado a toda criatura debaixo do céu (Mc 16.15; Col 1.23).
Observado o critério estabelecido pelo Senhor de não se lançar pérolas aos porcos, isto é, àqueles que se revelam ainda resistentes à Palavra, e que desdenham da mesma, não se pode esconder de qualquer pessoa a verdade de que Jesus morreu por todos para que os que nEle crerem tenham vida eterna.
Houve muita resistência no início da pregação do evangelho quanto a se aceitar o fato de que a salvação em Jesus era para ser oferecida não apenas aos judeus, mas também aos gentios (At 11.2,3) pois a própria lei de Moisés proibia o ajuntamento de judeus com pessoas de outras raças (At 10.28).
O Senhor mesmo quebrou esta resistência dando a Pedro a visão de um objeto como se fosse um grande lençol que descia do céu, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis e aves que eram considerados como animais imundos pela lei, ordenando-lhe que se alimentasse deles. Pedro se recusou a fazê-lo dizendo que jamais havia comido cousa alguma comum e imunda (At 10.14).
Mas ouviu uma voz que lhe dizia: Ao que Deus purificou não consideres comum (At 10.15).
Esta visão foi preparatória para que Pedro não resistisse à ordem que lhe seria dada pelo Espírito Santo (At 10.19) para que fosse à casa de um centurião romano que residia em Cesareia (At 10.1). Pedro, na ocasião, estava na cidade de Jope.
No dia anterior ao da citada visão, um anjo apareceu a Cornélio e ordenou-lhe que enviasse mensageiros a Jope para chamarem a Pedro, que lhe diria palavras mediante as quais ele seria salvo, e toda a sua casa (At 11.14).
Enquanto Pedro falava, o Espírito Santo veio sobre eles e falavam em línguas e engrandeciam a Deus (At 10.44-48; 11.15-17).
Com isto, os crentes da circuncisão que estavam em Jerusalém glorificaram a Deus e reconheceram que também aos gentios havia sido dado por Deus o arrependimento para a vida (At 11.18).
A visão dos animais imundos foi reveladora dos sentimentos que os crentes da circuncisão ainda abrigavam em relação aos gentios. Consideravam-nos da mesma forma como as coisas comuns e imundas que lhes eram vedadas pela lei.
Hoje ainda, apesar de gentios, não estamos livres como crentes, de abrigar os mesmos sentimentos em relação aos que não têm a Cristo. Podemos tê-los na conta de uma cousa sem valor, comum, imunda. No entanto, cada criatura é valiosíssima para Deus, ao ponto de ter pago o preço do sangue derramado na cruz para comprar pecadores para Si.
Especialmente quando se trata de pessoas que vivem debaixo de pecados que são classificados pela lei como abominação ao Senhor, como por exemplo o adultério, a feitiçaria e o homossexualismo.
Muitos de nós precisamos de visões repreendedoras como a que Pedro tivera, para que nossas mentes e corações possam ser dilatados, de maneira a estarmos abertos para receber e levar a Palavra a qualquer pecador, que se arrependa e que se volte para Deus.
Há muitas pessoas que no fundo, são tementes a Deus, assim como era Cornélio, apesar de ainda não terem tido um encontro pessoal com Cristo.
Estão ainda debaixo da escravidão do pecado, e sujeitas aos poderes das trevas. Estão muitas delas já prontas, esperando somente que alguém lhes anuncie a palavra de Deus, conduzindo-as à salvação.
Tendo sido quebrada a resistência dos crentes da circuncisão quanto à aceitação dos gentios, a partir da experiência de Pedro, já comentada, o caminho estava aberto para a pregação de Paulo.
Paulo tentou no início pregar o evangelho em Jerusalém, pensando que o seu testemunho de perseguidor convertido seria de grande impacto entre os judeus.
Eles o conheciam bem naquela cidade. O templo era como a sua residência. Tudo era familiar. E assim, no seu entendimento, seria muito fácil convencê-los a abraçar a mesma fé.
Sempre a velha lógica humana pretendendo tomar a dianteira da vontade de Deus !
No entanto, o Senhor apareceu-lhe enquanto ele orava no templo ordenando-lhe que se apressasse e saísse logo da cidade porque os judeus não aceitariam o seu testemunho, e que o enviaria para longe aos gentios (At 22.17-21).
Independente da onisciência do Senhor quanto à rejeição da pregação de Paulo por parte dos judeus de Jerusalém, havia também o fato de que a igreja da circuncisão já estava constituída sob a liderança de Tiago, Pedro e João (Gál 2.9). E Deus não é de confusão, mas de paz em todas as igrejas.
Paulo pregou em Jerusalém, não sabemos se antes ou depois de ter sido alertado pelo Senhor, mas discutia com os judeus helenistas, que procuraram tirar-lhe a vida, e por isso foi levado pelos irmãos para Cesareia, de onde foi levado para Tarso, sua cidade natal (At 9.26-30).
