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A páscoa de Elisabeth Lisle - Cap. 4
O Plano de Fuga
Clayton JC

Elisabeth reparou que a luz tremia. Olhou para o lustre acima e viu ele balançar.
Ela levantou assustada com aquilo. Seria terremoto? Mas nada mais tremia a não ser o lustre.
     - O que está acontecendo? - mas aí o lustre desceu e ficou pendurado, uns metros acima no chão, e abriu-se um buraco no teto. Parecia uma entrada secreta!
     - Oi! - cumprimentou uma cabeça peluda, com duas orelhas de coelhos espiando de lá de cima.
     Teddy desceu pelo cabo do lustre e pulou ao lado de Elisabeth que olhava sem acreditar.
     - Viemos resgatá-la! Suba aqui – pediu ele.
     - Mas como isso é possível?
Medd lá de cima apressava-os.
     - Vamos logo, pessoal, não queremos arranjar problemas!
Teddy subiu em cima do lustre e estendia a mãozinha para a garota.
     - O que vai acontecer?
Mas ela escutou uns tremores do lado de fora. Elisabeth sabia o que significava aquilo e rapidamente subiu no lustre.
     - Vamos Medd! - gritou seu irmão e Medd puxou uma alavanca e o lustre começou a subir, como se fosse um elevador. A porta do quarto se abriu violentamente, e Claudete ficou na porta olhando para os fugitivos.
     - Como eu desconfiei! - e correu para dentro e deu um forte pulo. Os braços dela conseguiram alcançar o lustre, e o cabo que sustentava o lustre quase estourou.
     - Puxe Medd! - apressou o irmão desesperado.
O coelho lá em cima tentava em vão puxar o lustre, mas o peso era demais.
     - Você não vai conseguir fugir, Elisabeth! Senhor Taylor! Senhor Taylor! Eles vão fugir! - começou ela a gritar alto.
     - Você tem que subir pelo cabo! - falou Teddy para Elisabeth.
     - Subir? Mas eu não consigo! Eu...
     - Você tem que tentar! - Claudete começou a balançar o corpo e Elisabeth se desequilibrou e quase caiu de lá de cima. O senhor Taylor vinha correndo pelo corredor por causa dos gritos da governanta. Dona Nair também vinha resmungando.
     - Desse jeito ninguém vai dormir hoje!
Elisabeth se agarrou no cabo e começou a subir com bastante dificuldade, mas Teddy tentava ajudá-la empurrando-a para cima. Medd lhe deu o braço.
     - Segure minha mão, quero dizer pata, ou melhor... segure logo! - Elisabeth agarrou a mão do coelho e ele esforçava para puxá-la para cima.
     - Elisabeth! - gritou seu avô na porta. Ela olhou para ele. - Não faça isso, por favor, você não sabe da história horrível que aconteceu!
     Ela ficou olhando para ele sem entender aonde ele queria chegar com aquela conversa.
Teddy pensou rápido e abaixou o short azul e apontou o bumbum na cara de Claudete.
     - Seu atrevido não mostre isso para mim! - se indignou a governanta de cara com o traseiro peludo dele.
     - Lá vai o pum fatal de Teddy! - gritou Medd adivinhando o que seguiria naquele momento.
Teddy esforçou bastante e houve um ronco na barriga e depois uma explosão de gases verdes na cara de Claudete. Ela gritou de horror e soltou suas mãos do lustre para proteger seu nariz largo, mas caiu de costas no assoalho do quarto.
     O senhor Taylor tampou o nariz pelo forte cheiro de pum e Dona Nair desmaiou.
Elisabeth quase ia caindo, mas o lustre começou a subir, já que o peso era menos. Teddy conseguiu segurar Elisabeth e Medd a puxou para cima. O lustre tampou o buraco secreto no teto.
     - Onde estamos? - perguntou a menina se recuperando do mal estar por causa do pum fatal de Teddy.
