Houve um tempo em que eu me encontrava envolto dos mais profundos sentimentos, procurava não ter uma razão mínima para necessariamente expressá-los ou qualquer outra desculpa para senti-los à flor da pele. Hoje, já quase me esqueço de como é essa sensação. Às vezes me sinto como um assassino de sentimentos, meu próprio caçador.
Houve um tempo em que eu acreditava nas respectivas eternidades, foram incontáveis vezes em que eu me sentia seguro nas promessas vitalícias e “sempre” me arrancavam um sorriso bobo, ainda que não me parecesse ser tempo suficiente. Hoje, os dias me parecem longos demais. O que eu já chamei de “tempo” parece ter se tornado algo entre a utopia e os sonhos, me tornando cada vez mais a sombra daquilo que costumava ser.
Houve um tempo em que eu queria fugir, me encontrar em outro lugar longe daqui, tentar um recomeço para, quem sabe, renovar minha fé de espírito. Hoje, percebo que esse lugar está cada vez mais idêntico a mim. Cinza e apático, lar das minhas maiores atrocidades imagináveis. Pergunto-me quanto tempo as paredes gélidas ainda poderão suportar o peso angústia que insiste em vir abaixo.
Poderia o acaso tomar outro rumo? Seria a vida um método de ensino semi-masoquista com uma bela lição digna de Disney para nos passar ao final? São perguntas que talvez ninguém possa responder por nós, até lá vivemos nossos dias ímpares, cada qual em sua singularidade, alternando-os sob as escolhas das nossas melhores máscaras.
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