Paulo que estava acostumado a transitar livremente entre os sacerdotes, recebendo deles autorização para perseguir a igreja com toda a facilidade e aprovação, homem decidido que ia toda a parte, destemidamente, procurando fazer aquilo que entendia que era o correto, começava a aprender agora, a duras penas, que sob o governo do Senhor, as coisas são feitas com uma metodologia muito diferente.
Leia Mt 20.25-28
Que humilhação para o campeão dos fariseus !
Ter que fugir às pressas do local onde pretendia estabelecer o seu posto de comando.
Ele seria o mais incansável e mais destacado apóstolo do Senhor, mas devia considerar de si para si mesmo que já o havia alcançado logo após a sua conversão.
Uma longa e dura preparação o aguardava, e ele ainda não estava plenamente cônscio disto.
Mas, Paulo aprendeu devidamente a lição, conforme se pode depreender de suas próprias palavras:
Leia Gál 1.10
Antes da sua conversão esforçava-se para fazer a vontade dos sacerdotes, ainda que esta fosse simplesmente política. É bem possível também que procurasse cair no agrado do povo de Israel pensando um dia ser reconhecido e ocupar um cargo mais elevado no Sinédrio.
Mas havia aprendido definitivamente que não é deste modo que se agrada ao Senhor.
Leia Fp 2.3,4
A falta de humildade aprendida nos campos de prova do Senhor, é a principal dificuldade para a promoção da unidade da igreja, e também dos avivamentos espirituais.
Quando pessoas julgam-se acima da verdade, pensando ter atingido um patamar de espiritualidade e santidade que as coloque acima de qualquer crítica, traz como consequência sérios transtornos para si mesmas e para a igreja.
Diz-se, por exemplo, que Evans Roberts era tão cheio do Espírito Santo, que ele chegou a se considerar uma pessoa perfeita e completamente dirigida pelo Espírito. Com isso fechou-se totalmente a qualquer crítica pois estava desprovido do espírito de humildade para recebê-las. Resultado: faleceu ainda muito jovem, pois o seu coração não resistiu ao peso das críticas que lhes eram dirigidas por membros da própria igreja.
Voltemos ao apóstolo Paulo.
Barnabé foi buscá-lo em Tarso para ensinar a igreja de Antioquia, quando soube que aquela cidade da Síria havia dado boa acolhida à Palavra (At 11.19-26). Foi o próprio Barnabé que havia apresentado Paulo à igreja de Jerusalém, pois o vira pregando em Damasco. Ninguém acreditava que o perseguidor havia realmente se convertido (At 9.26,27).
Foi somente depois de alguns anos que o Espírito Santo o impulsionou à realização da obra para a qual havia sido comissionado, e assim mesmo, não foi chamado pelo Espírito separadamente para tal empreendimento. Barnabé também foi designado para a obra juntamente com ele. Não como seu ajudante, mas como companheiro de ministério (At 13.1-4).
O Espírito Santo iria mudar a cena. O foco seria deslocado dos termos de Israel (Judeia, Galileia e Samaria) e passaria a ser direcionado para aqueles que eram reputados pelos judeus como comuns e imundos.
Não que Deus tivesse desamparado Israel, pois o livro de Atos registra, antes da mudança de cena:
Leia At 9.31
A vocação da igreja estava determinada a ser durante muito tempo, uma igreja gentílica, pois os israelitas foram expulsos da sua terra em 70 d.C., tendo para lá retornado aos poucos, somente recentemente, durante meados do século XX. Assim mesmo, os israelitas permanecem endurecidos ao evangelho, conforme predito pelos profetas.
Mesmo no mundo gentílico, o Espírito Santo mudou a cena de país a país, de continente a continente. Por exemplo, em 1900 havia 83 % de crentes no hemisfério Norte, isto é, na Europa, Canadá e Estados Unidos. No hemisfério Sul havia apenas 17 %. Em 1985 o número de crentes do Norte caiu para 34 % e o do Sul subiu para 66 %. E esta proporção tem aumentado ainda mais em nossos dias.
As chamadas nações do terceiro mundo, concentradas no hemisfério Sul, de certa forma, desprezadas pelas chamadas nações do primeiro mundo, experimentaram avivamentos a partir de meados do século XIX, enquanto, o fervor do hemisfério Norte esfriava a partir de meados do século XX.
O evangelho é o poder de Deus para a salvação de pobres ou ricos. Mas os pobres parecem responder melhor ao convite da salvação.
As nações pobres que se tornaram ricas, principalmente em razão do evangelho, como o caso de quase todos os países europeus e dos Estados Unidos, acabaram se afastando do Senhor, porque são ricas para o mundo, mas não ricas para Deus.