     Medd acendeu a lamparina e ela viu que só podia estar no sótão da casa. Como era grande ali, nunca estivera ali antes. Nem mesmo no porão tinha acesso.
     Medd tirou do bolso da calça vermelha uma cenoura pequena e murcha.     
     - Tome.
Elisabeth pegou e achou engraçado.
     - O que vou fazer com isso?
     - Chupe a ponta, e você verá – falou Teddy.
Ela ficou preocupada e fez o que Teddy mandou. Sentiu um líquido na boca e engoliu. Era gostoso e quente.
     - Chega - Medd tirou a cenoura que ficou ainda mais murcha.
     - O que vai acontecer agora? - perguntou ela, se sentindo estranha.
     - Já aconteceu! - informaram os dois coelhos rindo, olhando para ela.
Elisabeth achou aquilo uma maluquice só, mas teve a sensação de estar olhando por um ângulo mais baixo do que o normal. Ela achou aquilo muito confuso e coçou os cabelos. Cadê os cabelos?
     - Meu Deus! Onde está o meu cabelo! - se desesperou ela.
     - Acalme-se, por favor, não fique assim... - apressou Medd.
     - Estou do tamanho de vocês! E acho que tenho orelhas iguais a vocês também! - descobriu ela.
     - Você é agora um coelho igual a nós! - revelou Teddy.
     - Coelha. - corrigiu Medd.
     - O quê? - ficou espantada. Teddy lhe estendeu o espelho oval a ela.
Ela pegou e viu que sua mão tinha virado uma mão peluda. Ela engoliu seco e viu o seu reflexo no espelho. Sua carinha tinha ficado branca e cheia de pelos brancos. Seu nariz ficou um nariz pequeno e rosado. Seus olhos azuis ficaram duas bolinhas castanhos e bem curtos. Ali tinha uma coelha de verdade.
     - Nossa, até que ela ficou uma gracinha de coelha, não acha? - comentou Medd cutucando o ombro de Teddy.
De repente o sótão todo ficou muito claro. Elisabeth achou a luz tão forte como se o dia tivesse aparecido. Não estava acostumada com sua nova visão.
     - Encrenca! - gritou Medd
     - Encrenca em dobro! - acrescentou Teddy vendo a governanta e o senhor Taylor na porta do sótão.
     - Onde está Elisabeth? - gritou o senhor Taylor vindo na direção dos três coelhos furioso.
Claudete apontou uma arma na direção de Elisabeth e apertou o gatilho. A bala disparou num tiro estrondoso e passou raspando em sua nova orelha pontuda.
     - Não atire! - o senhor Taylor entrou na frente dela. - Elisabeth pode estar escondida por aqui!
     Teddy pegou pela mão de Elisabeth e começou a puxá-la.
     - Temos que sair daqui! - Medd já estava pulando rápido para a janela aberta.
     - Você é uma coelha agora, pode ir pulando como nós! – soltou-se da mão dela e começou a pular. Elisabeth achava tudo uma loucura só, e não pulou bem quando tentou pegar impulso para um salto, e tropeçou na barra de seu pijama.
     - Eu... eu não consigo me equilibrar direito! - explicou ela, a ponto de chorar. Olhou para trás e viu Claudete correndo em sua direção com um bastão de madeira, um sorriso mortal vinha em seus lábios abertos.
     - Você vai morrer! - disse baixinho enquanto se aproximava. Elisabeth começou a correr e tentou dar um pulo, mas seu pulo foi um fracasso.
     - Medd me passa a cenoura mágica, depressa! - e o coelho no parapeito da janela atirou a cenoura pra ele sem saber qual era o plano. Teddy espremeu o resto do líquido da cenoura no chão e Claudete vendo o plano tentou parar. Mas por estar vindo tão rápida não conseguiu a tempo e escorregou de cara no chão.
     - HÁÁÁ! - ela começou a deslizar sem controle na direção de Elisabeth. Ela ia ser atropelada por aquele corpaço em movimento.
