Não sei que tipo de tempo eu ocupo em você, não sei se sou ao menos uma lembrança que não morreu em você. Pode não fazer sentido para ti, nem para ninguém que nos conheceu nos últimos dez anos das nossas vidas, mas, para mim, faz, porque por um tempo muito especial, a pessoa que mais esteve comigo foi você. Lembra-se de quando dividíamos o lanche nos passeios de colégio? Você levava uma parte e eu completava com a minha, éramos pessoinhas simples... Eu tenho poucas pessoas a considerar amigos, muitas pessoas aqui acham que viajei ao menos... Sei lá alguns anos atrás, quando me reencontram numa dessas ruazinhas pacatas daqui, ficam espantadas. Você é diferente hoje, quero dizer, acho que é. Mas, um dia compartilhamos das mesmas ideias... Desculpe-me se a fiz pôr sua cabeça para selecionar coisas que talvez seja um arquivo morto, difícil de se encontrar. Desculpe-me se esta declaração for injusta...
Um dia toda menina pensa em se casar e ter os seus filhos, eu penso -muito-, sobretudo em ser mãe, embora essa ideia me assuste um pouco- a gravidez e o momento de sofrer- refiro-me. Quando a ideia me surgiu um dia, obviamente que pensei em você como madrinha da Mylena - pois é já tenho o nome- Mais de uma década depois, ela não existe ainda, e lamentavelmente, a nossa relação que foi especial, hoje parece que se tratava de duas pessoas completamente diferentes de nós. Como foi que deixamos isso acontecer? Pergunto-me sempre. Porém, penso que a madrinha da minha filha não poderia ser outra que não você. Dói-me ver que a distância e a formalidade compõem a nossa atual relação. Você é minha "irmã" ainda. Tenho esperança de reconstruir esse laço. Tenho saudade de ser criança por muitas coisas e sensações, mas, também porque nesta época você entrou em minha vida. Você faz uma falta imensa para mim, saiba.
MAIO. 2013.
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