A palavra de alerta quanto ao perigo das riquezas deve ser devidamente considerado.
Não pensemos que a finalidade do evangelho é nos tornar ricos segundo o mundo. Ainda que isto ocorra, não devemos fazer das riquezas materiais o nosso tesouro, porque será nelas que estará o nosso coração.
Um coração escravizado às riquezas, não suportará um novo senhorio, a saber, ser escravo de Jesus e da Sua vontade.
Leia Mt 11.4,5; Lc 12.15, 20,21; 18.24,25; Tg 2.5,6
Os que eram pobres e que ficaram ricos depois de terem conhecido a Jesus, portanto se cuidem, para não caírem no laço do amor à riqueza.
Pura insensatez é também tentar usar o Reino de Deus para acumular riquezas.
Leia I Tim 6.9,10
Dois terços da população mundial vivem no chamado Terceiro Mundo. E não há qualquer injustiça de Deus nisso. É muito mais fácil que haja salvação entre os que são pobres do que entre os que são ricos.
E as estatísticas que vimos, anteriormente, comprovam o que estamos dizendo.
Vamos empreender então o melhor dos nossos esforços para o objetivo maior de ganhar almas para Cristo, em vez de visarmos somente à erradicação da pobreza.
Leia I Cor 1.26-29
Não Há Fruto Sem Flor
A manifestação do Espírito Santo é poderosa, mas o Seu trabalho nos santos é paciente.
O Senhor é qual agricultor, que espera pacientemente o fruto do seu trabalho.
Um é o que semeia, outro o que rega, mas todo o processo vegetativo da planta terá que obedecer o curso que já se encontra programado por Deus para o seu crescimento.
Leia I Cor 3.6,7,9
Se nada podemos em relação às coisas mínimas, no que tange ao Reino de Deus, quanto mais em relação ao crescimento espiritual dos crentes, e muito menos ainda quanto a promover avivamentos do Espírito Santo. São obras exclusivas do Senhor. Nenhum homem está habilitado para tanto.
Avivamento é fruto de resposta de oração. É o Senhor que os promove aonde quer, como quer e quando quer.
Crescimento espiritual também segue o cronograma e as operações de Deus.
Leia Fp 2.12,13
Nosso trabalho é o de semeador e cultivador. A semente sequer é nossa. Ela é a Palavra de Deus. A semente já está posta. Não podemos usar semente de joio, mas de trigo.
Leia Lc 8.11
O Senhor deu à igreja a responsabilidade de semear a Palavra. Agora, esta semeadura deve ser feita no poder do Espírito Santo, e de acordo com a sua instrução.
Leia At 16.6,7
Uma vez tendo a semente germinado, necessitamos regá-la e dar-lhe os tratos culturais necessários. Este é o discipulado no corpo de Cristo mediante a Palavra.
Para este trabalho continuamos dependendo da direção e da ação de Deus, em nós mesmos, e naqueles que colocou sob os nossos cuidados, pois somos apenas seus cooperadores (I Cor 3.9).
Leia Jo 15.1-5
Através do ensino de Jesus acerca da videira, entendemos que a primeira preocupação no discipulado dos novos crentes é a de mantê-los ligados ao Senhor. A primeira e principal matéria a ser ensinada é a de que devem manter permanente comunhão com Jesus, permanecendo no Seu amor. Tudo o mais é consequência disto.
Não há fruto sem flor que o preceda. As flores são a promessa dos frutos.
Precisamos florir antes de frutificar.
A delicadeza e beleza das flores ensinam em figura sobre a natureza do trabalho de discipulado. É um trabalho sensível, delicado, paciente.
O apóstolo Paulo estava plenamente consciente disto.
Ele sabia que depois das chuvas do Pentecoste, com o derramar do Espírito e da graça de Deus, a terra estaria pronta para o trabalho do lavrador.
É preciso arar a terra, semeá-la, cuidar da lavoura.
Muitas vezes, se faltam os insetos necessários à polinização das flores, este trabalho terá que ser feito manualmente, por que ou não haverá frutificação, ou então os frutos crescerão deformados.
Recentemente, num canal de TV foi exibido um artigo sobre o cultivo de graviolas. Um agricultor da Bahia havia conseguido a obtenção de frutos cinco vezes mais pesados do que o comum e uma produção muitas vezes maior do que o normal, simplesmente efetuando um trabalho de polinização manual. Flor por flor. O resultado foi este. Os frutos eram perfeitos e não possuíam qualquer deformidade.
Este mesmo trabalho paciente foi realizado por Paulo, com todos os crentes que eram alcançados através da pregação que fazia no poder do Espírito (I Cor 2.1-5).
As epístolas que escreveu às igrejas são a prova patente do seu cuidado, e da qualidade e extensão do seu ensino.