     - Você consegue! Tente! - incentivou Teddy confiante à nova amiga. Elisabeth reuniu forças e fechou os olhos, dando um salto alto, enquanto Claudete girava direto para a janela. Medd gritou quando viu ela vindo em sua direção e pulou pra fora. Claudete atravessou a vidraça e despencou lá embaixo aos berros.
     - NÃÃÃOOO! - Elisabeth conseguiu se segurar numa viga do telhado, e ficou surpresa por ter conseguido. O senhor Taylor correu gritando por Claudete.
     - Vamos, solte! - falou Teddy e ela se soltou e conseguiu fazer um pouso bom.
Ele lhe deu a mão novamente e juntos começaram a correr numa rapidez e pegaram impulso num salto pela janela destruída e voaram para a noite que os aguardavam.
     A coelha Elisabeth e Teddy fizeram um pouso perfeito no gramado que amorteceram sua aterrissagem. Medd pulava de um lado e outro rindo pela situação que passara. Claudete estava no chão de barriga pra cima aos gemidos.
     - Será que ela está bem? - se preocupou Elisabeth. Medd dava piruetas no ar, rindo.
     - Bem? Ela caiu de lá de cima e você acha que ela está bem?
Teddy tentou despreocupá-la.
     - Ela vai ficar bem sim e logo estará tentando nos capturar novamente, não se preocupe.
O avô de Elisabeth descia as escadas e se atirou lá fora, em meio ao gramado gritando por sua neta.
     - Não, não vá... ele não está preparado para ver você assim... - impediu Teddy quando ela fez um movimento de ir até ele. Elisabeth ficou olhando para o avô e depois tristemente aceitou ir com os irmãos coelhos para um lugar onde ela nunca estivera antes.
     - Ei Teddy, você vai levar ela para a nossa toca? - perguntou Medd surpreso.
     - Sim.
     - Mas ela é humana, esqueceu? - quis lembrá-lo.
     - Mas no momento não é, seu tapado!
Elisabeth não comentou nada.
     - É verdade... - disse Medd. - Mas e se o feito passar e ela se transformar em humana novamente?
     - Você faz perguntas demais!
     - Pra onde estamos indo, afinal? - agora era Elisabeth quem perguntara.
     - Você verá, é uma surpresa! - disse Teddy.
Medd passou por debaixo de uma raiz de uma árvore e começou a pular sobre a água. A lua lá no céu clareava a água do lago e parecia prateada.
     - Veja... ele está andando por cima da água! - exclamou Elisabeth de boca aberta.
     - Ele sempre faz isso para chamar atenção... - respondeu Teddy, achando o irmão um boboca.
     - Você também consegue andar por cima da água? - perguntou ela olhando pra ele. Teddy viu os olhinhos dela bem perto dos seus, e ele sentiu-se envergonhado.
     - Eu... eu não gosto de me exibir. Medd parece um bobo fazendo isso! - disse e Medd dançavam sobre a superfície do lago. Mas Elisabeth percebeu que ele estava com ciúme de Medd.
     - O que vocês estavam fazendo lá no jardim de casa? - ela quis mudar de assunto.
Teddy ainda estava de mãos dada com a dela, e largou rapidamente.
     - Nós... nós estávamos só vasculhando.
     - Vocês andaram pegando cenouras da horta da senhora Claudete, não é? - desconfiou ela.
Teddy riu.
     - Ela é uma anta quadrada! Fica todas as noites verificando se a cenouras estão lá!
     - Mas estão todas lá mesmo – afirmou Elisabeth, estranhando o coelho.
     - Não tem nenhuma cenoura arrancada, não é?
     - Exatamente – concordou ela.
     - Mas então como você sabe que tem cenouras lá?
Elisabeth não estava compreendendo onde Teddy queria chegar com aquela conversa. Medd saltou para a terra firme.
     - Ei Teddy, que tal mostrar a ela? - entrou na conversa, ficando entre eles e com os braços apoiados nos ombros deles.
