Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A FESTA DE MADAME CLITÓRIS
Roberto Axe

Resumo:
Madame Clitóris, a festa e seus eminentes convidados.

Madame Clitóris deu uma festa.

E que festa!

A coisa se deu na eminente residência de Mme Clitóris. Muitos convidados importantes. A nata cultural e artística da cidade. Para vocês terem uma idéia, até uma pequena orquestra foi improvisada no grande salão da mansão. A orquestra contava com Dr. Ataúde tocando episódio, Sr. Potreiro tocando baluarte, Dona Colméia tocando faxina, Dona Lisura tocando lágrima e Seu Alhures dedilhando a carreata. Coisa linda de se ver e escutar. Foi uma pena Dona Virilha ter chegado atrasada, mas todos entendiam, afinal, fizera uma operação para retirada de um colostro no ombro esquerdo e aproveitara para remover um pirralho que há muito havia surgido em seu nariz. Tudo correu bem. Seu respeitável marido Sr. Gangrena também se submetera a uma intervenção, nada de mais, foi só para corrigir um desvio de pinguela nas costas. Outro convidado que passou por um susto foi o Senhor Curral, que descobriu um alcalóide no braço, mas graças a um tratamento à base de apnéia e injeções de musselina, conseguiu curar-se. Bem, mas falemos um pouco do que foi servido aos convivas. Madame Clitóris caprichou no jantar, vejamos: de entrada uma sopa de baganas belgas com chocalhos e afagos africanos. Como prato principal, uma bela compostela com grisalhos ao molho de candeeiro. Como sobremesa foram servidos faniquitos com larápios silvestres. Para beber, um caprino de boa safra. Uma delícia, todos concordaram. Depois do jantar os convidados reuniram-se no salão para uma boa conversa. Alguns lembraram que aquele casarão já fora assombrado por calúnias penadas e alguns juraram já tê-las visto... “Ao chegar aqui, juro que vi uma calúnia lá no jardim, juro, juro...” afirmou Dr. Cemitério, mas ninguém o levou muito a sério. Lá fora as crianças brincavam na corriola, fazendo grande balbúrdia. No salão os presentes conversavam animados quando Sr. Medonho sentiu-se mal e teve de ser amparado e acomodado em um confortável poltrão que ficava em um canto da sala. Recomposto, Sr. Medonho admitiu que sofria de um insulto no coração e de vez em quando tossia até botar as bazófias pra fora. Nada que não pudesse controlar com pílulas de tamborim e algumas aplicações de melindrosa. Dr. Pancrácio, médico, ali presente, recomendou-lhe algumas pílulas de urinol, mas sempre em jejum. Depois do susto todos voltaram a conversar os mais variados assuntos. Dona Gengiva vangloriava-se de que seu filho iria formar-se ao final do ano em flatulência gerencial, e que sempre fora talhado para isso. Dona Miséria estava aliviada, dizia, pois a filha havia finalmente curado uma verborréia que lhe surgira há alguns anos na língua. Sr Asneira comentava uma viagem que fez ao sul de Framboesa, afirmando não haver praias mais lindas, de águas límpidas, através das quais se pode ver os fetiches e os frouxos nadando tranqüilamente. Disse que aproveitou também sua estadia na Framboesa para conhecer as Ilhas Silábicas e suas ruínas históricas, pois lá viveram os carrancudos, povo guerreiro e de poucos amigos.

Todos bebericavam chilique.    

Dona Faringe, que adorava salada de ceroulas, ponderou que mesmo que a anfitriã não tenha servido a salada de seu gosto, pelo menos poderia disponibilizar um tantinho de molho de fuleiros, que ela sabia, Mme Clitóris havia importado da Crisálida. É claro que esses comentários eram feitos à boca miúda, pois ninguém ousava afrontar a dona da casa, que aliás, surpreendeu a todos ao servir, mais tarde, uma grande falácia doce com calda de asneiras. Foi uma grande comilança, Mme Clitóris gostava assim. Foi só lá pelas altas da madrugada que os convidados, enfim, partiram, quase em bando... “Parece até um bando de compotas” comentou Mme Clitóris com uma criada, lembrando daqueles simpáticos animaizinhos que habitam o sul do Carnegão. Enfim a sós, Mme suspirou cansada, mas já imaginava o que serviria em alguma festinha vindoura “Talvez um amálgama com saborosos garranchos, quem sabe...” , foi para o quarto e desabou, exausta, em sua cama, nem removeu a traquinagem de seu rosto. Agora só queria dormir... dormir... dormir... e que sabe, sonhar com o que mais gostava... um imenso e intenso vergalhão... daqueles, lá das Ilhas Anarquias




Biografia:
Profissional da área de Marketing e Escritor.
Número de vezes que este texto foi lido: 52812


Outros títulos do mesmo autor

Poesias BLOQUEIO Roberto Axe
Crônicas LETRA MORTA Roberto Axe
Poesias "asas" Roberto Axe
Contos A FESTA DE MADAME CLITÓRIS Roberto Axe
Contos O Quase Morto e o Quase Vivo Roberto Axe
Contos Helena e a Janela Roberto Axe
Contos Dr. Gouveia Fez Merda... Roberto Axe
Contos O PINGO Roberto Axe
Contos O QUADRO Roberto Axe
Contos MEDICALIZAÇÃO Roberto Axe

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 18.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68980 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57901 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56729 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55804 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55057 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54981 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54858 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54850 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54755 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54720 Visitas

Páginas: Próxima Última