“Meu amor é uma vingança que nunca será livre” - Diziam os sábios do The Who, de uma forma irônica, essa sempre foi a música que desejaria que tocasse em meu enterro devido as feridas da vida que, com sorte, jamais cicatrizarão. Assim, me encontrava divagando nesse misto de sentimento sórdido com o sabor amargo da cerveja. Ela apenas me acenou um sorriso encantador e em meados a um beijo dizia-me em tom sereno e engraçado: “Você é só mais um babaca” - Não que eu devesse levar em consideração aquela psicanálise prematura mas ecoava em minha cabeça como alguém poderia ser tão linda e tão errada ao mesmo tempo?
Talvez ali estivesse eu, tentando enganar a ela ou a mim mesmo, buscando repetir meus pensamentos e conforme tropeçava em minhas palavras soava tão estúpido, eu não possuía nenhuma referência sobre aquela garota, ainda assim ela me deu muito o que pensar.
De qualquer jeito, o modo como aquela garota deferia-me suas palavras fazia com que parte de mim assentisse de culpa e despertava-me receios até me convencer que uma ou outra dose não me curaria do tombo daquela noite. O trajeto para casa nunca havia sido tão longo, cada rua deserta e cada feixe de luz pareciam refletir meu estado “babaca por tabela”. Encontrei-me dançando sobre minha sentença atribuída por alguém que acabara de conhecer.
Havia tantas frases para serem ditas em meio a tantos beijos roubados e mais um copo servido, são tantas oportunidades que se criam e se perdem a todo momento e que procuro me perdoar com desculpas vadias: “Mas meus sonhos não são tão vazios quanto minha consciência parece ser” - Continuam cantando os sábios.
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