     - Mostrar o quê? - ficou curiosa.
Teddy empurrou o irmão de lado e pegou Elisabeth.
     - Suba nas minhas costas. A viagem vai ser um pouco perigosa – falou ele. Elisabeth arriscou e passou os braços entorno do pescoço dele. Medd pulou na frente, gargalhando.
     - Eu chegarei primeiro! - Teddy se preparou e começou a correr muito veloz, segurando a passageira pelas pernas.
     - Nossa! Você é rápido! - exclamou ela e teve que fechar os olhinhos por causa do vento.
     - Agora vem à parte emocionante! - avisou ele, e subiu uma pequena pedra inclinada como uma rampa e deu um longo salto. Elisabeth gritou lá de cima, nas costas do amigo. - Segure bem em mim, porque a queda é algo de morrer!
     Teddy girou o corpo enquanto descia para o fundo de um buraco escuro. Eles estavam caindo de ponta cabeça. O frio que passava por seu corpo era de se congelar. Por causa da nova visão Elisabeth podia ver no escuro.
     - Onde isso vai parar? - gritou ela no ouvido do amigo coelho.
     - No fim do buraco! - gargalhou ele.
Medd ia à frente gritando de emoção, passando por rochas pontiagudas crescida nas encostas do buraco. Ele avistou a pista de pouso lá embaixo.
     - Já estamos chegando! - gritou ele e a sua voz ecoou para cima.
     - É melhor você se soltar de mim – aconselhou ele.
     - Estou com medo! - ela olhou para o seu lado direito, e viu Teddy lhe acenando sem a sua jaqueta. Ela estava se segurando na jaqueta dele. - Como você fez isso! - ela gritou despencando.
     Ele apontou o dedo para baixo e os olhos dela acompanharam-no.
Elisabeth viu uma enorme bola colorida subindo e transparente, como se fosse uma bolha de sabão.
     Medd ultrapassou a textura fina da bolha e flutuou lá dentro. Elisabeth prendeu a respiração e sentiu a sensação de estar entrando numa sauna. Seu corpo de coelha flutuava suavemente dentro da grande bolha.
     - Nossa que gostoso! - ficou encantada com aquilo.
Medd vinha nadando até eles, e deu um empurrão em Teddy, e ele foi dando cambalhotas no ar.
     - Seu!... - e Elisabeth riu e empurrou Medd também de lado, como numa brincadeira.
Eles brincaram dessa forma até seus pés tocarem no solo liso e dourado.
     Medd esticou os braços e as pernas num alívio.
     - Você deveria fazer a mesma coisa – aconselhou ele para ela que o olhava. - Vai sentir o corpo mais leve.
     Ela esticou os braços e pernas e sentiu bem melhor.
     - Valeu! - e ela o abraçou e lascou um beijo no seu rosto.
Medd ficou louco e girou aos pulos. Elisabeth virou rindo para Teddy.
     - Ele é sempre assim?
Mas Teddy não disse nada e começou a andar rápido para uma porta. Medd zonzo foi atrás do irmão, puxando Elisabeth pela mão.
     - Venha... venha por aqui...
Teddy abriu a porta e a luz se iluminou lá dentro. Elisabeth espiou pela porta aberta e viu um trilho e um carrinho de ferro veio até eles.
     - Vamos entrar aí? - perguntou ela.
     - Sim – respondeu Teddy e ajudou ela a embarcar para dentro. Medd pulou e o carrinho começou a voltar.
     - Para onde vamos dessa vez?
     - Vamos mordiscar umas cenourinhas... - disse Teddy lambendo os lábios.
E o carrinho ganhou mais velocidade e os três se seguraram na barra de segurança, como se estivessem numa montanha-russa.
     Havia trilhas que subia e descia, que virava para direita e esquerda. Uma que fazia o carrinho pular fora da trilha e entrar na outra parte da trilha. Essa quase fez Elisabeth fazer xixi.
