Por mais bela a longínqua paisagem
que meus olhos fitarem na distancia,
hei de amar-te sempre com zelo e constância
e reclinar-me em respeito à tua passagem.
Se meu corpo aprisionarem em terra estranha
para saciar o apetite de outros vermes
não libertarei minh'alma da matéria reles:
Torna-me-ei veneno dentro dessas entranhas!
Que meus restos só fertilizem teu ventre
e, penetrados pelo aconchego úmido
dessa eterna união, se dissolvam no gozo último
que explodirá no verde de tua semente.
Adubar quem me firmou os passos,
ora suaves se no deleite de matutina paixão,
ora agressivos no peso noturno de amores falsos,
é regozijo de devedor exultante em razão,
da dívida resgatada, de carnais elos quebrados
no aceno da metade além dos muros da prisão.
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