À sombra de tua lembrança
alicercei meu futuro com incentivo,
reforçando essa mística aliança
na certeza da verdade em que vivo.
Agradeço se no adeus do ontem
deixaste-me o concreto do agora
e a ânsia de vencer que só irrompe
visto que no meu peito já não moras.
Desconheço o prazer de outro corpo
ou o aconchego escondido num afago.
Mas, galgarei a escada até o topo:
Lá o amor há de ter a placidez de um lago.
Lá, um dia, a matéria se fará água,
e a água, vida e a vida, alma e a alma, luz.
E não haverá espaço para mágoa
- essa fusão só à igualdade conduz.
Hei de exorcizar o fantasma do impuro,
do incerto, do escuro, do deserto: o teu.
E à minha subida, descerás, eu juro!
E que nesta jura só encontres a cinza do que ardeu!
À sombra de tua lembrança...
Já não temo os olhos fechados,
já não tremo sozinha no quarto,
nem profano a certeza que a verdade alcança.
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