     - Isso foi uma loucura! - gritou ela apavorada.
     - É, maneiro mesmo! - exclamou Medd, querendo repetir a diversão mais uma vez. - Mas acho que aquela é a melhor parte!
     Elisabeth soube o que ele se referia e quase desmaiou quando viu o que ia acontecer.
Medd gritava feito louco agitando a emoção, mas Teddy percebeu o quanto aquilo estava sendo difícil para ela.
     - Não se preocupe, não vai ser ruim... - e ela o abraçou fortemente. Teddy parou de falar e abraçou-na protegendo.
     O carrinho com os três dentro subiu e deu a volta, fazendo-os ficarem de ponta cabeça e descerem a volta contrária, seguindo numa nova trilha.
     - RADICAL! - adorou Medd de olhos bem arregalados.
     - Pronto, pode abrir os olhos... - pediu Teddy a Elisabeth. - Você está chorando?
Ela lhe sorriu sem graça, usando a gola da sua camisola para secar as lágrimas.
     - Não... e que...
     - Caiu um cisco em seu olho?
     - Não exatamente... - disse ela. - Eu tive medo. Obrigada por me proteger... - ela também o beijou no rosto. Medd não viu, e Teddy virou o rosto ardendo de alegria.
     - Acabou a diversão... - lamentou Medd quando o carrinho perdeu a potência na velocidade.
Teddy desceu primeiro e pegou Elisabeth no colo, devolvendo-na ao chão firme.
     Havia um túnel iluminado por luzes, e eles seguiram em frente.
     - Aqui não tem morcegos... ou tem? - perguntou ela indo bem coladinha com Teddy.
Teddy riu e ia falando que não, mas pensou rápido e disse meio que em dúvida.
     - As vezes aparecem uns bem grandões... - mas seu irmão sorriu e gritou.
     - É mentira do Teddy! Ele só tá falando assim para você ficar bem junt... - Teddy se soltou de Elisabeth e grudou na garganta de Medd.
     - Sua peste tagarela vou te ensinar a ficar com essa boca fechada, nem que eu tenha que fechá-la com pedras!... - Medd estava ficando roxo. Elisabeth não havia prestado atenção nos irmãos se matando, e ficou fascinada olhando para cima de sua cabeça. Havia no teto que era de terra umas fileiras de cenouras. Mas eram cenouras cumpridas e grandes.
     - Isso é.... isso é fantástico!... - sussurrou ela e olhando para trás para ouvir comentários deles viu a cena. - O que vocês estão fazendo?
     Teddy rapidamente disfarçou e mentiu.
     - Medd esse cabeça de repolho engoliu uma pedra achando ser uma bala...
     - Mentira dele! Ele estava tentando me mat... - Teddy tampou sua boca e completou o resto da frase.
     - ... salvar a vida desse paspalho! Era isso que eu estava tentando fazer...
Elisabeth virou e olhou novamente para as cenouras que brotavam do teto. Medd se livrou das mãos do irmão e respirava urgentemente num canto, enquanto Teddy ia na frente, explicando.
     - Essas são as cenouras que aquela brutamonte pensa que está protegendo! Mas nem imagina a coitada que elas estão sendo bem aproveitadas... - e deu um salto e se pendurou numa cenoura e começou a roer até que ela caiu no chão. Teddy mordeu um pedaço e mastigou com muita vontade.
     - Isso parece irreal... - revelou Elisabeth pasmada com o que via. - Como as cenouras cresceram a esse ponto?
     Medd chegou perto dela e disse.
     - Nós regamos as cenouras com uma poção encantada que o professor Pascoal preparou. Isso é, ele não sabe que essa poção está sendo usada para esse fim e muito menos que roubamos de seu acervo... - e mergulhou de boca aberta na cenoura.
     - Venha, experimente um pedaço! - ofereceu Teddy à ela. Elisabeth arrancou um pedaço e mastigou com seus dentinhos de coelha.
