Capitulo 1 - Inpiração
Mais uma vez notebook no colo e longe de tudo, mais uma vez sua turma havia marcado de estudar na casa da amiga de Ana, estudar uma ova, pois o que eles faziam era apenas deixar os livros abertos enquanto bebiam e conversavam, as provas se aproximavam, mas provavelmente nenhum se importava com isso até a semana que eles realmente chegassem.
Ana sabia muito bem o que aconteceria ali, não seria a primeira vez muito menos a última, por isso levou o notebook assim que todos se distraissem subiria ao terraço e ficaria ali simplesmente escrevendo, não seria diferente dos amigos por que não estudaria, mas não seria igual a eles, afinal odiava beber, sentou-se na cadeira do terraço esticou as pernas sobre a mesa a sua frente e ficou ali, ás vezes ouvia umas vozes ao longe, provavelmente alguns dos amigos que já começaram a ficar bêbados.
"Tudo bem", pensou consigo mesma. "Não seria a primeira vez que isso acontecia"
Abriu o word, mas não sabia muito bem o que escrever, encarou a tela do notebook olhou as estrelas, ou melhor, as poucas estrelas que tinha no céu, mas poderia se considerar sortuda pois uma lua amarela e sombria brilhava acima dela.
Viva ao céu de São Paulo.
Nenhuma palavra veio, a follha continuava em branco, palavras que não apareciam, sentimentos que pouco surgia, pensou em desistir fechar o notebook e descer, ouviu mais uma gritaria vindo lá de baixo imaginou a algazarra que estaria ali, reconsiderou, veio-lhe a ideia de fazer o texto sobre a solidão que experimentava naquele momento...
"A sombria lua e as pequenas estrelas que brilham no céu são minha únicas companhia..."
Apagou, parecia obscura demais.
- Posso me sentar aqui? - Perguntou uma voz que conhecia muito bem, ele já estava se sentando apesar de ainda não ter o consentimento dela.
- Acho que sim.
- O que você está escrevendo? - Ele olhou para a tela do computador, mas não tinha nada escrito, a folha em branco foi sua resposta.
- Não estou escrevendo nada.
- Mas você escreve não é? - Ela o encarou e viu um pequeno sorriso em seus lábios, o rapaz lhe deu uma cerveja que ela pegou, analisou e depois de um tempo colocou em cima da mesa - Esqueci que você não bebe. Desculpe.
- Não, sem problemas. - Seu coração estava acelerado, mais uma vez acabava perdendo o controle de si, sempe que ele estava perto não sabia como agir, ou o que pensar, acabava fazendo a coisa que mais odiava, pensado nele mais que em si mesmo.
- Então eu posso ler?
- O que?
- Os seus textos.
- Como sabe que eu escrevo?
- Você está aqui em cima.
- Mas eu poderia muito bem está estudando, e você parece ter uma certeza incrivel que eu estaria escrevendo. - Ele estava tomando um gole da sua cerveja e sorriu.
- Você me pegou, na verdade sua amiga me disse que escrevia. Então eu posso ler?
- Não...
- Por que não?
- Por que eles são ruins.
- Que tal eu mesmo decidir sobre isso? - Mais um sorriso divertido tomou conta de seus lábios, ela odiava quando ele sorria de tal maneira, naquele momento teve vontade de lhe entregar seu notebook e deixar que ele lesse tudo, por que com aquele sorriso, sim, ele poderia conseguir qualquer coisa dela e aquilo era injusto demais.
- Mas eu sei que não irá gostar.
- Ou talvez... Você esteja escondendo os contos eróticos que escreve. - Ela deu uma grande gargalhada e parece que ele se divertiu com isso.
- Minha amiga falou meus podres mais uma vez? Melhor parar de falar as coisas para ela.
- Ela disse que antigamente você fazia romance gay, mas não pensei que fosse sério. - Ele deu uma pequena gargalhada - Posso ler esse?
- Esse já foi apagado há muito tempo.
- Você não vai deixar eu ler nada?
- Não.
- Ela também me disse que você só deixa ler seus textos quem você confia. Quem já os leu foi sua mãe e algumas amigas suas. Você não confia em mim?
- Confio.
Era verdade, ela confiava nele mais que tudo, afinal havia dado a ele mesmo que sem perceber um dos seus bens mais preciosos, seu coração, porém seus textos não, não poderia mostrar por que ela tinha medo... De que enfim ele descobrisse a verdade, que quando ele lesse o primeiro paragráfo, o percebesse ali.
- Então?
-Não posso. Não ainda. Você...
- Está escondendo algo de mim? Quem sabe que em seus textos tenha alguma confissão para mim. - Ele brincava, mas acabará de acertar em cheio.
- Um dia lerá.
- Eu sei, não vou insistir mais, então até mais escritora misteriosa. - Ele levantou-se, pegando as duas garrafas de cerveja que tinha sobre a mesa - Esperarei pelo dia em que você confie seus textos a mim.
Ela sorriu, esse dia quando chegar enfim ele descobrirá sobre seu amor, afinal em seus textos lerá sobre o amor que Ana realmente sente, sobre o garoto com um sorriso encantador que tem seu coração. Naquele momento André não poderia ler seus textos por que eles seriam uma confissão, em cada palavra, em cada paragráfo e até mesmo em cada titulo o rapaz existe ali, com sua existência simples, com seus sorrisos, sua essência e seu charme encantador dominando completamente o mundo da pobre moça, fazendo com que escreva as coisas mais intimas que pensa, ele não poderá ler seus textos, por que ao fazer conhecerá mais ela, derrubará as paredes que sempre esteve erguendo e descobrirá sobre o amor que sempre esteve encobrindo, por isso que no momento ele não poderá ler, apenas saber sobre eles.
A lua se escondia sobre uma nuvem, a garota tornou a abrir o word e começou a escrever, mais uma vez sobre os sentimentos que sentia, escrevia sobre uma escritora e seu amado que era impossibilitado de ler os seus textos.
|