O Senhor espera que todos na Sua igreja, em toda e qualquer época, ou em todo e qualquer lugar, sigam o exemplo de Paulo, como o próprio apóstolo recomenda em suas epístolas, que sejamos seus imitadores, assim como ele próprio era de Cristo.
Paulo ensinava por muitos dias e muitas horas. Não era cansativo porque o fazia no poder do Espírito. Como costumamos dizer, os crentes bebiam as palavras de graça que fluíam da sua boca, mas que vinham direto do seu espírito e coração.
Leia At 15.35; 18.11; 19.9b,10
Paulo tinha uma grande preocupação em firmar os discípulos na verdade:
Leia At 18.23; 20.2
O seu interesse não era simplesmente o de ensinar-lhes a Palavra, mas instruí-los e conduzi-los a viverem de fato para o Senhor.
O conteúdo de suas pregações, exortações, ensino, apontavam para a necessidade de se perseverar na graça de Deus (At 13.43) e permanecer firmes na fé, pois é através de muitas tribulações que se entra no reino de Deus (At 14.22).
Suas palavras dirigidas aos presbíteros da igreja de Éfeso, quando os convocou a estarem com ele em Mileto, são dignas de serem registradas na íntegra, pois revelam não apenas o seu caráter, como também o seu inteiro amor e cuidado pelo rebanho do Senhor:
Leia At 20.18-35
De fato, como ele predissera, ocorreu. Falsos pastores e mestres se levantaram na igreja de Éfeso. Mas, Paulo, que na ocasião encontrava-se em viagem para a Macedônia, estando impedido de retornar a Éfeso, não deixou o cuidado dos discípulos entregue ao próprio destino. Enviou-lhes Timóteo para restaurar a ordem naquela igreja, não por causa de sua própria honra, mas por amor aos eleitos, para que estes preservassem a salvação em Jesus, e dessem seguimento à obra de Deus, depois da sua partida para o Senhor.
Leia I Tim 1.3
Vemos assim que não basta dar poucas instruções aos novos convertidos quanto ao significado da sua fé, dar-lhes ou indicar-lhes a aquisição de uma Bíblia e prepará-los para o batismo. É necessário instruí-los no caminho do Senhor e conduzi-los a terem um compromisso real com Cristo.
A responsabilidade do líder é tremenda. Daremos contas do nosso trabalho ao Senhor.
Leia Hb 13.17
O trabalho de muitos pastores da atualidade está mais voltado para a solução de problemas pessoais e domésticos de suas ovelhas, do que firmá-los na verdade.
Geralmente, os crentes são religiosos domingueiros. que têm pouco ou nenhum compromisso real com o Senhor. Alguns permanecem vivendo simplesmente na carne e conformados a este mundo. Daí decorrem seus muitos problemas pessoais. E o pastor desavisado pensa que a sua principal missão é ajudar-lhes a resolverem tais problemas.
Caso fossem realmente discipulados logo surgiria a causa real do seu insucesso na vida.
Paulo nunca errou o alvo quanto a isto.
Quando a igreja de Corinto começou a apresentar um grande número de óbitos e de enfermidades, impureza, exageros na celebração da ceia, e tantos outros problemas, ele tratou de colocar o dedo na ferida e fazer o tratamento adequado.
Não somente revelou qual era a causa principal dos seus problemas, como apontou-lhes o caminho da restauração: arrependerem-se, viverem em santidade de vida, terem compromisso real com o Senhor.
Há também outras duas cartas além das que temos em nossas Bíblias, que ele escreveu àquela igreja, ainda mais duras e exortativas do que as que conhecemos, sendo uma delas designada por carta triste, pois causou muita tristeza ao seu próprio coração o ter que escrevê-la, como aos crentes de Corinto.
Leia II Cor 7.8-10
Paulo ficou com a verdade, e não lhes fez cócegas no ego, pelo temor de desagradar-lhes. Qual foi o resultado? O Senhor honrou a Paulo porque este Lhe honrou cuidando como convinha do Seu rebanho, instruindo-o a caminhar na verdade. Desse modo, o Espírito Santo conduziu os coríntios ao arrependimento ao ponto de surpreender o próprio Paulo com a demonstração do amor deles pelo apóstolo, conforme notícias que lhes foram trazidas por Tito.
Leia II Cor 7.6,7
O conserto da igreja, retornando a caminhar na verdade foi o grande motivo do regozijo de Paulo, e é a razão da alegria de qualquer pastor que conduza o rebanho segundo o coração de Deus.
O apóstolo João refere-se a isto em suas duas últimas epístolas:
Leia II Jo 4 e III Jo 4
Este andar na verdade não significa simplesmente não proferir mentira ou não se entregar a mexericos, mas sim, viver a Palavra de Deus e ter verdadeira comunhão com o Senhor e seus irmãos na fé, no Espírito, dando um verdadeiro testemunho de que vive no amor de Cristo.
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