     - Que delícia! - saboreou ela. - Eu já gostava de comer cenouras cruas, agora posso ficar o ano todo comendo essa aqui!
     Os três passaram um bom momento roendo e comendo a cenoura encantada da governanta Claudete sem ela imaginar que suas cenouras estavam sendo devoradas pelos coelhos.
     Elisabeth havia parada e descansava deitada, ouvindo os irmãos coelhos.
     - ... ela fica toda a noite inspecionando a horta para ver se encontra uma cenoura arrancada! - informava Medd.
     - Mas ela fez essa horta mesmo foi para chamar a nossa atenção e colocou armadilhas nela... como aconteceu lá em cima... - revelou Teddy.
     - Isso faz sentido agora... pois Claudete nunca gostou de cenouras na vida! Ela só cultiva as cenouras para poder pegar vocês! - disse Elisabeth. - Mas porque esse interesse todo em pegar vocês?
     Teddy olhou para Medd e ambos se sentiram mal à vontade com a pergunta.
     - Bem... não sabemos porque... - começou Medd devagar, mas Elisabeth desconfiou que ele estivesse mentindo.
     - Talvez ela queira nos vender para algum tipo de circo, não acha? - opinou Teddy, todo calmo, mas ela sabia que os dois irmãos estavam escondendo a verdadeira razão.
     - A grandona, quero dizer, a Claudete seria muito rica se conseguisse nos capturar... - reforçou Medd. - Seríamos mais famosos que Pinóquio!
     Elisabeth fingiu acreditar, mas ia descobrir a verdadeira história!
     - Bem... acho que está na hora de irmos... - levantou Teddy.
     - Irmos para onde? - perguntou Medd.
     - Para casa, seu tonto!
     - Mas e ela? - cochichou Medd a ele, e Elisabeth ficou olhando.
     - Ela terá que ir para a casa dela... - e Elisabeth o interrompeu.
     - Ir para a minha casa? - Teddy e Medd ficaram se olhando por alguns instantes.
     - Você tem que voltar... não pode ir com a gente – disse Teddy sentindo bem triste naquele momento.
     - Mas meu avô vai me mandar para um colégio interno e quando eu voltar terá acontecido uma coisa muito horrível! - informou ela desesperada.
     - Coisa muito horrível? - se preocupou Medd. - Como assim?
     - Eu não sei exatamente, mas Claudete disse isso a mim e acho que isso se refere a vocês!
Eles ficaram agitados como se quisessem comentar algo que fazia sentido naquela conversa.
     - Acho que não tem nada haver com a gente, Elisabeth... - disse Teddy.
     - Pare de esconder a verdade! - gritou ela e agarrou sua mão. - Conte-me o que está havendo por aqui? - pediu ela, olhando bem nos olhos dele.
     - Isso eu ia perguntar agora... – disse uma voz atrás deles. Um coelho adulto de uniforme de escavador estava parado com os braços cruzados, de olhos bem severos. - O que vocês três estão fazendo aqui há essa hora?
     Teddy e Medd ficaram preocupados, mas Elisabeth ficou petrificada de medo do coelho grande. Ele não era muito grande, mas os coelhos adultos eram um pouco maior dos que os coelhos garotos.
     - O que vocês três estão aprontando aqui? - ele se chegou mais perto, desconfiado de que eles estavam mexendo em alguma coisa séria ou escondendo algo. O coelho olhou para a cenoura gigante no chão e quase desmaiou de susto. - Meu Deus! O que é isso?
     - Uma cenoura... - Medd foi logo respondendo, e levou um cascudo na cabeça de Teddy.
O coelho grande olhou para cima e caiu sentado, exclamando.
     - Isso é impossível! - Elisabeth o achou muito esquisito. Ela sentiu a mão de Teddy pegando na sua e viu-o fazer sinal para o carrinho. Ela entendeu o plano. - Essas cenouras são enormes!...
     Medd sabia que não podiam ser pegos em flagrante e por isso estava preparado para fugir.
Teddy deu o sinal e ele pegou Elisabeth no colo e saltou para o carrinho parado e se abaixaram lá dentro, e o coelho adulto virou.
     - Cadê aqueles dois que estavam aqui? - olhou para os lados. Medd gritou.
     - Estão ali, senhor! Eu os vi correndo para aquele buraco, é lá que eles estão escondendo as cenouras de ouro!
     O coelho ficou louco.
     - Cenouras de ouro! Onde está, onde está? - Medd fazia força para não cair na gargalhada.
     - Venha, vou mostrar o caminho! - ele conduziu o coelho escavador para a pequena entrada do túnel. - Fique aí, senhor, eu entro primeiro para pegar as cenouras de ouro e...
     - Nada disso, seu fedelho! - falou o coelho segurando-o pelo braço. - Acha que eu vou cair nesse truque velho? Eu sei que você está mentindo...
     - Não! Eu juro que não... - se desesperou Medd.
     - Os seus amigos estão aí dentro... - indicou o buraco. -... e você quer fugir com eles levando as cenouras de ouro! Eu não nasci ontem, sabia?
     Medd ficou olhando para ele sem acreditar. Ele empurrou-o para o lado e deitou para entrar no buraco estreito, e acabou prendendo o traseiro gordo na entrada do buraco.
     - O que está acontecendo? Estou preso aqui! Me ajude! - gritou ele e Medd caiu na gargalhada.
     - Você ficou atolado! Deixou o bumbum pra fora... - Teddy levantou e gritou.
     - Quer parar de bancar o engraçadinho e cair fora?
Medd lascou um tapão no traseiro do coelho e ele ficou furioso.
     - Se eu te pegar seu moleque de uma figa!... - mas Medd já estava correndo e Teddy pulou fora e juntos começaram a empurrar o carrinho pesado com Elisabeth dentro. O carrinho pegava novamente velocidade. Mas o coelho escavador conseguiu desprender o traseiro do buraco e começou a pular atrás deles.
     - Ele está vindo! - avisou ela. Teddy e Medd pularam dentro, torcendo que não fossem pegos.
O coelho não conseguiu alcançá-los e parou.
     - Você precisa emagrecer essa bumdona para alcançar a gente, seu balofo! - zombou Medd abaixando a calça e mostrando seu traseiro para ele. Elisabeth respirou aliviada, e avisou.
     - Por favor, não quero sentir o pum fatal de Medd... - e Teddy riu.
Medd levantou a calça e virou para eles, se vangloriando.
     - Eu sou demais, não é gente? Viu como enganei aquele idiota? Mereço um troféu... - mas ele não completou o que ia dizendo por causa de uma sacudida nos trilhos e quase o carrinho tombou de lado.
     - O que foi isso! - perguntou Elisabeth assustada. Teddy olhou para trás e não gostou do que viu. O coelho escavador vinha numa espécie de tanque de guerra e a máquina sacudia os trilhos.
     - Você e sua língua grande, né! - gritou Tedd para Medd. - Você tinha que chamar ele de balofo?
     - Eu não sabia que ele ficava tão zangado com esse apelido! - choramingou Medd.
Novamente os trilhos se sacudiram ferozmente, e o carrinho tombou para frente.
     - Elisabeth!
Teddy rolou para fora e Medd pulara antes do carrinho bater de frente numa viga que sustentava outras vigas daquele túnel. O túnel começou a desabar e soterrar tudo. O velho coelho saiu da máquina e escapou por um outro túnel. Enormes pedras caiam, e Medd puxou o irmão, mas ele não queria sair dali.
     - Vamos Teddy, nós vamos morrer soterrados!
     - Elisabeth deve estar aqui! Não posso deixá-la...
Mas Medd o carregou sem a sua vontade e saltou com ele para dentro de um poço escuro.

     

     


Biografia:
Amo escrever e peço que leiam meus livros. Obrigado.
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